De acordo com a pesquisa Catalisador de Inovação, 57% dos líderes brasileiros asseguram que a relação entre os executivos de negócios e o departamento de TI é essencial para o desenvolvimento

A inovação não é apenas uma palavra da moda. Mais que isso, é um componente crítico para o crescimento das organizações. No entanto, as empresas muitas vezes têm dificuldades para implementar a inovação que dizem interessar-lhes. Para realmente conseguir isso, as companhias deveriam considerar duas estratégias muito claras: utilizar a IA generativa (GenAI) para abordar tarefas específicas e construir uma relação sólida impulsionada pela comunicação entre os tomadores de decisões da empresa e o departamento de TI.

A integração da GenAI nas diferentes unidades de negócio de uma empresa e seu departamento de TI pode ser o catalisador de uma nova era de inovação, desde que os canais de comunicação permaneçam abertos e os objetivos estejam alinhados. A GenAI continua crescendo como uma força transformadora e o futuro parece muito promissor. A alta administração está particularmente entusiasmada com seu potencial e vê a GenAI como uma ferramenta para superar barreiras à inovação, melhorar a segurança, descobrir novas fontes de receita e reduzir custos.

Definitivamente, a GenAI transformará significativamente as indústrias no futuro, e isso é percebido por 88% dos entrevistados brasileiros na pesquisa Catalisador de Inovação, da Dell Technologies. Embora no Brasil, 86% dos líderes de TI e de negócios consultados se reconheçam bem posicionados competitivamente, 39% experimentam incerteza sobre como será sua indústria nos próximos três a cinco anos. Por exemplo, 37% dos entrevistados informam que têm dificuldades para manter o ritmo e citam a falta do talento adequado (33%), a privacidade dos dados e as preocupações de cibersegurança (36%) e a falta de orçamento (25%) como desafios que enfrentam para impulsionar a inovação.

Superando as barreiras
O caminho a seguir é complexo, mas as organizações latino-americanas têm claros os elementos que podem melhorar para alcançar níveis mais altos de inovação. 57% dos entrevistados do Brasil reconhecem que devem investir em tecnologia moderna e escalável para realmente alcançar uma mudança.

Adicionalmente, chama a atenção que 57% dos participantes asseguram que para alcançar uma verdadeira inovação é necessário fortalecer a relação entre os tomadores de decisões empresariais e seu departamento de TI. No dinâmico mundo da tecnologia e dos negócios, a relação entre os tomadores de decisões de TI (ITDM, na sigla em inglês) e os responsáveis pela tomada de decisões empresariais (BDM, na sigla em inglês) é crucial. Esta relação frequentemente se vê tensa por uma dessalinização de prioridades e falta de comunicação, o que pode conduzir a um estancamento da inovação.

Segundo a pesquisa, no Brasil, por exemplo, 65% dos BDMs costumam considerar que têm razões para excluir o departamento de TI das discussões estratégicas da organização. Este número é similar em todo o mundo, já que, a nível global, por exemplo, 81% dos BDMs frequentemente excluem os ITDMs das discussões estratégicas. A chegada da GenAI tem o potencial de ampliar essa brecha, já que os ITDMs põem grande ênfase em suas capacidades transformadoras, enquanto os BDMs podem não compartilhar o mesmo entusiasmo.

A chave para superar essa divisão reside em inter-relações deliberadas nas quais ambas as partes se unem para compartilhar suas perspectivas. Os ITDMs aportam uma mentalidade estratégica e orientada ao futuro, centrando-se no potencial a longo prazo das tecnologias emergentes. Os BDMs, por outro lado, oferecem um enfoque tático, concentrando-se na aplicação imediata e impacto nas operações comerciais. Estas prioridades são complementares e podem se apoiar para que se produza uma inovação real.

As pessoas no centro
A todo o discurso sobre GenAI e a inovação falta um componente crítico: as pessoas. Empoderar a força de trabalho é crucial se as empresas desejam ser inovadoras em vez de simplesmente acreditar que o são. De acordo com o estudo, as organizações de todo o mundo dizem que seu desafio número um para impulsionar uma inovação bem-sucedida é a falta de talento com as habilidades e competências adequadas.

No Brasil, por exemplo, 89% das organizações têm funcionários que enfrentam desafios para impulsionar a inovação. A fluência em IA, a agilidade e o desejo de aprendizado, assim como o pensamento empreendedor, juntamente com habilidades críticas para a tomada de decisões, precedem o pensamento criativo como as principais habilidades e competências para os próximos 5 anos.

Diante desse panorama, resulta fundamental promover a educação e capacitação contínua por parte dos trabalhadores. Cultivar uma cultura onde se valorizam as ideias inovadoras, garante que os funcionários estejam alinhados com a missão da organização, sejam adaptáveis à mudança, resilientes frente ao fracasso e, finalmente, mantenham uma clara missão de integrar a inovação em todos os processos. Esses fatores juntos definitivamente conduzirão ao sucesso das pessoas e de toda a organização.

Em geral, embora já tenhamos traços claros do interesse em inovar nas organizações do Brasil, ainda há desafios a superar. Priorizar uma relação de colaboração entre ITDMs e BDMs, juntamente com um uso realista e apropriado da GenAI, nos permitirá seguir avançando. Resulta urgente, portanto, interiorizar essa nova realidade e começar a agir de imediato, caso contrário as organizações correrão o risco de ficar para trás em relação aos seus concorrentes em um futuro próximo.

Luis Goncalves é presidente da Dell Technologies para América Latina

Fonte: Forbes