Cientistas em geral concordam que um passo importante para proteger a natureza é conhecê-la bem. E esse é um processo em que a tecnologia pode ter um papel crucial, como mostram muitas iniciativas ao redor do mundo que buscam criar sistemas de inteligência artificial que possibilitem identificar uma espécie de animal ou vegetal a partir de uma simples imagem, medidas ou até mesmo o som.
Dos especialistas para o público
Uma delas vem do iNaturalist, uma rede social de cientistas e entusiastas que já reuniu mais de 145 milhões de observações de espécies em todo o mundo. Com esse enorme conjunto de dados, a plataforma desenvolveu um algoritmo que usa visão computacional para identificar uma espécie, com base em imagens anteriores que foram alimentadas em seu sistema.
O sistema iNaturalist também inclui um modelo geoespacial que considera o local onde uma observação é feita. Assim, os usuários podem fazer upload de fotos de plantas e animais, e a IA dá sugestões de qual espécie aquela pode ser. O Google Lens, ferramenta de reconhecimento de imagem do Google presente nos smartphones com sistema Android, é um dos que usa esse algoritmo, que pode ser treinado para reconhecer rapidamente uma espécie a partir do momento em que tiver pelo menos 100 observações dela em seu banco de dados.
Ajudando soldados em missão
A IA da iNaturalist ajuda até em fins militares. A startup Deep Learning Analytics fez uso dos dados do iNaturalist como parte de um contrato com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A ideia era construir um aplicativo para os militares identificarem espécies rapidamente em meio à natureza. “Imagine que você tem alguém em uma missão sem contato com nenhum tipo de estrutura de comando. Eles podem ficar sem suprimentos, e precisarão saber se certa espécie de planta ou animal é ou não comestível”, explica Jeremy Trammell, cientista sênior de dados da Deep Learning Analytics
Identificando pássaros por meio do canto
O Google, juntamente com pesquisadores do Observatório Acústico Australiano da Universidade de Queensland, anunciou recentemente que está usando IA para identificar pássaros com base nas gravações de seus cantos. Um modelo desenvolvido pela equipe identifica o som da cacatua preta brilhante, por exemplo.
IA diz quais cogumelos são venenosos
Em outro caso, um grupo de cientistas está tentando desenvolver uma forma de identificar rapidamente cogumelos do tipo Hebeloma – apesar de serem bastante comuns em todo o mundo, as mais de 100 espécies existentes são bastante difíceis de distinguir uma das outras. Parte da importância em conseguir fazer isso está no fato de que boa parte dessas espécies são venenosas.
A equipe criou o Projeto Hebeloma, e está tentando resolver seu problema com a inteligência artificial. Depois de coletar cerca de 10 mil amostras desses cogumelos, os pesquisadores construíram um algoritmo que pode adivinhar quais espécies específicas de Hebeloma estão sendo analisadas. Porém, o “palpite informado” é feito a partir de medidas que devem ser feitas com um microscópio, o que limita o alcance da plataforma.
Catalogar para preservar
Já um programa da Microsoft chamado Wild Me desenvolveu uma plataforma baseada em imagens vindas do público para identificar espécies de vários tipos. O objetivo é catalogar rapidamente as espécies para monitorar melhor as populações e combater o risco de extinção. A organização sem fins lucrativos britânica Conservation AI está trabalhando com a Nvidia, fornecedora de hardware e software de vídeo, em um projeto semelhante que rastreia espécies raras em tempo real para que os conservacionistas possam protegê-las.
Texto: Redação, Um Só Planeta