Mato Grosso completa um ano do início da pandemia com 6,6 mil mortes registradas, apenas de 3,6% da população vacinada, fila de espera por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e profissionais da saúde exaustos.
O primeiro caso de Covid-19 registrado no estado foi no dia 19 de março de 2020. Um ano depois, foram mais de 280 mil pessoas infectadas pelo vírus.
Precariedade na saúde: profissionais relatam dificuldades
Mato Grosso já registrou 1,1 mil casos de enfermeiros contaminados pelo coronavírus. Dentre esses, 43 foram mortos em decorrência da doença.
O início da pandemia para a categoria foi marcado pela falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e insumos. Ao logo de um ano, desde os primeiros registros de casos da Covid-19, os profissionais passaram a sofrer com a sobrecarga, devido ao afastamento de colegas
“Desde o início estamos sofrendo. Muitos estão desvalorizados e desmotivados nesse um ano de pandemia. Essa sobrecarga também tem causado problemas psicológicos na equipe. Estamos necessitando de apoio e amparo da população e dos governantes”, disse o enfermeiro e fiscal do Coren-MT, Alcebiades Moreira.
Segundo Alcebiades, alguns profissionais têm trabalhado entre 24 horas a 48 horas sem descanso para conseguir atender a demanda neste período.
A categoria pede aumento nos salários, como forma de motivação, e aceleração na vacinação contra a doença.
“Precisamos da vacinação, pois é a única prevenção conhecida mundialmente para evitar essa contaminação. Medicamentos sem comprovação científica têm se mostrado ineficazes para o tratamento precoce. Necessitamos da vacinação”, disse.
Enfermeiro do Samu, Carlos Nunes Mattos disse que todas as vezes que a equipe fica aflita todas as vezes que sai para atender uma vítima da Covid-19.
“Sabemos que o atendimento será realizado por nós, mas e depois? Para onde encaminhar esse paciente? Todos os lugares, hospitais públicos e privados, UPAs e policlínicas estão lotados e em vagas. Quando não estamos em atendimento ficamos aflito da mesma forma, pois sabemos que colegas espalhados pela cidade estão vivendo essa mesma agonia. Esse é o nosso dia a dia, mas continuamos na luta, juntos até o fim para que outros possam viver”, declarou.
A Coordenadora do Departamento de Gestão do Coren-MT, Flaviana Pinheiro, afirmou que a exaustão física e emocional dos enfermeiros é dos maiores desafios a serem enfrentados durante a pandemia.
“A gente já vinha de uma situação onde o dimensionamento das instituições eram inadequados, e com a chegada da pandemia isso ficou mais complicado. Teve um aumento no número de leitos, profissionais sendo afastados com frequência. A reposição desses profissionais não vem acontecendo na mesma proporção e isso acaba trazendo uma carga no ambiente de trabalho, uma exaustão tanto física como psicológica”, disse.
Em um ano de pandemia:
Foram registrados 282.595 mil casos e 6.641 mortes;
Mais de 13 mil pessoas ficaram em isolamento domiciliar por causa da Covid-19;
257 mil pessoas se recuperaram da doença;
Pouco mais de 3% da população mato-grossense foi vacinada com a 1ª dose e 1,5% com a 2ª dose, que traz a imunidade ao vírus;
As cinco cidades com maior número de mortes foram: Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop e Cáceres, respectivamente;
A taxa de mortalidade por cada 100 mil habitantes em Mato Grosso ficou em 1º lugar no Centro-Oeste e a segunda maior no país;
O estado atingiu o pico de casos duas vezes;
Atualmente, 137 pessoas aguardam na fila por uma vaga em UTI no estado;
Covid-19 nos municípios.
As cidades com maior número de mortes por Covid-19 em Mato Grosso são:
Cuiabá (1.757)
Várzea Grande (730)
Rondonópolis (553)
Sinop (218)
Cáceres (183)
No entanto, levando em conta o número de habitantes, os município que tem as maiores taxas de mortalidade são:
Porto Esperidião (3,24 mortes/mil habitantes)
São Pedro da Cipa (2,96 mortes/mil habitantes)
Cuiabá (2,86 mortes/mil habitantes)
Barra do Garças (2,86 mortes/mil habitantes)
Primavera do Leste (2,59 mortes/mil habitantes)
São José dos Quatro Marcos (2,59 mortes/mil habitantes)
Várzea Grande (2,56 mortes/mil habitantes)
Santo Afonso (2,54 mortes/mil habitantes)
Pontes e Lacerda (2,48 mortes/mil habitantes)
Rondonópolis (2,37 mortes/mil habitantes)
Todos os dez municípios estão com a taxa de mortalidade maior que a média estadual, que é de 1,85 mortes/mil habitantes.
Internações
Desde o início da pandemia, mais de 40 mil pessoas foram hospitalizadas por causa do coronavírus. A taxa foi de 11,54 internações a cada mil habitantes.
Um grande número de municípios tiveram a taxa bem maior que a média do estado. E dez cidades têm a taxa maior que a da capital Cuiabá.
Atualmente, 137 pessoas aguardam na fila por uma vaga em UTI no estado.
Os municípios com maiores taxa de internação são:
Primavera do Leste (28,75 hospitalizações/mil habitantes)
Nobres (19,95 hospitalizações/mil habitantes)
Jaciara (19,62 hospitalizações/mil habitantes)
Rondonópolis (18,19 hospitalizações/mil habitantes)
Barra do Garças (18,06 hospitalizações/mil habitantes)
Paranaíta (16,75 hospitalizações/mil habitantes)
Pedra Preta (16,68 hospitalizações/mil habitantes)
Querência (16,59 hospitalizações/mil habitantes)
Vila Bela da Santíssima Trindade (15,94 hospitalizações/mil habitantes)
MT tem 5ª maior taxa de mortalidade do país
Dados do Ministério da Saúde apontam que Mato Grosso é o quinto estado com maior taxa de mortalidade por Covid-19 no Brasil e o primeiro na região Centro-Oeste. Com 185,3 mortes a cada 100 mil habitantes, o estado fica atrás do Amazonas (281,6), Roraima (208,2), Rio de Janeiro (200,3) e Rondônia (198).
Em janeiro deste ano, o índice estava em 136,1 óbitos a cada 100 mil habitantes. Quase dois meses depois, a mortalidade aumentou em 36% no estado.
Mato Grosso estava na 7ª posição, atrás de outras seis unidades federativas: Roraima, Distrito Federal, Amapá, Santa Catarina, Rondônia, e Tocantins. Atualmente, o estado foi para o 5º lugar no ranking de maiores taxas.
Só 3% da população vacinada
Em Mato Grosso, 3,6% da população, estimada em 3,5 milhões, foi vacinada contra a Covid-19 até a manhã desta sexta-feira (19), segundo os dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), do Ministério da Saúde. Foram 126.280 pessoas vacinadas com a primeira dose.
Após quase dois meses de campanha, 55.413 pessoas tomaram a segunda dose da vacina. Esse número representa apenas 1,5% da população mato-grossense.
Fonte: G1 MT