Com o intuito de tornar a culinária africana mais conhecida no Brasil, Luiza Oliveira, de 19 anos, criou a Ipanu, uma startup de gastronomia voltada para os pratos típicos do continente. Moradora do bairro Bom Jesus, zona leste de Porto Alegre (RS), a jovem conta como surgiu a ideia de empreender.
“Ouvi falar de um novo projeto da Rede Calábria, para formar startups. Quando iniciei no projeto pensei que fosse apenas um curso profissionalizante de gastronomia, mas a proposta era mais que isso, se trava de um projeto de empreendedorismo e inovação gastronômica. O grande desafio era viabilizar de forma prática um novo negócio no ramo alimentício”, explica.
Ao participar do projeto “Escola Startup – Season 1: Food Makers”, da Rede Calábria, responsável pela gestão das atividades socioassistenciais e educacionais com sedes por todo o brasil, Luiza enxergou a oportunidade de viver novas experiências, buscando por elementos que traduzisse a narrativa e a história que queria para a sua marca.
“Comecei a observar as temáticas que mais me chamavam atenção nas redes sociais e assuntos que conversava com meus amigos, os tópicos sempre eram os mesmos: identidade cultural. Iniciei minha busca por um prato que imprimisse a minha personalidade.”
Em janeiro deste ano, a iniciativa Ipanu foi selecionada como um dos finalistas do Prêmio Jovens Visionários Prudential. Apenas no Brasil, houve 112 inscritos e a Ipanu se destacou como um dos oito projetos finalistas.
Sobre os desafios enfrentados para criar a própria empresa sendo tão jovem, Luiza comenta que a dificuldade é acreditarem na sua credibilidade.
“Meu maior desafio, é que algumas pessoas desacreditam que alguém jovem como eu possa montar uma empresa ou fazer empreendedorismo social. Não levam a sério a questão de eu ser sim uma empresária e também por ser uma menina negra de periferia”, diz.
Muamba de Galinha, um prato bastante conhecido na Angola e feito com azeite de dendê e legumes, é o preferido de Luiza. E a empreendedora fica feliz com os feedbacks que recebe.
“Gosto quando as pessoas provam nossas comidas e mesmo sem fazer parte do seu dia a dia, acabam amando o que preparamos. É um acolhimento mútuo, e é exatamente isso que a Ipanu visa, ser uma forma de acolhimento, pertencimento e amor, pois acredito que a gastronomia sempre mexe com nossos sentimentos e fico feliz quando nos retornam um comentário carinhoso e feliz.”
Comida e representatividade
Mais do que um projeto inovador, a Ipanu é sobre histórias, cultura, representatividade, empoderamento e pessoas. “É sobre restaurar o apagamento da cultura que seria um direito educacional. É sobre comida, amor, pertencimento, respeito, mas principalmente sobre acolhimento.”
“É a empresa que criei pra mostrar que o povo preto não é somente o empregado, ele pode ser o empregador. Provar a todos que podemos e temos total capacidade de ocupar grandes lugares e que a cultura e gastronomia africana devem ser disseminadas.”
Atualmente a Ipanu é voltada para atendimento personalizado e embora a cozinha seja na casa de Luiza, o objetivo é conseguir recursos para impulsionar o crescimento do negócio.
“Meu maior objetivo no momento é conseguir investimento para que possamos abrir uma cozinha independente da Ipanu, para que possamos de fato começar a vender as marmitas, já que na minha casa não é o ideal e por enquanto fazemos apenas as cestas sob encomenda”, destaca.
Na busca por empreender, Luiza encontrou sua paixão ao criar a Ipanu, e ao enfrentar os desafios e obstáculos dessa jornada, ela compartilha o que aprendeu ao longo do caminho.
“A maior lição que aprendi foi ser resiliente e persistente, pois muitas vezes o caminho do empreendedorismo é algo cansativo, que muitas e muitas vezes te tira da zona de conforto, mas também é algo muito satisfatório, e que me agrega muito aprendizado e momentos inesquecíveis”, finaliza.
Fonte: Terra