Maior mapa químico da Via Láctea tem informações de quase 2 bilhões de estrelas

Dados da missão Gaia, da ESA, incluem detalhes sobre temperaturas, cores, idades, velocidades radiais e composições

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Esta imagem mostra a Via Láctea vista da Terra, e o ícone de estrela marca a localização do objeto desconhecido. Natasha Hurley-Walker/CRAR/Curtin/Gleam

A missão Gaia da Agência Espacial Europeia, que está trabalhando para criar o mapa multidimensional mais completo de nossa galáxia, revelou nesta segunda-feira (13) novas informações sobre quase dois bilhões de estrelas encontradas na Via Láctea e o maior “mapa químico” conhecida até agora.

A nova publicação da Gaia inclui detalhes sobre temperaturas, cores, idades, velocidades radiais e composições químicas das estrelas, entre outras características, com base em dados coletados entre 2014 e 2017. Também traz informações sobre exoplanetas, estrelas binárias e o meio interestelar, ou seja, o que está entre as estrelas.

O estudo usou uma técnica chamada espectroscopia, que envolve dividir a luz das estrelas em suas cores componentes. Este é o maior estudo de espectroscopia de baixa resolução já feito.

A composição das estrelas pode nos contar sobre seu local de nascimento e trajetória subsequente e, portanto, sobre a história da Via Láctea.

Composição das estrelas da Via Láctea

A agência europeia, conhecida pela sigla em inglês ESA, explica que durante o Big Bang apenas se formaram elementos leves como hidrogênio e hélio e que os mais pesados, que os astrônomos chamam de metais, são criados dentro das estrelas.

Há estrelas que têm mais “metais pesados” do que outras, diz a agência, explicando que quando morrem libertam-nos “no gás e poeira que encontramos entre as estrelas, chamado meio interestelar, a partir do qual se formam novas estrelas.”

Das estrelas da Via Láctea, algumas são feitas de “material primordial” e outras têm matéria enriquecida de estrelas anteriores, como o Sol. “As estrelas mais próximas do centro e do plano da nossa galáxia são mais rico em metais em comparação com estrelas localizadas a uma distância maior,” explica a ESA.

A diversidade de estrelas é “extremamente importante, pois nos conta a história da formação de nossa galáxia. Revela os processos de migração dentro de nossa galáxia e o acréscimo de galáxias externas. Também mostra claramente que nosso Sol e todos nós pertencemos a um sistema em contínua mudança, formado graças ao encontro de estrelas e gases de diferentes origens”, explicou Alejandra Recio-Blanco, membro da Colaboração Gaia no Observatório Côte d’Azur, na França.

“Terremotos Estelares”

A missão Gaia também detectou pequenos movimentos na superfície das estrelas que chama de “terremotos estelares” ou “Starquakes” e que fazem com que a forma desses corpos celestes mude.

Anteriormente, foram identificadas oscilações radiais que causavam mudanças periódicas no tamanho das estrelas, mantendo a mesma forma. É isso que os diferencia dos detectados agora.

“Starquakes” nos dão muitas informações sobre estrelas, especialmente sobre seu funcionamento interno”, disse Conny Aerts de Ku Leuven na Bélgica, membro da Gaia Collaboration.

A nova publicação de Gaia também traz informações sobre 1,9 milhão de quasares e 2,9 milhões de galáxias fora da Via Láctea.

Gaia é uma  missão de ciência aberta, ou seja, seu catálogo está aberto a quem quiser acessá-lo, explicou a ESA em 2018, com a segunda publicação de dados. De acordo com os cálculos, até o final da missão em 2024 poderia conter um peta byte de informação.

Todos os seus dados serão arquivados na ESA “para que possam ser utilizados pela comunidade científica para realizar pesquisas não só sobre a Via Láctea, mas também servir de sistema de referência para outros tipos de observações ou confirmar teorias astrofísicas que até agora apenas modelos matemáticos existiam”, disse o comunicado.

Por: CNN Espanhol

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