Denominado A-23a, este iceberg, que tem quase o dobro do tamanho de São Paulo, está sendo monitorado para evitar colisão com refúgio de vida selvagem

Designado A-23a, um iceberg gigante, atualmente o maior do mundo, está em movimento depois de mais de quase 40 anos preso no fundo do Mar de Weddell, na Antártica. 

  • Um pedaço de gelo flutuante com mais de duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo começou a se movimentar após 37 anos parado;
  • Denominado A-23a, ele já foi considerado o maior do mundo, até perder o posto para o A-76;
  • No entanto, quando o concorrente se quebrou, no fim de maio de 2021, ele recuperou o título;
  • Ambos estão localizados no Mar de Weddell, na Antártica.

Com uma área de quase quatro mil km2 (mais que o dobro da cidade de São Paulo), o colossal bloco de gelo, que estava imóvel desde 1986, impressiona não só pela sua largura, mas também por sua espessura de 400 m, ultrapassando em altura o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

O iceberg A-23a captado por satélite do sistema Copernicus, da Agência Espacial Europeia. Crédito: Reprodução/ESA

Impulsionado por ventos e correntes, ele está passando agora pelo extremo norte da Península Antártica, e como a maioria dos icebergs do setor de Weddell, é provável que seja levado para a Corrente Circumpolar Antártica, em direção ao Atlântico Sul, seguindo um caminho conhecido como “beco do iceberg”.

Iceberg pode se chocar com refúgio de vida marinha

O acompanhamento científico próximo deste fenômeno é crucial, pois há preocupações quanto aos impactos potenciais. Uma colisão com a Geórgia do Sul, uma ilha britânica ultramarina um pouco menor que o gigantesco iceberg entre as ilhas Malvinas e as Sandwich do Sul, poderia impactar negativamente milhões de focas, pinguins e aves marinhas que se reproduzem no local, interrompendo suas rotas de alimentação e dificultando o cuidado com os filhotes.

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É importante salientar, no entanto, que os icebergs não representam apenas perigo em potencial. Além dos riscos, eles desempenham um papel importante no ecossistema marinho. À medida que derretem, liberam nutrientes – como poeira mineral – que são essenciais para a vida marinha e as cadeias alimentares oceânicas.

“De muitas maneiras, icebergs dão vida; eles são o ponto de origem de muita atividade biológica”, disse Catherine Walker, da Instituição Oceanográfica Woods Hole, nos EUA, à BBC. A pesquisadora nasceu no mesmo ano do A-23a. “Ele sempre existiu para mim”.

Os cientistas continuarão atentos ao deslocamento do A-23a, observando tanto os riscos quanto os benefícios que esse evento natural traz para o ambiente marinho e para a vida selvagem na região.

Texto: Flavia Correia