Caroline e Julia Mauro fundaram a empresa em 2015, quando ainda eram adolescentes. Marca espera fechar o ano com 50 mil peças produzidas
A paixão por praia e a veia empreendedora herdada da família fizeram com que as irmãs Caroline e Julia Mauro abrissem seu próprio negócio quando tinham apenas 18 e 15 anos, respectivamente. Em 2015, durante uma viagem ao exterior, elas notaram a oportunidade de trazer ao público brasileiro uma modelagem de biquínis incomum no país. Assim começou a nascer a Makai, marca de moda praia que atraiu consumidoras da geração Z — incluindo famosas como Sasha Meneghel, Maisa Silva, Luiza Sonza e Bruna Marquezine. A dupla planeja agora abrir sua primeira loja física em Ipanema, no Rio de Janeiro.
“Não tínhamos ideia do que estávamos criando há oito anos. Foi simplesmente porque queríamos os biquínis que não achamos aqui no Brasil. A nossa dor também era a de outras meninas da nossa idade”, resume Caroline Mauro, atualmente diretora de marketing da grife. “Também tínhamos vontade de criar uma marca que se comunica de fato com a nossa geração. Quanto mais fiéis ficamos com o nosso nicho, mais meninas nos buscam”, diz.
O nome da empresa foi inspirado no Havaí, para onde as irmãs viajavam com a família com frequência. “Todas as ilhas lá têm o lado do mar e o lado da montanha. Makai significa ‘do lado do mar’ em havaiano”, explica a fundadora. No início, ela e a irmã contaram com uma parceria que ajudou a desbravar o mundo dos negócios da moda. “Tínhamos uma terceira sócia, e a mãe dela foi como uma fada madrinha. Ela tinha uma confecção na época e nos deu muitas informações”, conta Caroline. Segundo ela, o investimento inicial foi de R$ 7 mil por sócia, somando R$ 21 mil.
As primeiras vendas contaram a ajuda de um amigo da família, que tinha um quiosque na frente da casa delas, na Barra da Tijuca. “Não sabíamos vender, não fazíamos ideia de como usar a maquininha de cartão ou como expor biquíni. Pegamos uma arara muito antiga emprestada, a decoramos toda para deixar com nossa cara e colocamos os biquínis”, diz.
Caroline lembra que, naquele início, tiveram ajuda de amigas para vender as peças. Na época, uma competição de surfe estava acontecendo na cidade. “Falávamos para elas irem andando com cabides entre o público do campeonato e irem gritando ‘Makai’. Fizemos bastante barulho durante um campeonato bem importante e o buzz foi começando a crescer, pelo menos ali no nosso bairro”, afirma.
Em 2016, a Makai fabricou mil peças e, desde então, continuou crescendo. Foram 42 mil unidades produzidas em 2022 e a expectativa é fechar este ano com 50 mil. Enquanto a primeira coleção contava com apenas três modelagens de biquínis, hoje a marca tem um portfólio que inclui moda praia, casual e fitness, com mais de cem modelos por coleção. “Trabalhamos com muitos tipos de tecidos e 95% deles são de origem biodegradável ou de escolhas mais conscientes e voltadas para a sustentabilidade”, diz a sócia.
De acordo com ela, os principais desafios enfrentados ao longo dos últimos anos foram também seus maiores aprendizados. Caroline diz que, por terem começado muito jovens, elas ainda não tinham maturidade pessoal e profissional. Muitas vezes, agiram por intuição. “Aprendemos a dividir as atividades, delegar, liderar pessoas, trocar de fornecedores e encontrar novos. Foi uma faculdade de vida construir a marca”, compartilha.
Com 180 mil seguidores no Instagram e outros 63 mil no TikTok, a Makai adota como principal estratégia a geração de identificação com o seu público. “Construímos uma marca muito maneira e voltada para um estilo de vida específico. Temos uma comunicação que fala com um nicho e, a partir disso, formamos uma comunidade e nos conectamos com ela”, explica a sócia.
Atualmente, além dela e da irmã Julia, a empresa conta com mais três diretores, que cuidam de expedição, logística, marketing, design e administrativo. Para o futuro, as empreendedoras sonham em expandir por todo o território brasileiro por meio de canais de multimarcas e, eventualmente, lojas físicas nas principais metrópoles do Brasil.
Para jovens que sonham em empreender com moda, Caroline dá a dica: “Qual dor você quer suprir no mercado? O que você quer construir que ainda não existe? Por que as pessoas iriam comprar com você com tudo o que tem disponível no mercado? Dessa forma, fica muito mais fácil de entender onde será construída a sua relevância, autoridade e comunidade. É mais fácil começar olhando para uma solução de algo que não existe ou não está bem oferecido. Aí, sim, você consegue ser relevante para alguém”, finaliza.
Texto: Maria Clara Vieira