Diplomacia do país divulga proposta de uma “comunidade global com futuro compartilhado”, conceito desenvolvido pelo governo Xi-Jinping

O governo chinês divulgou nesta terça-feira (26) um documento diplomático promovendo a ideia de “futuro compartilhado”, defendendo uma postura de força-tarefa mundial para a resolução de gargalos na governança global em áreas como segurança, saúde e também a mudança climática e a transição energética.

“Uma Comunidade Global com Futuro Compartilhado: Propostas e Ações da China” enaltece conquistas da era Xi-Jinping e propõe uma espécie de repactuação da globalização. “Frente às crises globais, os mais de 190 países do mundo estão todos no mesmo grande barco. Somente grandes barcos podem resistir a ventos fortes e ondas violentas. Nenhum país, por mais forte que seja, pode fazer tudo sozinho”, afirma o documento.

O contexto ambiental tem relevo na proposta chinesa de colaboração internacional. Com críticas à falta de governança e à lentidão dos progressos da descarbonização, a China cita a pandemia da Covid-19 como exemplo de desorganização global para o combate de inimigos comuns. “A pandemia de Covid-19 é um espelho através do qual observamos que o sistema de governança global está cada vez mais atrasado e continua a falhar em questões que exigem resolução. Tem que ser reformado e melhorado”, defende o texto.

País atualmente com a maior emissão de gases estufa no mundo, a China forma com Estados Unidos e União Europeia um bloco responsável por cerca de 42% das emissões de CO2 no planeta. No documento publicado nesta terça-feira, o país asiático reforça suas metas de registrar o pico das emissões de dióxido de carbono antes de 2030 e a neutralidade do carbono antes de 2060.

“A China construiu a maior rede de produção de energia limpa do mundo, contribuiu com 25% da área verde recentemente adicionada ao mundo desde 2000 e permitiu uma taxa de crescimento econômico anual superior a 6%, com uma taxa média anual de crescimento do consumo de energia de 3%”, cita o documento, que destaca a China como país com maior capacidade instalada de energia hidrelétrica, eólica e solar do mundo.

Na questão da invasão russa à Ucrânia, onde a China desempenha um papel por vezes ambíguo, entre a neutralidade a sinais de proximidade com Vladimir Putin, o documento diplomático descreve os chineses como “promotores ativos” de conversações pela paz, um dos valores destacados entre objetivos de futuro compartilhado a serem almejados, na visão da diplomacia chinesa.

“Só quando todos os países trabalharem em conjunto, só quando alinharmos os interesses individuais com os interesses de todos, e só quando construirmos verdadeiramente uma comunidade global de futuro partilhado, a humanidade poderá superar as crises que enfrenta e navegar em direção a um futuro melhor.”

Para ler a íntegra (em inglês) do texto, clique aqui.

Texto: Marco Britto, para Um Só Planeta