Amostras da missão Chang’e 6 reforçam a teoria de grande colisão contra nosso planeta
Novas análises das amostras da Lua trazidas pela missão Chang’e 6, da China, reforçam a teoria de que o satélite já foi um pedaço da Terra.
Cientistas chineses publicaram um estudo na última quarta-feira (9) revelando a composição química de regolitos da Bacia do Polo Sul-Aitken, no lado oculto da Lua. No estudo, eles analisaram a água em amostras de regolitos de basalto que a China coletou durante a missão robótica.
Como explicamos aqui no Giz Brasil em fevereiro, a Lua se formou a partir dos detritos de uma grande colisão entre a Terra e um enorme corpo celeste. Na matéria, a hipótese foi reforçada por cientistas da Universidade de Chicago, que analisaram amostras de rochas lunares do Programa Apollo para descobrir quando e como a Lua se formou.
À época, os cientistas reforçaram a teoria de que a Lua se formou após a colisão com a Terra. Mas o estudo analisou minerais raros do lado visível do satélite.
Distribuição de Tório reforça evidência de que a Lua era parte da Terra
Agora, a teoria ganha mais força ainda com as evidências geoquímicas das amostras do lado oculto da Lua. Os cientistas da China afirmam que a variação de água entre os lados da Lua reforçam a hipótese de sua formação.
Os cientistas chineses estimaram a quantidade de água no manto lunar ao medir os níveis de tório na superfície da Lua. Quando a Lua se formou, o impacto “criou um vasto oceano de magma.”
O tório e a água costumam ficar em rochas derretidas durante o derretimento do manto, tanto lunar quanto terrestre. Por isso, o tório é um indicador útil.
No lado visível, por exemplo, que mais sofreu com impactos e tem uma história de vulcanismo, as regiões são ricas em tório. No lado oculto, entretanto, a concentração de tório é menor. O contrário ocorre somente em áreas como a Bacia do Polo Sul-Aitken, onde impactos expuseram lavas que surgiram do manto.
A modelagem do estudo da China, que se baseou na hipótese de que a Lua se originou da Terra, revela que o manto lunar do lado oculto possui uma concentração menor de materiais voláteis.
Ou seja: a distribuição de elementos na Lua não foi uniforme. Isso explica o contraste geológico e as diferenças de composição entre ambos os lados do satélite.
Por: Pablo Nogueira