sexta-feira,22 novembro, 2024

Maternidade leva cada vez mais mulheres para o empreendedorismo

As mulheres representam mais de 50% dos empreendedores no Brasil e, mesmo assim, enfrentam muitas barreiras ao erguer um negócio, como a dupla jornada e a dificuldade de acesso ao crédito. Segundo o Instituto Rede Mulher Empreendedora (RME), isso não impede que 7 a cada 10 brasileiras optem pelo empreendedorismo após a maternidade. O levantamento de 2022 ouviu 3.386 mulheres e explica o gatilho ativado pela gravidez.

Abrir um negócio é o jeito que muitas mães encontram para se manterem ativas profissionalmente. De acordo com pesquisas da FGV, 48% das mulheres interrompem a carreira após a maternidade. Empreender é um caminho paralelo à trajetória corporativa e permite que elas façam o que gostam e sigam seus propósitos.

O interessante é que o público-alvo dessas empreendedoras tendem a ser justamente gestantes ou mães. A experiência pessoal traz à tona problemas que precisaram contornar e soluções que podem ser capitalizadas.

Os negócios oferecem produtos e serviços que auxiliam mães no processo de gravidez, puerpério e até mesmo depois, com as crianças já maiores. Há desde roupas que evitam morte súbita em recém-nascidos até aplicativo para previdência privada infantil.

“É importante destacar que as mulheres já representam metade dos pequenos negócios no Brasil e são uma força econômica e social importante. As pesquisas mostram que, quando uma mulher dá certo, ela investe em melhorar o bem-estar da família, a educação dos filhos e criam um ciclo positivo no entorno onde elas vivem”, explica Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora e do Instituto RME.

Social e-commerce impulsiona mercado para mães empreendedoras

O chamado social e-commerce, comércio social em português, é a grande alavanca para esses negócios. Muitas mães optam por comprar do seu círculo social, fortalecendo comunidades.

Em geral, esses empreendimentos são geridos online, preferencialmente pelas redes sociais, o que dá às consumidoras economia de tempo. Os produtos e serviços também tendem a ser mais competitivos em preços, além de tocar em pontos muito caros a mulheres vivenciando o início da maternidade, como a saúde mental.

“É urgente olhar para as mulheres que estão empreendendo, o apoio e crédito trazem autonomia e independência. Além do crescimento do negócio, contribui com a diminuição da violência contra a mulher”, diz Sonia Regina Hess de Souza, fundadora do Fundo Dona de Mim do Grupo Mulheres do Brasil

Nem mesmo a queda da fecundidade no país deve diminuir o potencial desse mercado. Segundo o IBGE, a taxa de fecundidade deve cair para 1,66 em 2060, comparada ao índice de 2,32 em 2000. Mesmo assim, a previsão é de 2,1 milhões de nascimentos, o que abre um leque de muitas possibilidades para as empreendedoras pós-maternidade.

Mulheres enfrentam barreiras no acesso ao capital

Mulheres que passam pela maternidade e questionam seus modelos de vida ou propósitos esbarram na barreira enfrentada por todo o empreendedorismo feminino: acesso ao crédito.

Outro levantamento do RME, de 2021, mostrou que 42% das mulheres que precisavam de capital para o negócio tiveram crédito negado.

Segundo Helene Meurisse, Operations Officer no International Finance Corporation (IFC), as instituições financeiras e bancos não necessariamente devem mudar os produtos para as mulheres. A diferença deve estar no acesso a esses produtos por meio de uma abordagem comercial diferenciada que considere a vida da mulher.

“Inclui escuta ativa, venda consultiva e apoio técnico ao negócio dela por parte dos bancos. Consequentemente, as mulheres se sentirão mais empoderadas para buscar e negociar o crédito que elas precisam e, por sua vez, o crédito concedido se tornará mais impactante e transformador para as empreendedoras e seus negócios. Isso é chave para aumentar a concessão de crédito para empresas lideradas por mulheres”, conclui Helene.

Fonte: Lorena

Redação
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