Nova pesquisa revela que apenas 14% dos líderes empresariais se sentem totalmente preparados para fazer a transição para a IA
Apesar da crescente pressão sobre as corporações para implementarem algum tipo de estratégia de IA no próximo ano, uma nova pesquisa conduzida pela Cisco revela que a maioria dos líderes empresariais carece de infraestrutura, políticas, talento, cultura ou dados para fazê-lo.
A pesquisa AI Readiness Index (Índice de Prontidão para a IA), inclui respostas de mais de oito mil líderes empresariais de organizações com mais de 500 funcionários em 30 mercados.
Os resultados mostram que, embora 97% tenham indicado que a urgência em adotar tecnologias de IA em suas empresas aumentou nos últimos seis meses – com mais da metade prevendo consequências negativas se não agirem –, apenas 14% estão totalmente preparados para fazer a transição.
Estes números evidenciam uma lacuna significativa entre as ambições das empresas em relação à IA e a realidade de suas operações. “Sem dúvida, a IA sacudiu o mercado e forçou as empresas a se adaptarem”, diz Dev Stahlkopf, diretor jurídico da Cisco. “Essas descobertas oferecem uma análise abrangente e oportuna de onde as empresas estão progredindo em termos de prontidão para a IA e onde ainda têm um longo caminho a percorrer.”
A pesquisa avaliou a prontidão das empresas com base em 49 métricas diferentes – desde se estão preparadas para as crescentes demandas de energia necessária para o treinamento e o ajuste dos modelos de IA até se seus funcionários são receptivos à ideia de usar essa tecnologia.
O levantamento revelou que a maioria das empresas está particularmente despreparada em relação à prontidão para dados, com 57% classificadas como tendo preparo limitado ou sendo totalmente despreparadas para as necessidades da inteligência artificial.
Para ilustrar essa falta de preparo: 81% dos entrevistados afirmaram que os dados estão, atualmente, isolados dentro da empresa, o que limita a extensão em que podem ser utilizados pela tecnologia de IA.
GOVERNANÇA E O FATOR HUMANO
Outro obstáculo significativo é a governança desses sistemas, com apenas três em cada 10 entrevistados relatando que contam com políticas e protocolos abrangentes de IA em vigor. Mais de um quarto dos entrevistados, por exemplo, disseram não ter sistemas para detectar vieses de dados. Um em cada quatro admitiram que, mesmo que vieses sejam detectados, não há um processo claro para lidar com o problema.
Isso ocorre apesar do fato de que impressionantes 95% dos entrevistados já possuem uma estratégia de inteligência artificial altamente definida – o que sugere que, embora as empresas estejam avançando para desenvolver novos casos de uso para a IA, talvez não estejam se preparando adequadamente para os riscos associados a ela.
“A urgência em implementar sistemas alimentados por IA não pode ser às custas de uma governança eficaz”, observa Stahlkopf. “Os riscos de implementar a IA são reais, mas são administráveis quando se tem práticas de governança pensadas para facilitar – e não atrapalhar – a inovação.”
Existem também desafios “humanos” que as empresas terão que superar. Apenas 9% dos líderes entrevistados afirmam que a cultura corporativa da empresa está totalmente preparada para a transição para a IA.
Sem surpresa, 82% afirmam que os conselhos de administração e as equipes de liderança são altamente ou moderadamente receptivos à inteligência artificial, mas apenas 68% disseram o mesmo sobre os funcionários.
Para superar esse obstáculo, a Cisco destaca a importância do treinamento e de colocar as pessoas no centro da estratégia de IA de qualquer empresa.
“Ao implementar a IA em grande escala, deve haver foco nas pessoas, para garantir um diálogo aberto para abordar preocupações e ilustrar como a tecnologia pode complementar o trabalho humano, em vez de substituí-lo”, diz o relatório.
Texto: Issie Lapowsky