quinta-feira,28 novembro, 2024

Notebooks e celulares começam a chegar às lojas com inteligência artificial. Veja o que eles têm de diferente

Criar uma imagem em poucos segundos com um comando de voz, gerar uma apresentação completa em PowerPoint a partir de dados desorganizados ou ter tradução simultânea durante uma videoconferência.

São as facilidades que os sistemas de inteligência artificial (IA) generativa já podem entregar, na ponta dos dedos de usuários de celulares e computadores preparados para processar uma enorme quantidade de dados em alta velocidade.

Fabricantes desses dispositivos começam a lançar modelos reforçados, que já são vendidos com sistemas de IA embarcados. O movimento ganha força no Brasil a partir do mês que vem, quando está prevista a chegada de uma série de novos notebooks, tablets e celulares, todos com a promessa de proporcionar as novas experiências da IA aos consumidores.

A estratégia é peça-chave para as companhias de hardware elevarem as vendas no país, em queda desde o ano passado.

União entre hardware e software

A nova fase de popularização dessa tecnologia combina hardware e software com equipamentos dotados de processadores de última geração e núcleos dedicados a otimizar tarefas de IA. É isso que permite maior velocidade a computadores e smartphones na hora de gerar imagens, vídeos e textos por meio de soluções de IA, como o ChatGPT, da OpenAI, ou o Gemini, do Google.

Dados da consultoria Gartner apontam que celulares e laptops com IA generativa devem alcançar 22% dos produtos do gênero vendidos este ano. Para a IDC, até o fim de 2026, 80% dos novos PCs para uso comercial também incluirão chips dedicados a IA. Para os celulares, a previsão da consultoria é de um em cada três lançamentos com aplicativos de IA embarcados até 2027.

Na última semana, essa corrida acelerou ainda mais com a Nvidia anunciando o seu novo chip Blackwell, e a Qualcomm apresentando os processadores Snapdragon 8s, além do 7+ Gen 3.

Todos são capazes de realizar tarefas como reconhecer fala, criar vídeos tridimensionais e dar suporte a diversos modelos de linguagem desenvolvidos por companhias como Meta, Google e OpenAI com a tecnologia de IA generativa.

A Dell acaba de lançar no Brasil os modelos de notebooks XPS13 e XPS 16 (na foto), que contam com processador de IA da Intel e placa da Nvidia — Foto: Divulgação
A Dell acaba de lançar no Brasil os modelos de notebooks XPS13 e XPS 16 (na foto), que contam com processador de IA da Intel e placa da Nvidia — Foto: Divulgação

Isso inclui o recém-anunciado Sora, o aguardado sistema de geração de vídeos da OpenAI que gera filmes realistas de até um minuto a partir de textos descritivos.

— Todo mundo quer estar nessa onda. Esse movimento começa com os produtos mais premium, mas a expectativa é que, ao longo do ano, essas inovações cheguem a itens intermediários — afirma Reinaldo Sakis, diretor de Pesquisa da IDC para América Latina.

Aplicações em desenvolvimento

Na semana passada, a Apple iniciou as vendas no Brasil do MacBook Air com o chip de inteligência artificial M3, com suporte para que os usuários executem aplicativos como o Microsoft Copilot, assistente virtual inteligente lançado com a atualização do Windows 11 integrando tecnologia da OpenAI; o Adobe Firefly, versão com recursos generativos do Photoshop; e o Canva, plataforma de design gráfico.

Dell também iniciou as vendas nesse segmento com seus modelos XPS 13 e XPS 16. Nicole Benvegnú, gerente de Produtos da Dell Technologies no Brasil, explica que o desenvolvimento de plataformas e funcionalidades da IA está a cargo dos desenvolvedores. E cita como exemplo a criação de imagens com comandos do usuário de laptop ao Copilot:

— Num primeiro momento, o maior volume de recursos de IA e o melhor desempenho devem estar disponíveis nos equipamentos com configurações mais completas. A incorporação dessas funcionalidades em mais modelos deve ser acelerada conforme o crescimento da demanda.

Após anunciar o processador de IA Core Ultra em fevereiro, a Intel prevê o lançamento por aqui, em abril, de diversos laptops mais robustos de marcas como Samsung, Positivo, Acer, Asus, Lenovo, Dell e Multi. A expectativa é que até 2025 sejam vendidos 100 milhões de PCs com inteligência artificial no mundo.

— Estamos em um momento como no início da internet. Teremos ainda muitas novas funções, que hoje nem imaginamos. Por isso, estamos criando um ecossistema com mais de 100 empresas de software — diz Carlos Augusto Buarque, diretor de Marketing da Intel Brasil.

A Qualcomm, que anunciou no fim do ano passado o processador de IA específico para notebooks Snapdragon Elite, também quer ganhar espaço no Brasil.

Segundo Luiz Tonisi, presidente da empresa para a América Latina, os primeiros modelos de laptop com IA que chegam ao país ainda neste ano vão permitir a geração de imagens processadas nos aparelhos sem a necessidade de estarem conectados na internet, assim como reconhecer a face do usuário, o que já ocorre com os smartphones.

O áudio terá sistema de cancelamento de ruído, que neutraliza o barulho do ambiente, recurso também presente hoje em celulares.

MacBook Air, da Apple, com o chip de inteligência artificial M3, já começou a ser vendido no Brasil — Foto: Divulgação
MacBook Air, da Apple, com o chip de inteligência artificial M3, já começou a ser vendido no Brasil — Foto: Divulgação

— O importante é pensar: para que você precisa disso? O que vai fazer? O celular e o notebook serão o seu IA pessoal — diz Tonisi.

‘Hub’ de desenvolvedores

Tonisi lembra ainda que a empresa está criando um hub de IA, uma plataforma aberta com mais de 80 modelos para que desenvolvedores criem aplicativos com base na nova tecnologia. Ou seja, a ideia é desenvolver apps de geração de voz, imagem e som com utilidades como tradução automática e geração de voz e imagem para diversos usos.

— O hub é uma espécie de sistema aberto, de forma a criar um ecossistema com variadas aplicações. Isso é essencial para permitir a IA no dia a dia do consumidor de forma acessível — afirma.

Outra que acelera os planos é a Samsung, que se associou ao Gemini, tecnologia de IA do Google com a qual a Apple também flerta. Recentemente, a coreana anunciou o S24 com IA. Gustavo Assunção, vice-presidente sênior da empresa no Brasil, diz que os recursos de IA chegarão ainda ao S23, aos dobráveis Z Fold5 e Z Flip5, e ao tablet S9.

— A IA é o avanço tecnológico mais importante que tivemos em mais de uma década. Além de criar conteúdo, que pode ser imagem, música, texto ou até vídeo, de forma automática e personalizada, a experiência do usuário será aprimorada — empolga-se.

5G: Conheça os primeiros smartphones vendidos no Brasil aptos à nova rede

iPhone 13 5G da Apple é apto à nova frequência 3,5 GHZ do 5G e tem preço a partir de R$ 6.299 — Foto: Jeenah Moon / Bloomberg

Modelos da Samsung, Apple, Motorola, Xiaomi e Realme já tem a frequência de 3,5 GHz que suporta a 5G

O notebook Book4 da Samsung, cujas vendas globais começaram em fevereiro, chegará em breve ao Brasil, prevê Assunção. Ele conta que o laptop tem mais de 100 fornecedores independentes de softwares de IA:

— A criação de imagens e vídeos a partir de comandos é uma área em constante evolução. Queremos trabalhar com soluções que vão permitir aos usuários criar curtas, animações e até mesmo vídeos interativos, tudo por meio de comandos simples. Mas estamos empenhados em implementar a IA de uma forma sustentável e ética.

Vídeo é um novo desafio

Apesar da popularização de imagens com IA, David Feng, vice-presidente e gerente-geral do segmento comercial da Intel, diz que a geração de vídeos em sistemas com o Sora é algo ainda mais complexo:

— Os equipamentos precisam de mais capacidade para poder gerar vídeos. Gerar uma imagem leva de 1 a 2 segundos, pois tudo é feito no aparelho, sem a nuvem. No caso da geração de vídeo, ainda é preciso ter a nuvem. Mas em IA tudo é rápido.

Por Bruno Rosa

Redação
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