Com mais de 300 anos de existência, Cuiabá celebra muito tempo de cultura e a música não deixa de fazer parte dessa história. Além dos tradicionais gêneros musicais presentes na capital, o hip hop, ritmo que ainda é hostilizado em algumas regiões do país, vem em uma crescente conquista de público e ganha cada vez mais espaço nos meios culturais.
Um exemplo disso é a Batalha da Alencastro, um movimento cultural que fomenta o hip hop na baixada cuiabana por meio de batalhas de rap entre MCs. Todas as quintas-feiras, a partir das 19h30, os participantes se reúnem na Praça Alencastro para as competições de rima.
A social media responsável pelas redes sociais do movimento, Letícia Leal, conta que as reuniões começaram a acontecer em 2015. Segundo ela, durante todo esse tempo, o local da batalha só foi mudado em algumas raras exceções, como em dias muito chuvosos ou enquanto a praça passava por reformas.
“É um evento totalmente gratuito. Todo mundo pode participar. Por ser no centro da cidade e próximo ao ponto de ônibus acaba facilitando a locomoção para aqueles que têm vontade de conhecer”, diz.
Letícia explica que existem algumas regras de organização para que a batalha aconteça da melhor forma possível, como por exemplo, são reservadas um número de vagas para mulheres e pessoas LGBTQIA+. De acordo com ela, qualquer um que tiver vontade pode participar, basta dar o nome ao organizador que estiver recolhendo no dia. No entanto, são somente oito participantes por noite. Durante o evento é feito um sorteio para apontar esses oito nomes que irão participar, em seguida é feito um segundo sorteio para definir quem enfrentará quem. Cada rima dura em média 45 segundos. O campeão é definido pelo público.
A MC Naia Lima, citada por Letícia, é vice-campeã do duelo mato-grossense.
“Eu amo a batalha da Alencastro e eu amo o que a gente faz. É um movimento cultural legítimo e de ocupação de espaço público. Eu nem sei a quantos anos aquele coreto da praça da Alencastro existe e a batalha da uma função social para o coreto e para a própria praça. É de uma importância gigantesca para a comunidade local. Fora que é extremamente inclusivo. Nosso público é composto em sua maioria por jovens e a cultura tem o poder de transformar a vida das pessoas. Nós estamos acompanhando artistas que estão indo além do lazer e já estão trabalhando no meio”, afirma.
O rap e o hip hop são ferramentas políticas que sofrem com a marginalização e o preconceito. Dessa forma, as batalhas passaram por longos períodos de discriminação social, mas atualmente o movimento conquistou o respeito da população, da Secretaria do Estado de Cultura, da Secretaria Municipal de Cultura e da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso. A Batalha da Alencastro foi a primeira batalha do Estado de Mato Grosso a ser feita de maneira regularmente toda a semana.
Texto: Victória Oliveira
As batalhas de rima ja estao por todo Brasil e cada vez mais ganhando espaço