A base é a parte mais forte e sólida de tudo e em todos os lugares do planeta. A base da pirâmide socioeconômica é composta por bilhões de pessoas em todo o mundo, enfrentando desafios significativos, como pobreza, falta de acesso a serviços básicos e oportunidades limitadas de emprego. Eu até poderia chamar de favela, mas não, vou ampliar o discurso. As pessoas não entendem que, quando eu falo de consumo da favela, é uma forma de chocar mesmo.
Em geral, consideramos que consumo consciente e responsável é sempre o nosso – o dos outros é desnecessário. Mas a real é que quem consome produz e esse é o foco central. A capacidade de produzir para então consumir o que deseja ou necessita precisa ser valorizada. Essa capacidade de produzir para o asfalto diminui a cada dia, na medida em que esses e essas moradoras da base começam a perceber que podem empreender, que existem novas ferramentas, que o mundo está mudando e que outras formas de se manter estão ficando mais evidentes.
Por isso eu acredito no empreendedorismo na base da pirâmide como forma de impulsionar os territórios e seus moradores. De incluí-los definitivamente na narrativa e contexto do desenvolvimento do país, e não apenas no breve reconhecimento do discurso dissimulado de alguns, ou no carinho sem fim de gente de boa vontade.
Falar sobre empreender na favela é falar sobre o desenvolvimento do Brasil. Aliás, não vou falar da favela. Mas da base da pirâmide onde se encontram todos os favelados e 78,4% da periferia. Hoje é moda falar em empreender na favela. Mas há 30 anos eu era chamado de mercenário por defender o que defendo hoje.
Defendo o empreendedorismo como Caminho para a Inclusão e diminuição das desigualdades porque gera renda e riqueza.
Empreendedorismo em escala
O empreendedorismo na base da pirâmide em escala é a chave para os indivíduos superarem a pobreza e a exclusão social. Não dá pra ficar com devaneios e criar a ilusão de que não vivemos no capitalismo. Porém, existem muitos desafios, como criar escolas de negócios em favelas que sejam capazes de fornecer as ferramentas necessárias, como treinamento em habilidades empreendedoras, acesso a financiamento e suporte técnico. E assim capacitar os empreendedores de baixa renda a iniciar e gerir seus próprios negócios.
Isso não só aumenta sua renda e segurança financeira, mas também os integra à economia formal, promovendo a inclusão social e a redução das desigualdades, como mencionei.
Poderia enumerar três mil itens aqui. Mas prefiro reforçar que esses empreendedores são agentes de mudança e inovação, identificando problemas e necessidades em suas quebradas e oferecendo soluções criativas e adaptadas às suas realidades. Eles estão em uma posição única para entender as demandas e encontrar oportunidades de negócios negligenciadas por empresas tradicionais e, claro, por gestores públicos, sem deixar de reconhecer muitas iniciativas importantes.
E por tudo isso acredito que é uma das formas de garantir que todos tenham a oportunidade de prosperar em territórios perdidos como pontos definitivos de escassez, mas que podem ter abundância.
Por: Celso Athayde