A descoberta de botos mortos em uma nova região “pode indicar que há botos morrendo em outras partes do rio que ainda não estão sendo monitoradas”, alertam pesquisadores
Mais 23 botos foram encontrados mortos em meio à seca histórica na Amazônia, segundo informou a ONG Sea Shepherd Brasil. Foram 16 botos-cor-de-rosa, 3 tucuxis e mais 4 de espécie que ainda não foi identificada, cujos cadáveres foram encontrados na região de Coari.
Os animais se somam aos 155 botos mortos já registrados na região de Tefé, totalizando 178 animais. Mas a descoberta de botos mortos em uma nova região “pode indicar que há botos morrendo em outras partes do rio que ainda não estão sendo monitoradas”, alertam os pesquisadores.
O monitoramento e a descoberta dos animais mortos acontecem em parceria com o Instituto Mamirauá, bem como alunos e professores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), diz a Sea Shepherd Brasil.
Necropsias serão realizadas para descobrir a causa exata da morte. “Contudo, é possível relacionar as mortes com a seca, baixos níveis de água nos lagos e temperaturas altamente elevadas”, diz a organização no comunicado, divulgado em seu Instagram.
60 municípios em situação de emergência na Amazonas
Subiu para 60 o número de municípios em situação de emergência no Amazonas em razão da forte estiagem que atinge a região amazônica. Em todo o estado, apenas nos municípios de Presidente Figueiredo e Apuís a situação é de normalidade.
Segundo a Defesa Civil do Amazonas, 158 mil famílias foram afetadas pela seca deste ano. A cota do Rio Negro está em seu menor nível histórico, de 12,70m, segundo o Porto de Manaus – ainda que tenha, finalmente, estabilizado seu nível pela primeira vez em 131 dias desde que a descida do nível se iniciou.
A seca na Amazônia é atribuída à confluência de dois fenômenos climáticos: o El Niño, um fenômeno natural iniciado no Oceano Pacífico equatorial que é caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos que sopram de leste para oeste – levando, assim, menos chuvas à Amazônia; e o aquecimento fora do normal das águas do Atlântico norte, também inibe a formação de nuvens, reduzindo o volume de chuvas na Amazônia. este último seria reflexo das mudanças climáticas causadas pela atividade humana, dizem pesquisadores que estudam o assunto.
Com a falta de chuvas, famílias e comunidades amazônicas perdem acesso à água dos rios, por onde normalmente são transportados suprimentos básicos. Além disso, crescem os efeitos das queimadas – somente em outubro, até o momento, foram registrados 3.288 focos de incêndio na Amazônia, mais que o dobro do mesmo período do ano passado.
Texto: Redação, Um Só Planeta