Como dizia um grande filósofo grego há milhares de anos: “O fundamento de tudo está na mudança contínua e incessante das coisas”, a infraestrutura verde, os jardins, e o paisagismo não escapam deste princípio. Além disso, leva-se em consideração as mudanças climáticas globais, que ninguém pode evitar.
Novas tendências não acontecem por si mesmas, são decorrentes de necessidades, adaptações e operações eficientes. Uma mudança no planejamento, execução e gestão é necessária para compensar os efeitos negativos e parar a devastação do nosso ecossistema.
Diante desses desafios, o século 21 trouxe mudanças de paradigmas que são observadas em diferentes disciplinas. No paisagismo, surgiu a nova tendência: jardins selvagens, naturalistas.
Essa tendência cresce em todo o mundo, a partir de jardins que imitam a natureza, incorporando os famosos e em expansão ‘nativos’ (espécies nativas de cada região), reduzindo o uso de água para irrigação e aproveitando materiais da região (menor pegada de carbono) e sistemas solares com energia renovável; todos os itens que ajudam a remediar problemas ambientais.
Esteticamente, essa nova tendência em jardins está associada a prados de flores e pastagens que crescem sem regras, além das ditadas pela mãe natureza. Com a flora adaptada ao meio ambiente, é possível projetar um jardim com um sabor selvagem e atingir os objetivos.
Observam-se espaços soltos, dinâmicos e amigáveis, cria-se uma ligação com o ambiente mais real e sensível. A contribuição da folhagem, da flor e dos frutos é fundamental, desta forma, há interesse ao longo do ano, ao longo de todas as estações. Ao mesmo tempo, comida e abrigo são fornecidos para polinizadores e pássaros.
O desenho da plantação neste tipo de jardim desempenha um papel muito importante. É fundamental escolher a planta certa para o local correto, priorizando o clima e o solo da região, variáveis que não podem ser modificadas, sendo esta a chave para o sucesso de sua implantação e a harmonia do ecossistema. O benefício não é apenas ecológico, como provam estudos feitos por universidades reconhecidas, esse tipo de paisagem tem um efeito positivo no bem-estar de seus usuários.
Como paisagista, imagino jardins conectados ao meio ambiente e sustentáveis ao longo do tempo, com a utilização de comunidades de espécies que compõem jardins de baixa exigência e que aumentam a biodiversidade, irradiando percepções e sensações com jogos de formas, texturas, cores, aromas e movimentos. Você pode ser ecologicamente consciente e fazer paisagismo ao mesmo tempo.
Estou constantemente em busca de conectar a casa com o jardim, e criar um vínculo forte, onde um valoriza o outro e vice-versa.
Os jardins selvagens, como os chamamos hoje, são um bom complemento para a arquitetura moderna e sustentável.
Estudio Arruabarrena
Por Valentina Arruabarrena