Está na hora do fim da festa
Existem dois mundos debatendo a inovação no momento. O primeiro deles remete ao ambiente promissor das empresas de tecnologia, fundos de investimentos e startups. Se voltássemos alguns anos, seria possível relembrar o boom das primeiras empresas “ponto.com”, uma migração de capital das empresas tradicionais para os primeiros provedores de internet, o surgimento dos fundos de private equity e, na sequência, uma crise sem precedentes na bolsa eletrônica americana de valores. Muitos analistas da época indicavam este final feliz, mas o efeito manada já estava iniciado.
Existem dois mundos debatendo a inovação no momento. O primeiro deles remete ao ambiente promissor das empresas de tecnologia, fundos de investimentos e startups. Se voltássemos alguns anos, seria possível relembrar o boom das primeiras empresas “ponto.com”, uma migração de capital das empresas tradicionais para os primeiros provedores de internet, o surgimento dos fundos de private equity e, na sequência, uma crise sem precedentes na bolsa eletrônica americana de valores. Muitos analistas da época indicavam este final feliz, mas o efeito manada já estava iniciado.
Somando os dois primeiros parágrafos, ainda é preciso recordar sobre a valorização gigantesca do índice FAANG, uma analogia as principais empresas de tecnologia americanas, pautadas em dados, no uso de telefonia móvel e na massificação dos seus produtos para usuários em todos os cantos do mundo. Além disso, uma grande lista de startups está em busca de investidores aptos no financiamento de modelos de negócios similares aos das empresas do índice citado, com avaliações futuras de caixa baseadas no seu Ebitda.
Em outra dimensão, tem-se um segundo mundo da inovação pautado na crença de que é preciso tempo para gerar conhecimento em profundidade, escalar mercado e gerar impacto real para o mundo. Este mundo tem a sua origem em problemas concretos da sociedade, no equilíbrio entre capital público & privado e pesquisas com bom lastro técnico. Exemplos recentes não faltam, citando os avanços dos estudos sobre o agronegócio brasileiro, tecnologias para siderurgia, mineração, novas fontes energéticas, medicina personalizada e os avanços necessários para a nossa sustentabilidade enquanto espécie.
Para este segundo mundo, o tempo é um amigo importante para amadurecer os seus objetivos, premissas, métodos e resultados. Este mesmo tempo pode ser um inimigo, considerando a velocidade do mundo atual, em que tudo é duto ágil.
Se compararmos os dois mundos em análise, a primeira opção poderia ser muito mais interessante, ainda mais para aqueles investidores ávidos por alocar seu capital e não perder nenhum centavo no curto prazo. Na economia tradicional, este fenômeno chama-se sistema de crenças, quando a predisposição para perdas possíveis é baixa e resultado em potenciais bolhas.
Talvez a melhor opção não seja a mais evidente. Repensar os caminhos atuais da inovação, além das tecnologias digitais, poderia ser um bom avanço. Aliás, muitos pesquisadores reconhecidos inclusive com o Prêmio Nobel, vêm advogando pela mesma causa. Isto é, a inovação deve gerar ganhos reais de produtividade, impactos na renda per capita e crescimento social, cedendo lugar à concentração de riqueza, riscos para uma massificação do desemprego e comparações no mínimo estranhas com números exponenciais do universo tecnológico. Resta saber qual a sua escolha e caminhos que devemos seguir. Boa reflexão.
Fonte: época Negócios