Todos somos criativos. Todos somos capazes de criar, sermos originais e inspiradores, ao próprio modo. Contudo, são pouquíssimos de nós que realmente colocamos em prática esse mesmo dom que nos torna tão humanos. Por quê? Por conta de “resistências”, segundo Pressfield em “The War of Art” (não é aquele de estratégia militar chinesa).

Segundo o renomado autor, são essas resistências que tomam forma de procrastinações sobre procrastinações e de sabotagem por cima das suas ações não tomadas por insegurança.

Quando a ideia de escrever um texto aparece? Lá está a resistência dizendo que você não tem nada a dizer. Quando tem a ideia de um produto e deseja abrir um novo negócio? Lá está o fantasma da auto-preservação desordenada o desencorajando porque “é muito arriscado” ou “vai dar muito trabalho”. 

Aquele mesmo, na terça-feira subsequente à segunda que você tomou a decisão de iniciar a sua alimentação saudável, que te encoraja a comer a sobremesa sob o pretexto de “estou merecendo”. Uma indulgência momentânea que, no longo prazo, lidera somente à letargia, para que esqueçamos das nossas aspirações criativas.

Se deixarmos que as “resistências” nos dominem acabaremos amargos e não realizados. Adolf Hitler queria ser um artista plástico quando jovem. Para ele, foi mais fácil começar a Segunda Guerra do que encarar uma tela em branco.

Gary Vaynerchuk (CEO da VaynerMedia) aponta, de certa forma, essa mesma insegurança em seus conteúdos nas redes sociais e praticamente todas as suas palestras. As pessoas deixam de produzir conteúdo de valor e espalhar a sua mensagem por receio do julgamento alheio e por uma série de outras resistências.

Não há como negar e nem como fugir: todos temos toda a informação que quisermos instantaneamente através da Internet. Não colocamos nada em prática por essa ânsia, esse medo e indisposição à exposição da própria imagem aos julgamentos alheios.

A tese de ambos, Gary Vee e Steven, sobre como derrotar esse demônio do meio-dia é, também, similar e terrivelmente simples.

Devemos abraçar essa ansiedade. Pressfield, no seu livro supracitado, diz que a dúvida de si mesmo e a insegurança são reflexos do amor. Amor a algo que sonhamos em ser e fazer. “ ‘Sou eu realmente um artista?’; ‘Sou eu um escritor?’ Se você se faz essa pergunta (e aos seus amigos), você provavelmente é. O seu eu inovador criativo está tremendamente confiante. Já o seu eu da vida real, se tremendo de medo.”

Medo esse que é o nosso maior e melhor indicativo do que devemos fazer. “The more scared we are of a work or calling, the more sure we can be that we have to do it.” Quanto maior o nosso medo, mais podemos ter certeza que é o certo a se fazer. Seja fazer upload do seu post mais recente, abrir o seu próprio negócio ou chamar aquela moça linda para sair (ou perguntar se ela quer se casar com você).

Escrever é fácil — escrever bem é outra história. Difícil é sentar em frente ao teclado e digitar.

Deixemos que as resistências sejam nosso guia para nossa realização como seres humanos criativos e inspirados que somos. Esses obstáculos existirão ao longo do caminho.

Está em nossas mãos a escolha de ouvir os gritos da realidade que nos chama a sairmos de nós mesmos e a enfrentarmos os gigantes que nos apontam as direções e fardos mais felizes que poderíamos algum dia tomar sobre nós. Ou ainda, a escolha de viver uma amarga velhice de uma vida desperdiçada.