Mato Grosso está assumindo uma posição de destaque no cenário nacional ao instituir uma Governança Estadual de Inovação e lançar o Pacto Estadual de Inovação, ambos parte de uma estratégia para transformar o estado em um polo de desenvolvimento tecnológico e econômico. Com a Portaria Nº 167/2024, a governança estadual é formalizada, e seu papel será articular múltiplos setores em prol de uma inovação inclusiva e de longo prazo. Esse esforço reúne governo, empresas, instituições de ensino e sociedade civil para promover a inovação em toda a sua extensão.
O Pacto Estadual de Inovação busca, além de fortalecer o ecossistema tecnológico, visa tornar Mato Grosso mais empreendedor e sustentável, promovendo as vocações locais e impulsionando o desenvolvimento econômico e social. Essa iniciativa é fruto da colaboração entre o governo de Mato Grosso, 13 ecossistemas municipais de inovação e o Sebrae, com o objetivo de enfrentar desafios globais e locais — como as mudanças climáticas e as desigualdades sociais — por meio de soluções tecnológicas.
A implementação do pacto é orientada por diretrizes estratégicas que fomentam a cooperação entre diversos setores. Entre as ações prioritárias, estão o fortalecimento da cultura de inovação, o incentivo à educação empreendedora e a criação de parcerias público-privadas. Além disso, a governança estadual atuará no monitoramento e avaliação das iniciativas, assegurando transparência e eficiência.
Guilherme Della Guardia, gestor de projetos do escritório Baptista Luz Advogados, foi responsável pela análise SWOT – que mapeia forças, fraquezas, oportunidades e ameaças – em cada ecossistema de inovação do estado, destacando a importância de transformar ideias em projetos concretos: “Durante a análise, ouvimos muito sobre ‘muitas iniciativas e poucas acabativas’. A governança vem para resolver isso, garantindo que os projetos tenham início, meio e fim”, explica Guilherme. Para ele, a governança é essencial para consolidar um ambiente de inovação capaz de resistir a mudanças de gestão e seguir em frente, promovendo a continuidade das ações.
Renata Queiroz, advogada e sócia da área de GovTech do escritório Baptista Luz Advogados, destaca que a estruturação da Governança Estadual é inspirada em modelos bem-sucedidos, como o de Londrina, que reúne múltiplas governanças setoriais para sustentar os projetos de inovação. “Nossa proposta é criar uma cultura e uma governança que garantam a continuidade dos projetos, mesmo durante transições”, explica Renata. Essa governança, composta por mais de 50 membros e integrando representantes dos setores público, privado, acadêmico e da sociedade civil, atuará para potencializar os resultados das ações de inovação em nível estadual.
Tanto Renata Queiroz, quanto Guilherme Della Guardia atuaram como consultores na elaboração da governança. Já o Pacto pela Inovação foi elaborado durante um encontro entre representantes dos 13 ecossistemas de inovação, como o objetivo de, pensando de forma colaborativa, se construísse um pacto autêntico, que fosse além de um compromisso apenas formal, como ocorre em muitos contextos, não apenas relacionados à inovação, mas também em outras áreas. Com base nesse mapeamento foram eleitas prioridades específicas para cada ecossistema.
Os próximos passos envolvem o alinhamento com o Sebrae para desenvolver a metodologia necessária à implementação da governança. Além disso, serão planejados eventos e missões que, com base no mapeamento realizado, permitirão desenvolver todas as ações essenciais para o Estado de Mato Grosso.
Para Eloisa Garcia, representante dos 13 ecossistemas de inovação: “O objetivo é transformar o potencial inovador de Mato Grosso em uma potência real, deixando de lado a ideia de ‘potencial’ e afirmando o estado como referência em inovação. Com o Pacto e a Governança Estadual, será possível conectar iniciativas locais em uma visão unificada, formando um “grande radar” que mostra o progresso do estado em inovação e orienta o papel de cada participante — desde quem já está envolvido até quem ainda chegará para contribuir com essa jornada’.
Guilherme finaliza dizendo que em Mato Grosso, há uma forte cultura de ‘fazer acontecer’, onde as pessoas demonstram sede de concretizar ideias e se unem com propósito. “A conexão entre os membros do ecossistema local é fundamental. Em cada reunião, empreendedores não apenas compartilham ideias, mas vendem suas visões e mostram como pretendem impactar o futuro, o que reflete uma cultura inovadora única, difícil de encontrar em outros locais. Essa cultura inspira indivíduos e reforça a relevância da inovação no estado, que, tradicionalmente conhecido pelo agronegócio, agora se abre para novos setores como economia verde, turismo e beleza, desmistificando e expandindo o papel do Mato Grosso no cenário nacional”.
Já para Renata, “com bons mentores, recursos e espaços de apoio, Mato Grosso tem os ingredientes certos para acelerar seu desenvolvimento em inovação, com o potencial de alcançar grandes resultados rapidamente.
A composição dos membros inclui um representante da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECITECI), um representante do Parque Tecnológico, um representante do Sebrae e quatro membros dos 13 ecossistemas de inovação do estado, contemplando as quatro hélices: poder público, universidades, sociedade civil e empresas. Entre os membros designados estão Lecticia Auxiliadora de Figueiredo, da SECITECI; Rogério Alexandre Nunes dos Santos, do Parque Tecnológico; e Fernando Pscheidt Pereira, do Sebrae.