A escolha foi feita por 37% dos 1.557 entrevistados

Há oito anos, a CAUSE, consultoria em causas e ESG, em parceria com o Instituto de Pesquisa IDEIA, realiza a pesquisa Palavra do Ano Brasil. Na edição de 2023, a eleita foi “mudanças climáticas”, citada por 37% dos 1.557 respondentes de todo o país. Em segundo lugar ficou “resiliência” (14%) e, em terceiro, “conflito” (12%).

As outras finalistas eram “inteligência artificial” (10%), “vulnerabilidade” (6%), “urgências” (5%) e “desinformação” (4%). Todas foram definidas por formadores de opinião atuantes nos campos de filosofia, comunicação e artes e, segundo a CAUSE, conceitos formados por duas palavras foram considerados por sua unidade e significado.

“A escolha da maioria pelo termo ‘mudanças climáticas’ mostra claramente a preocupação dos brasileiros sobre as consequências da degradação desenfreada do planeta. Estamos em uma fase sem precedentes na história, em que a população sente intensamente os impactos de atividades industriais e humanas no clima. O resultado indica que a população deve cobrar cada vez mais de organizações, líderes e decisores ações concretas de enfrentamento à crise climática. É a nossa sobrevivência que está em jogo”, avalia Leandro Machado, cientista político e sócio cofundador da consultoria, em comunicado.

Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa IDEIA, observa que se antes as mudanças climáticas eram um alerta limitado a ecologistas, hoje o problema virou realidade e ganhou voz e preocupação para quase 4 em cada 10 brasileiros. “De norte a sul, a população brasileira de todas as classes, faixas etárias, gênero e regiões sentiu como as mudanças climáticas agora fazem parte do nosso dia a dia.”

Ainda segundo ela, vale também refletir sobre o segundo termo na escolha, resiliência: “Para 14% da amostra, a capacidade de se adaptar em situações difíceis e de encontrar coragem para se recuperar também faz parte do ano de 2023. E finalmente, conflito, uma realidade cotidiana em tempos de polarização e guerra”.

Nós da Comunidade

A pesquisa teve uma outra fase, chamada de Nós da Comunidade. Ela foi realizada nas principais favelas do país, em parceria com a PiniOn, para uma base de 808 respondentes. E o resultado foi o mesmo: “Mudanças Climáticas” em primeiro lugar, com 36%; seguida de “Resiliência” (15%) e “Conflito” (14%).

A CAUSE enfatiza que é preciso considerar que, diante de eventos climáticos e meteorológicos extremos, as perdas e danos causados são ainda mais graves para a população que vive à margem dos grandes centros urbanos, como moradores de favelas e periferias.

Para se ter uma ideia, nos últimos 10 anos, esses grupos morreram 15 vezes mais por secas, enchentes e tempestades, em todo o mundo, do que aqueles que vivem em condições mais seguras. Os dados são do 6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), das Nações Unidas (ONU).

“As consequências do calor excessivo e todos os problemas decorrentes das enchentes no último ano conferem certa previsibilidade para que o termo ‘mudanças climáticas’ também aparecesse em primeiro lugar nas comunidades. As periferias e favelas do Brasil não estão estruturadas para vivenciarem extremos, principalmente pela estrutura urbanística que é quase inexistente, o que torna os efeitos do clima ainda mais urgentes e devastadores”, completa Emília Rabello, fundadora e CEO do NÓS – Pesquisas.

Texto: Redação, do Um Só Planeta