O número de empresas que estabelecem metas de emissões líquidas zero aumentou mais de 40% em 16 meses, mas integridade das promessas deve ser melhorada
Metade das 2.000 maiores empresas de capital aberto do mundo possuem compromissos com a neutralidade de emissões e carbono, o chamado net zero. O número de empresas que estabelecem metas de emissões líquidas zero aumentou mais de 40% em 16 meses – saltando de 702 em junho de 2022 para 1.003 em outubro de 2023 e elevando a receita anual agregada coberta pelas metas de emissões líquidas zero a 27 trilhões de dólares.
Para a organização Net Zero Tracker, que avalia as promessas feitas, o marco reforça que os compromissos climáticos nacionais (que cobrem 88% das emissões globais de gases de efeito estufa e 92% da economia global) estão se propagando “em cascata” por todo o setor empresarial. Apesar do progresso quantitativo na definição de metas corporativas, a Net Zero Tracker alerta que a integridade das metas de mitigação das empresas deve melhorar urgentemente a fim de se alinharem com o Acordo de Paris.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), as emissões globais devem ser zeradas até 2050. Contudo, a prática é mais difícil do que a teoria. O net zero envolve a eliminação ou a compensação das emissões indiretas geradas por toda a cadeia produtiva, desde fornecedores até consumidores finais.
Um relatório da ONU publicado em setembro mostrou que só 37% das metas corporativas de zero emissões líquidas cobrem emissões de Escopo 3, aquelas que não são produzidas pela própria empresa, mas estão vinculadas à sua cadeia de valor, enquanto 13% especificam limites de qualidade para compensações de carbono. Ao aprofundar a análise, a Net Zero Tracker constatou que apenas 4% das metas cumprem os critérios estabelecidos pela campanha Race to Zero da ONU.
A metodologia do Net Zero Tracker para avaliar os compromissos climáticos se baseia na orientação do Grupo de Peritos de Alto Nível (HLEG, na sigla em inglês) do Secretário-Geral da ONU, que aponta como garantir a credibilidade e a responsabilização dos compromissos de zero emissões líquidas por parte de entidades não estatais e sinaliza movimentos para responsabilização, como o Race to Zero, lançado pela ONU em 2020 para engajar as lideranças de países, cidades, empresas e investidores para zerar as emissões liquidas de gases de efeito estufa até 2050.
Os critérios contemplam a definição de uma meta específica de zero emissões líquidas, cobertura de todos os gases de efeito de estufa e todos os âmbitos de emissões para empresas, condições claras estabelecidas para a utilização de compensações, publicação de um plano, implementação de medidas imediatas de redução de emissões, relatórios anuais de progresso sobre metas provisórias e de longo prazo.
Texto: Um só Planeta