Registro de temperaturas recordes é a possível explicação para aumento de atividades relacionadas à instalação e manutenção de equipamentos, como ar-condicionado

Pouco mais de uma década separa dois grandes eventos internacionais sobre desenvolvimento sustentável realizados no Brasil: a Rio +20 e a COP 30. Nesse período, a emergência climática tomou conta das agendas globais, mas também se impôs no dia a dia da economia e dos empreendedores brasileiros. Levantamento feito pelo Sebrae a partir de dados da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) mostra que, de 2012 a 2024, o número de novos pequenos negócios abertos para operarem com instalação hidráulica e sistemas de ventilação e refrigeração (CNAE 43.22-3) saltou de 8.991 – sendo a maioria, 7.050, de microempreendedores individuais (MEI) – para 26.854 pequenos negócios (24.069 MEI), o que representou um crescimento de 200%.

Este ano, somente entre os meses de janeiro e março, já foram registrados 10.500 pequenos negócios na atividade, segundo o painel Data Sebrae.

Para a analista de Competitividade do Sebrae Nacional Juliana Borges, a possível causa desse aumento significativo de pequenos negócios na atividade está na crescente demanda da população por conforto térmico e pela conservação adequada dos alimentos diante das altas temperaturas.

Os efeitos das mudanças climáticas na natureza são visíveis e isso se reflete na vida das pessoas e, consequentemente, na dinâmica da economia.”
Juliana Borges, analista de Competitividade do Sebrae Nacional.

O ano passado foi o mais quente da história, com elevação da temperatura média global acima do limite de 1,5º. No Brasil, de acordo com o pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o verão 2024-2025 foi um dos mais quentes desde 1961.

Futuro dos negócios

Juliana acrescenta que as mudanças climáticas já impactam o futuro dos negócios há muito tempo, conforme indica o monitoramento dos limites planetários para a sobrevivência da humanidade, realizado pelo Centro de Resiliência de Estocolmo, na Suécia. Segundo ela, o assunto foi priorizado nas discussões do Acordo de Paris, considerado o mais importante pacto climático global da atualidade, firmado em 2015, durante a COP 21, na capital francesa. E, cada vez mais, tem sido referenciado nos diálogos sobre o assunto, pois os desafios climáticos foram agravados.

A analista do Sebrae Nacional acrescenta que, no Brasil, o uso de equipamentos no país pode chegar a 15 anos, sendo que nos pequenos negócios o uso de equipamentos de segunda mão para refrigeração e climatização é bem comum, podendo extrapolar essa média de uso dos equipamentos em até 10 anos.

Diagnóstico recente feito pelo Sebrae aponta que a verificação da eficiência e bom uso de equipamentos de climatização e refrigeração são aspectos fundamentais na saúde financeira de pequenos negócios.

Por Cibele Maciel