Tecnologia de startup californiana é aposta de estados americanos para conter as chamas rapidamente, antes que tornem um megaincêndio
Em um incêndio florestal, os primeiros minutos são decisivos. É esse tempo de resposta que determina se as chamas serão pontuais ou tomarão proporções catastróficas. Mas em áreas extensas fica mais difícil perceber o início do fogo. Até que seja notado, o corpo de bombeiros acionado e o local exato encontrado, pode levar horas.
É na solução desse desafio que a inteligência artificial tem despontado com uma valiosa aliada, impulsionando a atuação das chamadas firetechs, startups dedicadas a conter grandes incêndios.
A americana Pano AI, sediada em São Francisco, é um exemplo. A empresa desenvolveu um sistema alimentado por inteligência artificial que consegue detectar ameaças, confirmar incêndios, precisar o local e informar socorristas em tempo real, acelerando as ações de combate ao fogo como nunca se viu.
Como o sistema de detecção funciona
Projetada especialmente para profissionais de incêndios florestais, a plataforma conta com uma rede de câmeras panorâmicas ultra-HD, instaladas em pontos altos, como torres e colinas, que examinam continuamente a paisagem.
As imagens ainda são combinadas com dados de satélite, sensores de campo, câmeras já existentes e outros recursos, oferecendo aos especialistas uma visão única e clara da situação 24h por dia.
Quando o algoritmo de IA encontra uma ameaça de qualquer fonte, o centro de inteligência humana verifica e classifica esse evento e automaticamente alerta os profissionais de monitoramento de incêndios, enviando imagens com zoom aprimorado, acompanhadas da localização do possível foco.
Após confirmado o incêndio, por meio de uma comunicação integrada e notificações móveis, o software segue compartilhando imagens atualizadas com as equipes envolvidas, levando dados importantes sobre o local e o avanço das chamas.
“Tudo isso permite identificar e conter rapidamente incêndios florestais devastadores, protegendo vidas, propriedades e nossas florestas”, declara a firetech.
À medida que a crise climática aumenta a ameaça de incêndios florestais em todo o mundo, cada minuto é importante na resposta a esses eventos (Pano AI/Divulgação)
IA é estratégia de governos
Governos estaduais americanos já estão implantando o sistema inteligente para monitorar e combater incêndios florestais, cada vez mais agressivos, além de proteger redes elétricas.
São 33 câmeras Pano instaladas no estado do Oregon, por exemplo, e outras dezenas espalhadas por Washington, Colorado, Califórnia, Montana e Idaho, regiões frequentemente atingidas por incêndios.
“Essas ferramentas são maduras e escaláveis e já estão disponíveis hoje, e cabe aos formuladores de políticas adotá-las rapidamente diante da tendência de piora”, diz a startup.
No fim de julho, a empresa também levou a tecnologia para o sudeste da Austrália, onde será a primeira plataforma ativa de incêndios do tipo no país.
“É essencial proteger não só o património florestal, mas sobretudo aqueles que vivem e trabalham na região. A implementação desta primeira tecnologia australiana melhora a segurança de todos”, disse o primeiro-ministro da Austrália, Peter Malinauskas.
Tecnologia brasileira
Por aqui, uma tecnologia semelhante também vem sendo utilizada com sucesso no gerenciamento de incêndios em áreas de grandes dimensões, como florestas e plantações.
A inteligência artificial do software Pantera, da startup umgrauemeio, de Jundiaí (SP), consegue detectar fumaça em apenas três segundos usando câmeras de alta resolução instaladas em torres, cada uma com alcance de até 15 Km.
Além da rápida detecção, a plataforma atua também na prevenção, com um mapa de risco de incêndio, calculado diariamente; na gestão de brigadas, mapeando frotas e enviando relatórios em tempo real; e na análise de impacto ambiental, sobre as áreas queimadas e as emissões de CO2.
A IA da umgrauemeio foi implementada por exemplo, no Pantanal, no projeto Abrace Pantanal, um dos maiores de detecção precoce de incêndios do mundo. A iniciativa visa proteger 2,5 milhões de hectares de áreas nativas do bioma, que foi tragicamente atingido por um megaincêndio em 2020.
Fonte: Exame.