O Brasil tem avançado em políticas públicas voltadas ao fomento da ciência, tecnologia e inovação, como a Lei do Bem e os Fundos Setoriais. No entanto, apesar dessas iniciativas, o setor privado ainda contribui para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de maneira tímida, com níveis de investimento abaixo da média global. Em 2025, esse cenário apresenta desafios, mas também oportunidades promissoras, impulsionadas por estratégias que conectam tecnologia, ciência e mercado de maneira mais eficaz.
Com um potencial significativo para liderar a inovação na América Latina, o Brasil inicia 2025 com um cenário mais estruturado. O fortalecimento das deep techs — empresas baseadas em avanços tecnológicos disruptivos — emerge como um dos pilares dessa transformação. A inauguração de parques tecnológicos, o foco em sustentabilidade e a intensificação da integração entre academia e indústria são alguns dos marcos que prometem impulsionar o ecossistema de inovação.
Iniciativas como a Estratégia Nacional de Apoio às Startups Deep Techs, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e o programa Mais Inovação da Finep estão criando um terreno fértil para a atração de startups e indústrias inovadoras. Estados como Mato Grosso têm se beneficiado dessa conjuntura, especialmente em áreas estratégicas como biotecnologia, energia limpa e agronegócio sustentável. O Vale do Pacu, ecossistema de inovação de Cuiabá e Várzea Grande, por exemplo, desponta como um ecossistema que une atores públicos e privados em prol do desenvolvimento regional.
Mas apesar das perspectivas positivas, os ecossistemas de inovação no Brasil ainda enfrentam obstáculos significativos. A burocracia excessiva continua sendo um entrave para o crescimento de startups e para a implementação de políticas públicas de maneira ágil. Além disso, a interação entre os diferentes atores — governo, academia, setor privado e sociedade — permanece limitada, restringindo o potencial colaborativo que é essencial para a inovação.
Outro desafio é a dependência de investimentos públicos para o fomento de P&D. Embora iniciativas como o FNDCT sejam essenciais, a sustentabilidade de longo prazo desses programas depende de um aumento na participação do setor privado e de modelos de financiamento mais diversificados.
Para superar essas barreiras e consolidar os avanços, será necessário um esforço coordenado entre setores e regiões. Políticas públicas robustas e bem alinhadas às demandas de pesquisa e mercado devem priorizar a simplificação de processos burocráticos, o estímulo a parcerias público-privadas e a capacitação de talentos. Estados como Mato Grosso, com sua vocação natural para a inovação no agronegócio e nas energias renováveis, podem servir de modelo para outras regiões do país.
O posicionamento estratégico das deep techs como solucionadoras de problemas globais será outro fator determinante. Em um mundo cada vez mais voltado para a sustentabilidade e a transformação digital, startups que atuam em áreas como inteligência artificial, biotecnologia e energias limpas têm a oportunidade de liderar a inovação, não apenas no Brasil, mas também no cenário internacional.
Em 2025, os ecossistemas de inovação brasileiros têm potencial para se destacar, desde que os esforços sejam focados na criação de uma economia mais conectada, colaborativa e resiliente. Superar os desafios exigirá liderança, visão estratégica e, sobretudo, união de esforços entre todos os envolvidos. Se esse caminho for trilhado com consistência, o Brasil não apenas alcançará novos patamares de competitividade, mas também se consolidará como um dos protagonistas da inovação global.