sexta-feira,22 novembro, 2024

Na carreira ou no consumo, a sustentabilidade (ainda) é luxo

Comprar uma escova de dente de bambu, fazer feira de vegetais orgânicos e ter um carro elétrico, como se sabe, não são opções para todo mundo. 

Uma pesquisa recém-publicada pela Deloitte constata que as pessoas que se identificam como de baixa e média renda têm menor acesso a alternativas de produtos sustentáveis em comparação às de alta renda, o que resulta em menor engajamento prático com a causa climática. E o acesso desigual a um estilo de vida sustentável não se aplica apenas às opções de consumo. A vida profissional também é afetada, segundo o estudo. 

E não é que as pessoas não se importem: entre todos os 24 mil participantes da pesquisa, distribuídos por mais de 20 países, 68% veem a mudança climática como emergência e mais da metade diz ter mudado suas ações. “Mas é que, para muitos, a escolha sustentável simplesmente não é uma escolha”, aponta o estudo. 

A pesquisa foi realizada a cada seis meses entre setembro de 2021 e março de 2023, com o maior número de respondentes na América do Norte, na Europa e no Leste e Sul da Ásia. 

Em meio à crise energética na Europa, inflação crescente e incerteza econômica, a Deloitte buscou entender o impacto do cenário macroeconômico sobre o posicionamento climático das pessoas ao redor do globo. Com base nos dados levantados, a consultoria conclui que, mais que o cenário econômico negativo atual,  a (falta de) mudança de comportamentos pode ter suas raízes em desigualdades socioeconômicas mais profundas e sistêmicas.

Além das compras

As desigualdades se refletem sobre ambientes de trabalho e espaços públicos, de acordo com o estudo. 

O chamado climate quitting ganhou espaço no noticiário recente, dando nome aos pedidos de demissão por funcionários que não viam seus valores sociais e ambientais alinhados com os das empresas empregadoras. O fenômeno, no entanto, parece ser opção apenas para alguns, afirma a Deloitte. 

Entre os entrevistados de mais alta renda, 46% disseram ter considerado mudar de trabalho para uma companhia com práticas mais sustentáveis. Entre os que se declaram de baixa ou média renda, essa porcentagem cai para menos de 20%. 

E silenciar sobre o tema não significa estar satisfeito. Questionados sobre já terem conversado com seus supervisores sobre sustentabilidade no trabalho, 24% dos respondentes de alta renda disseram nunca tê-lo feito, contra 62% dos de baixa renda. A percepção de que o empregador não está fazendo o suficiente para o combate às mudanças climáticas é compartilhada por 37% e 77% de cada grupo, respectivamente. 

Texto: Ilana Cardial

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