O projeto vai contra a recente declaração do governo chinês, feita em conjunto com os Estados Unidos, na qual ressalta a sua determinação “em acabar com a poluição plástica”
Há cerca de duas semanas, Estados Unidos e China divulgaram uma declaração conjunta, chamada de Declaração de Sunnylands, na qual se comprometem a trabalhar juntos para combater o aquecimento global. No documento, os dois países também mostraram a sua determinação “em acabar com a poluição plástica”, porém, uma parceria firmada entre a China e a ExxonMobil provavelmente coloca esse plano em risco.
Conforme relatado pelo GreenBiz, um complexo petroquímico multibilionário – estimado em US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 49 bilhões) – está sendo construído na província de Guangdong para atender à crescente demanda por produtos à base de polímeros nas indústrias automotiva, agrícola e de consumo. A previsão é que esteja funcionando até 2025.
Em comunicado, a ExxonMobil, que no ano passado anunciou que pretende atingir zero emissões líquidas de gases do efeito estufa para seus ativos econômicos até 2050, informou que o parque industrial incluirá um steam cracker (um grande forno que “quebra” insumos petroquímicos em gás) com capacidade de 1,6 milhão de toneladas por ano. Em todo o mundo, esses equipamentos geram cerca de 260 milhões de toneladas de emissões por ano.
Emissões da indústria plástica
Anualmente, a produção de plásticos contribui com cerca de 3,3% das emissões globais. Mais de 90% provêm da conversão inicial de combustíveis fósseis em plásticos, exatamente o que será feito na nova fábrica chinesa.
A China, em 2021, produziu cerca de 80 milhões de toneladas do material. E um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2019 calculou que o país reciclou apenas 13% dos seus resíduos plásticos – o restante acabou incinerado, enterrado em aterros ou descartado como lixo.
Como analisa o GreenBiz, a decisão do governo chinês de dar prioridade à produção esmaga os esforços para a implementação de políticas eficazes relacionadas com os plásticos – e, de quebra, ainda coloca em risco o acordo com os Estados Unidos.
Texto: Um só Planeta