De um lado, as mudanças no comportamento das pessoas que transformam a sociedade e dão novos contornos às interações humanas e ao consumo de produtos, serviços, informação e entretenimento. De outro, a evolução digital que impacta os negócios das marcas, através da incorporação de novas ferramentas, conceitos e práticas. A discussão humanizada sobre essa relação indissociável tem sido uma das principais características do ProXXIma, o principal evento de tecnologia e inovação aplicadas ao mercado brasileiro de comunicação, marketing e mídia, cuja edição de 2023 aconteceu na terça e quarta-feiras da semana passada, no WTC, em São Paulo.
Mais uma vez, o encontro conseguiu introduzir novas vozes e referências em debates nos quais a indústria precisa amadurecer constantemente, mas em uma velocidade maior do que a que consegue praticar hoje. Temas tão falados e, ainda assim, tão urgentes como as práticas tóxicas do mercado publicitário, o potencial de consumo inexplorado das favelas brasileiras e a necessidade de as empresas serem mais inclusivas e de estabelecerem metas setoriais para formarem e manterem equipes mais diversas foram abordados no palco principal em meio a análises de CEOs sobre os obstáculos do momento de escassez no cenário econômico nacional.
Assunto onipresente, a inteligência artificial apareceu em diversos contextos — na maioria deles, mostrando que suas aplicações ainda geram muita controvérsia. Uma das dúvidas é se o pêndulo da tecnologia generativa se curvará mais para o lado humano, o que gera reações que vão desde as regulatórias e de propriedade intelectual até as preocupações com as novas dinâmicas de trabalho que suscita.
A relação íntima da sociedade com as redes sociais é outra vertente importante de conteúdo do ProXXIma, especialmente considerando-se o complexo ambiente de consumo atual mediado por algoritmos — o que afeta as relações de liberdade e confiança entre criadores de conteúdo e marcas.
Houve espaço também para a defesa de uma nova teoria para o marketing do futuro. Na tese de Silvio Meira, cofundador do Porto Digital, e Rosário Pompéia, sócia fundadora da LeFil, as sequências de trocas e interações que eles chamam de fluxos substituem os canais e meios; os influenciadores perdem espaço para os articuladores de comunidades; o storytelling dá lugar à narrativa; e a busca da audiência é trocada pelo engajamento. Uma nova lógica em que produto se torna serviço e serviço vira experiência.
Com mais de dois mil profissionais inscritos, o ProXXIma 2023 bateu recorde de público e reuniu os principais líderes da indústria. Além dos debates que mobilizaram as atenções nos palcos ProXXIma e Nielsen, diversas empresas patrocinadoras usaram outros espaços para momentos de negócios e networking. Nos estandes do salão principal, muitos pontos de encontro para exibições de produtos e serviços; no palco Content, apresentações de ideias e propostas de marcas atuantes em segmentos variados, do marketing de influência à educação, de startups a companhias com business já estabelecidos; e no Experience Room, agências, plataformas e consultorias ofereceram conteúdo paralelo para o público interessado em se aprofundar nos campos de atuação das empresas anfitriãs.
Nos palcos, salas de debates e corredores, o ProXXIma firma-se como fórum para ampliar o conhecimento do mercado provocar reflexões aplicáveis ao trabalho, aos negócios e à sociedade. O evento também incentiva o compartilhamento multiplataforma de conteúdo, que está resumido nas reportagens das páginas 24 a 33, e segue disponível on demand para os participantes inscritos e para os assinantes dos Círculos Líderança e Profissional, de Meio & Mensagem. Pelo conjunto das questões que trata, é possível se chegar à constatação óbvia de que a indústria não é um organismo homogêneo, e a diversidade de abordagens e pessoas é uma de suas maiores riquezas.
Fonte: Meio Mensagem
