A chegada da era da IA (Inteligência Artificial) tem sido marcada por avanços impressionantes, que demonstram novas capacidades quase diariamente. A questão agora não é mais o que a IA pode fazer, mas sim o que ela ainda não pode.
Diferentemente do hype em torno do metaverso ou blockchain, a IA já está gerando resultados financeiros em vários setores e tem o potencial de abalar indústrias inteiras, inclusive a própria sociedade. Essa mudança monumental afetará a maneira como trabalhamos, aprendemos e nos comunicamos.
Apesar das infinitas oportunidades que a IA promete, a ansiedade e o entusiasmo pelo papel perturbador que ela desempenhará estão em alta. Uma coisa é certa: garantir que sua empresa esteja preparada para essa nova era não é mais opcional. A questão agora é: os líderes estão prontos para enfrentar esse desafio e aproveitar as oportunidades?
Numa pesquisa recente feita com mais de 100 líderes de tecnologia pelo mundo, a Egon Zehnder, em parceria com a Kearney, ouviu que eles veem a IA mais como oportunidade que um risco, mas sentem que o caminho para o sucesso ainda não está claro. Usada para o bem, ela oferece infinitas soluções possíveis para muitos problemas que enfrentamos hoje.
É interessante notar que mais de 90% dos líderes de tecnologia estão cientes das oportunidades que a IA pode trazer para suas empresas e funções.
O aumento da eficiência é uma das principais oportunidades identificadas por 75% deles, o que pode levar a uma redução de custos e a uma melhoria na qualidade dos produtos e serviços oferecidos.
Além disso, a IA pode ajudar na tomada de decisões mais eficazes e na gestão de riscos, o que pode ser especialmente útil em setores como finanças e saúde.
No entanto, é importante lembrar que a implementação da IA também apresenta desafios significativos, incluindo questões éticas e de privacidade, além de potencialmente substituir empregos de escritório. Os líderes de tecnologia devem estar preparados para lidar com esses desafios e garantir que a IA seja usada de forma responsável e ética.
Além disso, é importante que esses líderes estejam dispostos a aprender e a se adaptar às mudanças que a IA trará para suas empresas e setores. Isso pode incluir investir em treinamentos e desenvolvimento de habilidades para seus funcionários, além de estar aberto a novas formas de trabalhar e colaborar com outras empresas e setores.
Em resumo, a IA apresenta oportunidades significativas para as empresas e líderes de tecnologia, mas também apresenta desafios importantes. É importante que os líderes estejam cientes desses desafios e dispostos a aprender e a se adaptar às mudanças que a IA trará para suas empresas e setores. De forma geral, existem quatro riscos a serem observados:
- Alucinação de dados. Embora os modelos generativos de IA sejam altamente precisos, eles permanecem 100% confiantes, mesmo quando errados. Isto prova a necessidade inevitável de ter um “humano no circuito” para verificar continuamente os resultados do modelo;
- Custos inflados. À medida que os volumes de dados armazenados pelas plataformas de IA aumentam, também aumenta a coleta, custos de armazenamento e processamento. Técnicas de gerenciamento de dados mais eficientes podem ajudar a mitigar algum impacto disso;
- Riscos de serviços de terceiros. Contar com serviços externos para lidar com dados confidenciais e a conformidade podem expor as empresas a riscos, especialmente se as medidas de segurança forem negligentes ou os padrões inconsistentes;
- O preconceito da IA. A qualidade do resultado de um modelo está diretamente ligada aos dados usados para treiná-la. Se os dados não forem um reflexo equilibrado da diversidade do mundo real, os resultados podem ser tendenciosos. Garantir que a IA opere de forma justa envolve selecionar dados que representem de forma abrangente os resultados desejados, assim promovendo resultados imparciais e confiáveis.
De fato, a chegada da IA ocorre em um momento de grande incerteza e desafios para os líderes de negócios. A pandemia, a crescente polarização política, as guerras e a crise climática são apenas alguns dos desafios que as organizações enfrentam atualmente.
Os líderes acreditam que mudanças significativas dentro de suas organizações estão no horizonte, mas menos para suas funções individuais, talvez fruto da natureza humana que sempre prefere que a mudança aconteça primeiro nos outros. Eles também acham que suas organizações não estão preparadas para a mudança.
O que fazer, então? Desenvolver uma estratégia é um passo crucial para aumentar a prontidão organizacional para a IA, mas é importante ir além disso e implementar medidas concretas para garantir o sucesso da implementação da IA generativa.
Algumas dessas medidas incluem avaliar meticulosamente o potencial de criação de valor, garantir a gestão da qualidade dos dados, estabelecer controles robustos de segurança de dados, pensar no projeto arquitetônico e mudar a gestão para garantir uma transição suave e integração da IA nos fluxos de trabalho existentes.
É importante começar pequeno e ir devagar, criando espaço para a exploração transparente e garantindo que todas as mudanças tecnológicas sirvam aos indivíduos que pretendem se capacitar. Além disso, é preciso mudar primeiro e estar aberto a aprender e a se adaptar às mudanças que a IA trará para a organização.
Com essas medidas em prática, as empresas podem aproveitar ao máximo as oportunidades apresentadas pela IA generativa e garantir que sua implementação seja bem-sucedida.
Por: Luis Giolo, Membro do YPO, Luís é líder da prática de Sucessão de CEOs e Conselhos da Egon Zehnder no Brasil. Tem vasta experiência nas esferas de consumo, tecnologia e digital. Apoia a entrada, no mercado brasileiro, de diversos players globais.