A companhia de cruzeiros de aventura Hurtigruten Norway revelou planos para uma embarcação elétrica, com emissões de carbono zero e velas retráteis cobertas por painéis solares, que deve entrar em operação em 2030, mostra reportagem da CNN.

Atualmente, a empresa norueguesa tem uma frota de oito navios, com capacidade para 500 passageiros cada, que viajam ao longo da costa norueguesa de Oslo até o Círculo Polar Ártico.

A nova embarcação terá seus painéis solares abastecidos pelo sol que brilha 24 horas no verão norueguês.

– ‘Seremos superalimentados pelo sol da meia-noite – disse Gerry Larsson-Fedde, vice-presidente sênior de operações marítimas da Hurtigruten Norway.

De acordo com a CNN, a empresa vem buscando soluções de transporte sustentável há tempos. Em 2019, lançou o primeiro navio de cruzeiro híbrido e alimentado por bateria do mundo. Atualmente, a companhia de cruzeiros de aventura está em processo de converter o resto de sua frota de expedição para energia híbrida de bateria.

Ao longo dos próximos dois anos, a Hurtigruten Norway testará as novas tecnologias antes de finalizar o projeto em 2026, com intenção de iniciar a produção no estaleiro em 2027.

O primeiro navio com emissões zero deve começar a navegar em águas norueguesas em 2030. Depois disso, a empresa espera transformar gradualmente toda a sua frota em embarcações de emissão zero.

Inspiração para o setor marítimo

Embora seja uma empresa relativamente pequena, a Hurtigruten Norway espera que essa inovação “possa inspirar todo o setor marítimo”, afirmou a CEO da companhia, Hedda Felin, em entrevista à CNN.

O projeto está sendo chamado de “Sea Zero” e foi inicialmente anunciado em março do ano passado. Desde então, junto de 12 parceiros marítimos e o instituto de pesquisa norueguês Sintef, a Hurtigruten Norway vem explorando soluções tecnológicas que podem levar a viagens marítimas livres de emissões de CO2.

A embarcação resultante do projeto funcionará predominantemente com baterias de 60 megawatts que podem ser carregadas nos portos, com energia limpa.

Responsável pela ideia de um navio de emissão zero, Larsson-Fedde calcula que as baterias terão um alcance de 300 a 350 milhas náuticas. Isso significa que, durante uma viagem de ida e volta de 11 dias, a embarcação teria que ser recarregada cerca de sete ou oito vezes.

A empresa explica que, para reduzir a dependência das baterias, quando estiver ventando, três velas retráteis sairão para fora do convés, atingindo uma altura máxima de 50 metros.

Elas podem ser ajustadas de forma independente, encolhendo para passar sob pontes ou mudando seu ângulo para pegar mais vento, como explicou Larsson-Fedde.

270 cabines e quase cem tripulantes

Como mostra a reportagem da CNN, as velas serão cobertas por painéis solares que gerarão energia para recarregar as baterias durante a navegação. Os níveis de bateria serão exibidos na lateral do navio.

A embarcação terá 270 cabines com capacidade para acomodar 500 convidados e 99 tripulantes. Sua forma simplificada resultará em menos resistência ao ar, ajudando a reduzir ainda mais o uso de energia. A bordo, os passageiros podem minimizar seus próprios impactos climáticos por meio de um aplicativo móvel interativo que monitora o consumo pessoal de água e energia.

O objetivo, diz Larsson-Fedde, é tornar os passageiros mais conscientes da quantidade de energia que usam quando ficam dez minutos a mais no chuveiro ou usam o ar condicionado o tempo todo.

Transporte mais ecológico

O transporte marítimo foi responsável por 3% das emissões globais de gases de efeito estufa, de acordo com a Organização Marítima Internacional (OMI), órgão da ONU que regula o setor. Em 2018, a OMI introduziu uma meta para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa da indústria em pelo menos metade até 2050.

A meta trouxe uma nova onda de projetos para embarcações de navegação ecologicamente corretas. Mas a maior parte desses projetos também dependerá de motores que usam os combustíveis fósseis.

Embora o projeto da Hurtigruten Norway tenha um motor de reserva por razões de segurança, se necessário, este vai operar apenas com combustíveis verdes, como amônia, metanol ou biocombustível.

Fonte: Redação o Globo