Pesquisadores holandeses usam IA para descobrir cronologia dos Manuscritos do Mar Morto

Usando IA (inteligência artificial), holandeses descobriram que os Manuscritos do Mar Morto são mais antigos do que se pensava. Esses cerca de 900 pergaminhos completos e parciais, que incluem trechos da Bíblia hebraica que basearam o Antigo Testamento, foram descobertos perto do antigo assentamento de Qumran, na Cisjordânia, por pastores beduínos entre 1946 e 1947.

Para a sorte dos pesquisadores, o autor escreveu as datas de criação dos textos diretamente em várias das páginas. Porém, nem todos os pergaminhos foram etiquetados, o que exigiu a ajuda da tecnologia. Estudiosos já analisaram os pergaminhos com diversos métodos, como raios X, imagens multiespectrais e paleografia. Acredita-se que eles datem entre o século III a.C. e o século I d.C.

Em 2020, uma análise de caligrafia do Grande Pergaminho de Isaías com IA revelou que o texto foi provavelmente escrito por dois escribas. Agora, os autores buscavam um meio de determinar a cronologia dos textos, a fim de compreender a evolução das ideias.

Como foi o novo estudo dos Manuscritos do Mar Morto por IA?

O processo começou com a junção de 24 amostras de textos antigos ​​para estudar estilos caligráficos em datas conhecidas. Em seguida, a equipe analisou manuscritos de sítios arqueológicos em Israel e na Cisjordânia e utilizou datação por radiocarbono para estimar suas idades. Então, treinaram um modelo de aprendizado de máquina para entender os estilos de cada documento em relação direta com suas datas.

O modelo de IA de nome Enoque – em homenagem à figura bíblica, pai de Matusalém – uniu os dois conjuntos de dados. Durante os testes, os cientistas disseram que as estimativas de idade para os 135 Manuscritos do Mar Morto eram “realistas” 79% das vezes. Por outro lado, eram não realistas (velho demais, jovem demais ou indeciso) 21% das vezes.

Para melhorar a assertividade, eles combinaram o modelo à datação por radiocarbono. A combinação resultou em estimativas mais antigas para muitos dos Manuscritos do Mar Morto do que os métodos tradicionais de análise de caligrafia. De acordo com os autores, mais dados e pesquisas adicionais podem ajudar a identificar as linhas do tempo.

A análise de Enoque também pode ajudar a decifrar a autoria bíblica. Isso porque os estudiosos concluíram que dois dos pergaminhos são os primeiros fragmentos conhecidos do Livro de Daniel, são supostamente obras de um autor anônimo aproximadamente em 160 a.C.

Ainda hoje, existe uma dificuldade em datar artefatos antigos, mesmo com diversas técnicas para alcançar uma conclusão próxima. Contudo, Mladen Popovic, da Universidade de Groningen, acredita que o trabalho pode ajudar a situar outros manuscritos sem data na linha do tempo da história antiga.

Por: Isabela Oliveira