Acaba de ser lançada no mercado a octaEra, startup que aposta no metaverso para trazer saberes e conhecimentos sobre os povos originários do Brasil e apresentar ao mundo inteiro lugares reais e de difícil acesso, por meio de roteiros imersivos em 360º.
As experiências conectam o usuário a diferentes biomas e aldeias de vários povos originários para ensinar sobre temas como vida ancestral, história, biologia, geografia e idiomas, além de democratizar o ambiente de metaverso.
Povos indígenas mais próximos e conectados
Para Yawa Kumã, cacique da aldeia Shanekaya, no Acre, a iniciativa aproxima as pessoas que não têm acesso a essa realidade. “Fico muito feliz porque as pessoas que não conseguem comparecer à aldeia e, talvez nunca terão essa oportunidade, podem ver como é a nossa rotina e a vida das pessoas que moram no meio da floresta”, diz.
De acordo com Bruce Kuikuro, líder indígena da aldeia Kaluani, no Xingu, a octaEra fortalece a cultura indígena. “Muitos jovens não estão se interessando mais sobre a cultura ancestral, então o projeto abriu o caminho para mostrarmos isso de uma maneira diferente, que chame a atenção. Utilizamos isso dentro das escolas e a comunidade achou a ideia interessante”, afirma.
“Esse projeto tem uma força muito grande porque pode ajudar a futura geração, como a minha filha e sobrinhos. Ficamos felizes em nos conectarmos com a octaEra, que serve como um lugar para guardar e arquivar nossa história e conhecimento para sempre. Queremos que as pessoas façam parte disso”, finaliza Sandro, filho da liderança da aldeia Yawarani, do povo Yawanawá.
Uma startup leva à outra…
A startup foi idealizada por Octavio Tristan Morato Leite, CEO e fundador da octaEra, que após anos de experiência no mundo corporativo fora do Brasil decidiu dedicar seu tempo e vida a projetos socioambientais, em busca de um propósito maior.
O desenvolvimento da octaEra se deu por conta de outro empreendimento pessoal: o Like Old Times (LOT), que organiza viagens para destinos menos explorados comercialmente, desenvolvendo turismo sustentável, convivendo de perto com a natureza e conectando os turistas com as comunidades nativas em locais como o interior da África ou a Amazônia.
No início de 2022, em uma das expedições, Octavio percebeu que poderia expandir o alcance de sua missão e de seu propósito de vida, compartilhando suas experiências e aprendizados das viagens de uma forma inovadora, atingindo mais pessoas e que pudesse conectá-las de maneira imersiva e singular.
O modelo de negócios é por meio de assinaturas. Metade da receita líquida será revertida aos povos originários participantes com o objetivo de contribuir para a proteção das culturas e preservação da natureza e do planeta.
“A octaEra nasce como uma oportunidade para pessoas de todo mundo conhecerem locais de difícil acesso. De reservas tradicionais no Mato Grosso a aldeias indígenas recém-criadas no Acre, o visitante tem uma experiência completa da fauna, flora e da música dos povos originários e dos sons da natureza. Assim, o objetivo é permitir que mais pessoas possam interagir com essas paisagens e conhecimentos em seu computador, celular ou até por meio dos óculos de Realidade Virtual (VR)”, afirma o idealizador.
Pilares sustentáveis
A octaEra fundamenta sua missão com base em oito pilares: Tecnologia, Ancestralidade, Acessibilidade, Turismo Digital, Educação, Natureza, Sustentabilidade e Impacto Social e trabalha com projetos sociais e ambientais, em parcerias com as aldeias presentes na plataforma digital.
“Tivemos a oportunidade de construir o projeto junto com o Octavio. A octaEra nos dá a oportunidade de apresentar aquilo que temos de valores ancestrais para o mundo. É um projeto que tem tudo a ver com as necessidades e valores da nossa aldeia”, conta Naynawa, líder indígena Shanenawa.
Educação imersiva
O projeto tem uma grande frente para as áreas de educação nas escolas, universidades e institutos que utilizam conhecimentos de geografia, história, biologia e idiomas tradicionais dos povos envolvidos com a octaEra.
Os conteúdos abordados pela plataforma contemplam quase a integridade da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) exigida nos Ensinos Básico e Fundamental (1ª a 9ª série). Dessa forma, a startup se apresenta como uma excelente ferramenta para alunos e estudantes de todo Brasil vivenciarem conteúdos imersivos, na sala de aula, em suas casas e nos celulares que levam no bolso.
Por: Cecília Delgado