Investir na proteção de dados está entre as prioridades de toda empresa – e se não está, deveria. Focar nessa ação é uma obrigatoriedade no Brasil prevista pela Lei de Proteção de Dados (LGPD), que tem como intuito proteger e regular o tratamento de dados, além de penalizar o não cumprimento das regras. Mesmo essa sendo uma exigência garantida por lei, ainda assim, essa prática não vem sendo uma realidade nas organizações. No Marketing, especificamente, é mais do que necessário saber como usar os dados.
Seja no Marketing Digital, Comunicação Interna ou E-commerce, é necessário pensar na LGPD e em formas de proteger o consumidor, sem deixar de lado as urgências do Marketing. Para Everton Lima, Head de Dados da Yooper, agência especializada em Marketing Digital, a LGPD impacta diretamente o Marketing Digital que conhecemos e um dos temas que mais preocupam os publicitários é a morte dos cookies.
Passou a ser muito importante anonimizar os dados dos usuários e melhorar toda a capacidade de mensurar os dados para se trabalhar em estratégias. “As empresas estão sendo desafiadas a repensar suas abordagens para a coleta de informações online, trabalhando cada vez mais com dados first-party, que são os dados coletados pela própria empresa. Isso requer a adoção de estratégias mais éticas e transparentes, garantindo a privacidade dos usuários enquanto obtêm dados relevantes para suas operações. O tema Martech é o mais comentado no mercado para sanar essa dor, utilizando da Tecnologia em Marketing para construir mais inteligência nas análises e na estruturação da informação”, contou em entrevista ao Mundo do Marketing.
A importância da Segurança de Dados para o mercado
Com o avanço do Mercado digital e a popularização das mídias digitais, mais pessoas começaram a aderir à tecnologia. Com isso, a Europa deu, em 2006, os passos iniciais para a regulamentação de como os dados de usuários devem ser utilizados e tratados. A convenção 108 criou algumas diretrizes e trouxe o pensamento e conscientização sobre a segurança de Dados, e principalmente a ideia de que de fato existe uma pessoa por trás desses dados e que é necessário investir em segurança e proteção dessas informações.
Com isso, foram criadas as regulamentações como a GDPR na Europa e a LGPD no Brasil e, a partir daí, toda a relação entre marcas e usuários/consumidores mudou completamente. Todos os e-commerces devem estar em conformidade com essas normas, para evitar penalidades e garantir uma operação ética, aumentando assim a confiança do consumidor, pois ele pode comprar online com mais segurança, sabendo que seus dados estão sendo tratados com respeito e cuidado.
“Um dos principais pontos é o respeito à pessoa que oferece seus dados. Nada mais chato do que sermos expostos e começar a ter problemas com isso. É importante termos em mente que a privacidade deve ser o pilar primordial do negócio, tanto para que os usuários confiem mais na empresa, como para evitar penalidades legais que podem representar até 2% do faturamento, de acordo com a LGPD. Uma estrutura bem definida, com regras e armazenamento correto, garante a prevenção a fraudes e cibercrimes, aumentando a competitividade no mercado. Ao perceber uma gestão sólida e responsável referente a seus dados, os clientes dão preferência diante da concorrência, gerando uma relação de confiança e proximidade muito maior”, explicou Leandro Furlan, Gerente de Tech da Adtail, agência full service, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Importância da LGPD
Antes do nascimento da LGPD, em 2018, não existiam meios de se cobrar que os dados do usuário fossem respeitados. Com essa regulamentação foram definidas estruturas e cuidados mínimos, fazendo com que o mercado tivesse até agosto/2020 para se adequar e a partir daí a regulamentação pode ser aplicada de maneira legal. “Um dos principais pontos da LGPD foi evitar que os dados sejam utilizados para algo não definido na sua aquisição, como o compartilhamento com terceiros (daqui a pouco você receberá uma ligação de outro local com o qual você nunca teve contato, por exemplo)”, contou Leandro.
Ele reforça outro ponto importante de que antes os dados eram armazenados de qualquer maneira e não se tinha cuidado específico no rastreamento. “Hoje, temos a transparência e a prestação de contas de como suas informações estão sendo utilizadas, desde o registro, ao uso e armazenamento, dando mais independência e decisão ao usuário dono de seus dados”, afirma.
Já Andrea Migliori, CEO Workhub, HRTech de Portais Corporativos, evidencia a importância para a Comunicação Interna. “Quando falamos sobre Proteção de Dados na comunicação interna é importante rever a relevância e a real necessidade das informações que solicitamos e tratamos. Devemos ter clareza sobre por que queremos, para que as estamos pedindo e como vamos utilizá-las”
Ela explica que ao fazer uma pesquisa de satisfação dentro de uma empresa, por exemplo, não há necessidade de coletar os dados pessoais de cada um dos colaboradores, mas sim, do assunto específico que iremos tratar. Desta forma, “preservamos a LGPD e a confidencialidade de todos. São procedimentos simples que não impactam em fazer um ultra trabalho de consultoria e de segurança de dados”, conclui.
Por Priscilla Oliveira