Advogada palestrou no evento Interconnected 2025, promovido pela NTT Data, e destacou a importância da regulamentação e do uso responsável de tecnologias
Na manhã da última quarta-feira (21), a advogada, acadêmica e conselheira internacional Kay Firth-Butterfield abriu o Interconnected 2025, evento promovido pela NTT DATA em São Paulo, com uma mensagem direta: a inteligência artificial precisa de regras claras, diversidade e responsabilidade compartilhada entre empresas e governos.
“A IA responsável não é uma questão opcional. É parte essencial do processo de transformação digital. Sem governança, você corre o risco de alucinações, viés e exclusão social”, explicou a especialista.
Reconhecida como uma das maiores especialistas globais em ética na IA, Kay foi a keynote speaker da conferência e falou sobre como organizações públicas e privadas podem desenvolver e aplicar tecnologias de forma segura, inclusiva e com impacto social positivo. Ex-líder de inteligência artificial no Fórum Econômico Mundial e fundadora da consultoria Good Tech Advisory, ela defende que, sem uma governança clara, a IA pode agravar desigualdades e gerar riscos legais, éticos e reputacionais para empresas e governos.
Para Kay Firth-Butterfield, trabalho de IA deve ser integrado
Durante a palestra, Kay compartilhou aprendizados acumulados em anos de trabalho com governos como os dos EUA e Reino Unido, além de organismos internacionais. Segundo ela, iniciativas como a ordem executiva de Joe Biden e o framework do NIST ajudaram empresas a estruturarem políticas de IA responsáveis mesmo na ausência de regulações globais unificadas.
“As empresas que fazem bem o uso da IA reúnem CIO, times de risco, dados, negócios e tecnologia desde o início. Isso não pode ser silo. Precisa ser integrado”, comentou Firth-Butterfield.
Ela alertou que muitas companhias tentam apenas “injetar IA” em processos antigos, sem redesenhar fluxos ou refletir sobre impactos sociais. “Você precisa pensar desde o início: quais riscos podem surgir? Quem pode ser afetado negativamente? Que dados estou usando?”, questionou.
A especialista também destacou a importância da diversidade nos times de desenvolvimento, ressaltando que soluções inclusivas não podem ser criadas por grupos homogêneos. “Se você quer criar um produto que funcione para uma mulher mais velha como eu, não pode ter só jovens no time. Diversidade é chave para uma IA justo”, afirmou.
Brasil na liderança ética de IA
A fala de Kay dialogou com a visão de Ricardo Neves, CEO da NTT DATA Brasil, que na abertura do evento defendeu o compromisso da empresa com uma inovação centrada no ser humano. “O Brasil está se posicionando como um dos hubs mais promissores de inovação na América Latina. Para que essa transformação seja sustentável, a IA precisa ser uma ferramenta que reduza desigualdades e amplie o acesso”, afirmou.
Tecnologia, experiências e negócios
Além da participação de Kay, o Interconnected 2025 trouxe uma série de painéis e experiências interativas ao longo do dia, com destaque para temas como maturidade da IA generativa na América Latina, cibersegurança, infraestrutura digital resiliente e FinOps com IA. Representantes de gigantes como AWS, Intel, IBM, Microsoft e Cisco também estiveram presentes com painéis e demonstrações práticas.
Entre as experiências interativas, o evento apresentou desde personas digitais com IA generativa, até um escape room imersivo para tomada de decisões em cenários críticos.
Por: Cecília Ferraz