sexta-feira,22 novembro, 2024

Inteligência artificial é aposta do mercado financeiro? Veja riscos e oportunidades da tecnologia

Inteligência Artificial (IA) generativa é um prato cheio de oportunidades para o mercado financeiro, mas também há uma série de desafios e questões em aberto quando se trata da aplicação da tecnologia no setor. Apesar disso, existe otimismo em torno do avanço de sua utilização.

A 27ª edição da Global CEO Survey, pesquisa anual elaborada pela PwC, que ouviu mais de 4,7 mil CEOs em mais de 100 países — incluindo o Brasil — mostra que executivos do setor de serviços financeiros estão atentos à necessidade de reinvenção.

Nesse sentido, 74% dos respondentes brasileiros do setor de serviços financeiros acreditam que a inteligência artificial generativa irá melhorar a qualidade dos produtos ou serviços das companhias nos próximos 12 meses.

Em linha com o dado, Leticia Murakawa, CRO da Keeggo, conversou com o Money Times e apontou que a tecnologia abre portas para uma série de possibilidades de aplicação, que vão desde tomadas de decisões de investimentos até a automatização de processos financeiros.

Ela explica que a IA tem um grande potencial acelerador, avançando a capacidade de realização de tarefas mais complexas, análises de dados de mercados, tendências e até mesmo tomadas de decisões de investimentos. Em linhas gerais, abre uma série de portas que envolvem aceleração do setor em sua totalidade.

Em que pé a IA no mercado financeiro está?

Apesar das boas perspectivas, a aplicação da Inteligência Artificial generativa ainda dá passos iniciais. Leticia pondera que, apesar de muitas empresas aplicarem o recurso, utilizando, por exemplo, em tomadas de decisões, ela vê o potencial da tecnologia como muito mais amplo do que vem sendo explorado até então.

A pesquisa elaborada pela PwC concomita com a avaliação da executiva da Keeggo — empresa especializada em tecnologia –, ao apontar que a implementação dessa tecnologia em todas as áreas da empresa ainda é uma realidade distante no país. Dos CEOs brasileiros de serviços financeiros, 23% alegaram esse status de implementação. Na média geral do país, foram 30%.

“Ainda que o estágio de implantação da IA em toda a corporação não seja uma realidade para a maioria dos nossos entrevistados, percebemos o poder de influência dessa inovação. 63% dos CEOs do setor no Brasil acreditam que a IA generativa aumentará a capacidade de criar confiança com os stakeholders e 71% esperam aumento na lucratividade com a sua implementação”, avalia Lindomar Schmoller, sócio da PwC Brasil e líder do setor de serviços financeiros.

Inteligência artificial e mercado financeiro: quais os riscos?

A pergunta de um milhão de dólares quando se trata de inteligência artificial gira em tornos da utilização de dados, privacidade e transparência.

Murakawa explica que existem desafios de ética, de fraude e que ainda existem vários riscos que o mercado ainda não sabe — e talvez não esteja preparado — para endereçar.

“As empresas vão ter um desafio de como estabelecer suas regras de privacidade, como se proteger com seguranças para evitar fraudes que não são previstas hoje, e desafios com a regulamentação, até mesmo para termos mais proteções em termo de utilização de dados, porque o dado é a fonte que alimenta a IA. E se não tiver uma política bem estabelecida, podemos ter conflitos”, pondera.

A 27ª Global CEO Survey também revelou que os riscos cibernéticos são a principal ameaça ao negócio, citados por 43% dos CEOs brasileiros de serviços financeiros.

Inclusive, a pesquisa destaca que esse fator é mais preocupante para o setor financeiro do que para a média geral de respondentes do Brasil, de 25%.

“As três principais ameaças para o setor de serviços financeiros no Brasil e a percepção geral de todos os segmentos no país são as mesmas, mas a ordem altera um pouco. Para o setor, riscos cibernéticos são a maior ameaça (37%) do que para o país como um todo (25%). Na segunda posição do setor, temos inflação e instabilidade macroeconomica, ambas com percentual de 37%, em comparação com 29% e 31% do total de respondentes”, analisa Schmoller, da PwC.

gráfico pwc
(Fonte: PwC/27ª Global CEO Survey)

União da IA com finanças pessoais

Com uma grande gama de possibilidades do que pode ser feito, o Money Times buscou exemplo prático da IA dentro do mercado financeiro – neste caso, mais especificamente aplicando em finanças pessoais.

O diretor de pagamentos da Evertec no Brasil, Daniel de Oliveira, contou detalhes sobre a solução desenvolvida pela companhia que corrobora para o controle financeiro ao integrar conta de pagamentos ao ChatGPT, proporcionando maior controle sobre as operações e situação da conta.

Oliveira aponta que, apesar dos desafios, muitas transformações estão sendo promovidas pela IA, e isso abrange diversos setores do mercado financeiro, incluindo soluções de pagamentos. Ele defende que a palavra para utilizá-la de maneira positiva é a “cautela”.

No cenário do ChatGPT se popularizando entre as pessoas, Daniel explicou que a Evertec viu a oportunidade de conectar a tecnologia na interface de conta de pagamentos e proporcionar um acesso a diversas informações relacionadas às finanças dos usuários.

Ele destaca que, dentre os aspectos vantajosos, está uma consulta mais específica sobre as informações financeiras, como qual o estabelecimento que mais teve gastos, qual o maior custo em um período, entre outras informações que viabilizam controle financeiro.

O diretor de pagamentos ressaltou a importância da privacidade e o cuidado demandado para que os usuários aceitem os termos e saibam o que estão aceitando, visto que é cedido o acesso a uma série de dados sensíveis.

“Tem que ter um controle de privacidade para que cada pessoa possa optar ou não por essa facilidade. Cada um tem que decidir se a facilidade que a IA nos traz em termos de flexibilidade e fazer coisas diferentes vale o custo de ter os dados transmitidos para uma entidade terceira”, avalia.

Neste sentido, ele explica que, para fazer o uso do recurso criado pela Evertec, o usuário passa por uma etapa em que autoriza a consulta ao ChatGPT.  Sobre a aplicação da IA nesse segmento, ele aponta que a tecnologia viabiliza redução de custos, aumenta a eficiência e, no caso da IA generativa, ainda viabiliza um contato mais humanizado.

Por Lorena Matos

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