Inteligência artificial parece ser o grande assunto do momento. Se você tem essa impressão, não está errado. No entanto, temos falado bastante sobre as oportunidades – positivas e negativas – que ela traz ou pode trazer para a humanidade. Mas, afinal, você sabe exatamente qual o impacto dessa tecnologia? E, o porquê empresas estão se aprimorando no tema e incluindo o uso da inteligência artificial em suas estratégias de forma dinâmica e dimensional?
Esse, para mim, deveria ser o X da questão. É importante nos afastarmos do modismo que dominou o termo “Inteligência Artificial” e pensarmos o quão representativa essa tecnologia tem se tornado e seu (real) potencial a médio e longo prazo. E, já adianto, que estamos em um caminho sem volta em relação ao seu uso. A ética e as formas podem e devem sempre ser discutidas, mas o seu uso é inevitável.
Em novembro do ano passado, tive a oportunidade de participar do evento I.A. Experience 2023 realizado pela StartSe. O objetivo era o de entender, na prática, como diferentes empresas estão incluindo o uso da IA em suas estratégias corporativas. Além de assistir a apresentação de cases e resultados reais, com exemplos de uso cotidiano da ferramenta e as propostas para o futuro da inovação. O evento, realizado em São Paulo, contou com diferentes palestrantes de empresas referências em inovação, como a Microsoft, AWS, CI&T e, claro, o iFood.
Durante a apresentação de Leonardo Boaventura, diretor da Salesforce, informações pertinentes foram destacadas em relação aos estudos realizados entre 2021 e 2022 que mensuraram os impactos do uso da I.A. Dentre os principais insights apresentados, podemos destacar três:
- Redução de custos pela I.A. – 79% das empresas apresentam redução de custos operacionais em toda a sua organização via I.A., segundo estudos conduzidos pela McKinsey Analytics no ano de 2021. Importante salientar que não estamos falando aqui de corte de pessoas, pelo contrário, falamos em otimização dos seus trabalhos e empoderamento para serem ainda mais criativas e inovadoras em suas áreas de atuação.
- Economia de tempo com dados unificados – Segundo dados divulgados em 2022 pela Syniti, empresa especializada no gerenciamento de dados corporativos, soluções modernas de unificação de dados liberam recursos tecnológicos em mais de 67%. E diminuem a quantidade de tempo gasto em tarefas repetitivas de qualidade de dados.
- Aumento da produtividade com automação – 77% das organizações economizam duas ou mais horas por semana através da automação, segundo dados internos da Salesforce referentes a 2022, divulgados durante o evento.
Os dados acima nos ajudam a compreender o impacto inicial que o uso de I.A. pode apresentar nas companhias. Além de ajudarem a nortear possíveis investimentos futuros da ferramenta no ambiente corporativo.
“Cada setor e cada organização terão que se transformar nos próximos anos. O que está vindo para nós é maior do que a internet, você precisa entender, embarcar e descobrir como transformar o seu negócio” – Tim O’Reilly, fundador e CEO da O’Reilly Media.
Essa é uma das frases que Renato Barbosa, cofundador e CTO da Gria, citou durante sua apresentação no evento. Ela fala sobre o impacto que todas as empresas passarão a partir da popularização e refinamento do uso de inteligências artificiais. Além disso, ressalta a importância de não subestimar o futuro da tecnologia e o quão primordial deve ser para organizações se dedicarem ao tema para que não sejam ultrapassadas em relação aos demais players do mercado.
É concreto se dizer que, nos dias atuais, a representatividade do uso dessa tecnologia é uma das mais avançadas no mundo. E, quando pensamos no seu uso no Brasil, instantaneamente, podemos mencionar o investimento e o desenvolvimento do iFood no uso das inteligências artificiais, que garantem diariamente cada vez mais eficiência a todas as operações e processos internos da companhia.
Durante a minha palestra no I.A. Experience 2023 pude relatar a evolução do iFood – uma empresa brasileira – em relação ao seu uso das mais promissoras tecnologias. A companhia, com alta competência, une a sua visão do futuro com a prática frequente do uso de tecnologias, caminha em busca de alcançar um objetivo audacioso — se tornar a maior potência no uso de I.A. do mundo até o final de 2025. Não apenas expandindo as suas oportunidades, mas também compartilhando de seu conhecimento sobre a inteligência artificial nacionalmente.
Além disso, pude compartilhar algumas dicas destinadas ao setor, principalmente, em relação à trajetória do iFood durante os últimos anos atrelados ao uso eficiente de inteligência artificial. Eu destacaria como as mais importantes:
Dica 1: De dentro para fora:
Cerca de 86% dos projetos de I.A. que são feitos no iFood falharam. Ou seja, mesmo com anos de conhecimento e know-how considerável em relação a tecnologia de I.A., ainda assim existe uma curva de aprendizagem importante que deve ser respeitada pela companhia. A priorização dessas iniciativas, inclusive, se iniciou contemplando melhorias de fluxos internos, visando assim trazer mais maturidade para os times antes de passar a considerá-la para projetos junto a outros stakeholders.
Dica 2: Força concentrada
Visando a conscientização dos colaboradores sobre o uso correto da tecnologia de I.A., o iFood preparou um curso introdutório de três dias para que toda a empresa — 6 mil colaboradores — pudessem tomar conhecimento sobre a ferramenta e seu uso adequado. Foram considerados dois passos principais:
– Hackathon coordenador, direcionado e incentivado.
– Criação de equipes multidisciplinares para participação do mesmo.
Dica 3: Programas de I.A.
Hoje o iFood já soma mais de 170 projetos de demos ligados ao uso de inteligência artificial e buscando compartilhar o conhecimento adquirido, algumas podem até ser conferidas dentro do app.
Em resumo, a IA para o iFood está sendo um caso interessante de inovação aberta de fato: 88% dos projetos envolvendo I.A. na empresa estão voltados para o consumidor final, entregador e donos de estabelecimentos. A organização está tendo muitos aprendizados sobre. Com a popularização do uso da tecnologia de I.A. a nível global, é muito interessante poder conferir a cultura e resultados atrelados a alguns dos projetos já desenvolvidos pelo ifood como forma de indicador para que possamos adaptar ou revisar em demais organizações.
Marcos Gurgel é Diretor de Inovação do iFood. Economista pós-graduado em Engenharia, na UFRJ, e já trabalhou na Vale, BTG, Kraft Heinz Company e RED Ventures antes de entrar no iFood, onde está há quase tres anos. Entusiasta de Inovação e Criatividade, Gurgel tem amplo conhecimento em temas que envolvem Tecnologia, sob a ótica de Negócios, e fala sobre startups, inteligência artificial, gestão, entre outros.
Marcos Gurgel