terça-feira,12 novembro, 2024

Minicérebros respondem pela primeira vez a estímulos com luz

Mais um capítulo na saga dos minicérebros, que têm ajudado os cientistas a desvendar o órgão mais complexo do corpo humano. Um novo artigo publicado na Nature Communications descreve pela primeira vez a interação com estímulos de luz. O resultado pode ajudar a restaurar regiões cerebrais perdidas ou degeneradas, no futuro.

Os organoides transplantados em camundongos foram conectados ao sistema vascular e reagiram a pulsos de luz direcionados em seus olhos de maneira semelhante ao tecido cerebral. É a primeira vez que os cientistas foram capazes de confirmar conexões funcionais em um organoide de cérebro humano transplantado em tempo real.

A equipe usou microeletrodos flexíveis e transparentes feitos de grafeno que podem ser implantados em certas partes do cérebro. Essa tecnologia exibe com precisão os picos de atividade neural do organoide transplantado e do tecido cerebral e permitiu aos pesquisadores descobrir que os minicérebros formaram conexões sinápticas funcionais com o restante do córtex visual dos camundongos.

“Prevemos que, mais adiante, essa combinação de células-tronco e tecnologias de neurogravação será usada para modelar doenças sob condições fisiológicas, examinar tratamentos e avaliar o potencial dos organoides para restaurar dados específicos perdidos”, estimam os especialistas.

Minicérebros respondem pela primeira vez a estímulos com luz (Imagem: Nadezhda Moryak/Pexels)

Minicérebros na ciência

Anteriormente, minicérebros testados em laboratório desenvolveram pequenos “olhos”, que ajudaram a entender melhor o processo de diferenciação e desenvolvimento ocular, bem como as doenças oculares. A partir disso, os cientistas envolvidos passaram a estudar as interações cérebro-olho durante a fase embrionária, modelar distúrbios retinais congênitos e gerar tipos de células retinais específicas do paciente para testes de remédios personalizados e terapias de transplante.

Os minicérebros também já permitiram a compreensão de uma variação genômica associada ao autismo: a 16p11.2. Com isso, os cientistas obtiveram informações sobre os mecanismos moleculares que funcionam mal quando a região 16p11.2 do genoma é interrompida.

Em outubro do ano passado, cientistas chegaram até mesmo a infectar minicérebros com covid-19 para entender os danos gerados pela doença e se surpreenderam com o resultado. Os minicérebros usados ​​neste estudo apresentavam células cerebrais chamadas micróglia, que podem ajudar a proteger o cérebro. O estudo sugere que a micróglia foi excessivamente eliminada nas sinapses ao combater a infecção por SARS-CoV-2.

Fonte:  Nature Communications via Science Alert

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