sexta-feira,22 novembro, 2024

Inovação e tecnologia no holofote do mercado de seguros

Começou hoje, 25 de julho, o CQCS Insurtech & Innovation 2023. Realizado em São Paulo, o principal objetivo do evento é reunir lideranças do mercado de seguros, entidades, corretores e especialistas para abordar os principais temas que envolvem inovação e seguros na América Latina. Com o tema “Seguro é sexy”, a quinta edição da feira irá abordar assuntos que podem ajudar desmistificar a maneira que a sociedade enxerga o setor.

Gustavo Doria, CEO do CQCS Insurtech & Innovation, fala sobre as mudanças que ocorreram no evento ao longo dos últimos anos e da importância que ele adquiriu para o mercado brasileiro.

Na plenária de abertura do evento, o presidente do Grupo Bradesco Seguros, Ivan Gontijo, falou sobre as oportunidades e desafios do mercado. Segundo o executivo, é fundamental que os profissionais do setor discutam o futuro do segmento e da necessidade do investimento em inovação. ”Quando falamos em inovação, não se trata apenas de criar algo novo, mas sim restaurar processos e entender o que é preciso fazer de diferente para oferecer o melhor ao consumidor”.

Gontijo também ressaltou sobre a papel de extrema importância das seguradoras ouvirem o que seus parceiros e segurados têm a falar. ”É preciso ouvir os corretores, que trazem para nós as demandas dos clientes, e adotar as medidas necessárias para atender às suas expectativas. Ao fazer isso, conseguimos ofertar produtos que protejam o consumidor contra todos os riscos ao qual ele está exposto. Esse é o papel do seguro”.

Em seguida, Alessandro Octaviani, superintendente da Susep (Superintendência de Seguros Privados) destacou o papel que a entidade vem adotando para promover a transformação no segmento. Segundo Octaviani, a autarquia está realizando uma série de mudanças regulatórias com o objetivo de atrair players inovadores para mercado. ”Nossa indústria é composta por pessoas e feita para pessoas. É nosso dever empurrar o setor a um novo patamar, identificando como o segmento lida com a inovação tecnológica para servir ao consumidor, que é o centro do negócio”.

De acordo com o superintendente, um dos critérios para avaliar se um país é bom para se viver é a sua capacidade econômica, ”É através do desenvolvimento da economia que a qualidade de vida da sociedade melhora, e a inovação tecnológica auxilia neste processo. Como representantes do mercado de seguros, nosso desafio é impulsionar o setor como um dos produtores dessa inovação, adquirindo tecnologias para nos estabilizarmos em uma corrida na qual outros segmentos estão avançando”.

Segundo Octaviani, é dever da Susep avaliar a gestão das reservas financeiras do mercado visando proporcionar o bem-estar do consumidor. ”Só é possível garantir esse bem-estar ao cliente se as empresas do setor estiverem bem gerenciadas. Para isso, o SRO é fundamental na fiscalização de seguros na era do Big Data. Só aqui, já se demanda uma nova relação do mercado de seguros com a inovação tecnológica, alimentando essa demanda de dados para a melhoria do segmento como um todo e criando um novo ambiente de comercialização de produtos, o Open Insurance, que oferece uma nova experiência de compra e venda de seguro”.

Sobre o Sandbox Regulatório, o superintendente acredita que proporcionar uma maior flexibilização no desenvolvimento de produtos é olhar para o futuro de maneira mais assertiva, fazendo com que as novas empresas do setor já nasçam baseadas na inovação tecnológica. ”Aqui temos a chance de tornar a tecnologia mais presente no segmento, realizando uma gestão de risco mais eficaz e melhorando a capacidade disruptiva do mercado para criar soluções que atendam diversas indústrias ao redor do mundo”.

Educação e tecnologia para atrair novos talento

Para falar sobre a importância da inovação na educação, especialmente em seguros, John Wilson, diretor acadêmico do programa MS Financial Technology da Universidade de Connecticut; e Laurissa Berk, diretora de Serviços para Alunos e Docentes dos programas STEM de graduação da Escola de Negócios da UConn, abordaram quais ações o mercado de seguros podem adotar no recrutamento de colaboradores da indústria.

O foco da apresentação dos acadêmicos foi ”estratégias inovadoras de aquisição de talentos”. Segundo os especialistas, o setor de seguros pode estar conectado à tecnologias, como a Inteligência Artificial e o Machine Learning, e utilizar essas ferramentas de maneira mais assertiva para conquistar estudantes de diversas áreas. ”Colocando essa teoria em prática, a UConn tem parceria com diversas empresas do segmento para proporcionar experiências diferenciadas aos alunos, como a promoção de eventos dentro e fora das corporações, para fazer com que os jovens entendam como funciona o mercado”, disse Laurissa.

De acordo com Wilson, levar os estudantes para congressos e conferências fez com que o programa da UConn alcançasse sucesso. ”Antes do primeiro evento, apenas 15% dos estudantes estavam dispostos a trabalhar no mercado de seguros, e as big techs eram as favoritas deles. Depois dessa iniciativas, esse índice saltou para 60%. Esse panorama mudou porque os alunos puderam vivenciar um pouco da rotina da indústria, fazer networking, observar todos os processos e compartilhar experiências com executivos do setor. Mais do que engajar os jovens, é preciso que as companhias invistam em educação e treinamento contínuo para impulsionarem a inovação no segmento”.

Embedded Insurance e mobilidade

Focando no impacto do embedded insurance no ecossistema da mobilidade, Phil Hobson, diretor geral e líder de Afinidades Internacionais na Marsh, participou do primeiro dia do CQCS Insurtech & Innovation. Durante sua apresentação, o executivo abordou como esta modalidade pode ser uma das alternativas para a indústria automotiva proporcionar uma melhor experiência ao cliente.

O seguro embutido oferece a possibilidade das empresas do mercado de seguros se conectarem com outros segmentos, para ofertar proteções dentro da sua jornada de consumo de produtos e serviços. Através do uso de tecnologia, o embedded insurance prevê o acoplamento desse serviço por meio de API’s dentro da jornada do cliente, oferecendo um serviço mais personalizado e ajustado à realidade do consumidor.

”Eu moro em Londres, que é uma das referências globais em sustentabilidade quando o assunto é mobilidade. Lá nós nos preocupamos com o cidadão e as autoridades investem em uma boa infraestrutura logística e transporte público. O povo inglês utiliza carros alugados por um curto período de tempo, o que faz com que as montadoras não consigam engajar por muito tempo o cliente. Com o embedded insurance, as empresas automobilísticas ou até mesmo as que prestam o serviço de aluguel de veículos podem disponibilizar seguros integrados, oferecendo uma proteção personalizada e conveniente ao cliente”.

Estratégias para impulsionar o setor

O presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), Dyogo Oliveira, participou do CQCS Insurtech & Innovation 2023 para falar sobre o PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros). O executivo apresentou um panorama econômico brasileiro e como o setor pode ajudar a impulsionar a economia no Brasil, além de proteger a sociedade.

Segundo dados que Oliveira apresentou, a média de crescimento econômico global desde o Plano Real, 29 anos atrás, foi de 3,75% ao ano, enquanto no Brasil esse índice foi de 2,25% (1,5 p.p abaixo da média global). De acordo com o presidente da CNseg, um dos pontos de partida para mudar a realidade econômica do país é transformar o entendimento da população sobre o que é seguro. ”É nosso dever alcançar o consumidor que não tem informação, que pensa que não tem uma capacidade de renda, e mesmo assim não enxerga o seguro como uma solução no planejamento financeiro”.

O objetivo do PDMS é promover o desenvolvimento sustentável do mercado de seguros até 2030, elevando a participação setorial no PIB através do esforço conjunto de diversas entidades, que ao longo de seis meses definiram quatro eixos de trabalho e mapearam 65 iniciativas. ”Um desses eixos é a mudança da imagem do seguro. Para isso, devemos investir na agenda ASG, colocar o consumidor no centro da estratégia, adotar um novo branding e fortalecer instituições de capacitação focadas em seguros. Precisamos melhorar a nossa comunicação, e isso deve ser um esforço geral da nossa indústria, para aproximar o cliente e fazer com que ele entenda como funciona uma apólice”, disse o presidente da CNseg.

Outro tema que o PMDS aborda é o desenvolvimento dos canais de distribuição. Segundo Oliveira, investir em inteligência comercial, aperfeiçoando a base de dados do canal corretor, é fundamental para que o mercado entenda as demandas do novo consumidor. ”Ao qualificar o corretor, que é o agente que promove a cultura do seguro, iremos atingir mais pessoas e desenvolver produtos que atendam as suas necessidades, identificando possíveis riscos e protegendo as pessoas, suas famílias e seus bens”.

Caso as ações e iniciativas do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros sejam executadas, a expectativa é ampliar em 20% a parcela da população atendida pelo setor. ”Queremos alcançar 6,5% do PIB em 2030, ou R$ 731,5 bilhões em números atuais. A mobilização de empresas, entidades representativas e outros atores do mercado em torno do PMDS é fundamental. Além da construção de um mapa de esforço e benefícios, vamos criar um comitê de monitoramento e acompanhamento do mercado. São ações como estas que irão nos ajudar a expandir o segmento não somente em números, mas também na possibilidade de oferecer soluções que protejam as pessoas de maneira efetiva”.

O seguro é sexy?

Na última plenária do primeiro dia do CSCS Insurtech & Innovation 2023, Matteo Carbone, fundador do IoT Insurance Observatory e Embaixador Global da Associação Italiana de Insurtech, falou sobre sobre como o mercado de seguros pode se manter relevante na era da digitalização. O especialista apresentou cases de empresas que estão, através da tecnologia, oferecendo incentivos aos segurados que adotarem hábitos mais saudáveis.

Segundo o especialista, ao oferecer esse tipo de benefício, os clientes se sentem mais motivados ao pagar por uma apólice que ajude a melhorar a sua qualidade de vida. ”Muitas das seguradoras com os melhores desempenhos financeiros estão investindo no paradigma da Internet das Coisas. Com isso, essas empresas ganham a fidelidade do cliente e melhoram a gestão do sinistro, aprimorando a eficiência do negócio e o contato com o segurado”.

De acordo com Carbone, a Internet das Coisas não se trata apenas de personalização e agilidade, mas sim de eficiência. ”O uso do paradigma da IoT traz a oportunidade de alocar negócios, criar valor no processo central do seguro, desenvolver novas oportunidades e melhorar a sustentabilidade da operação”.

Fonte: Apolice

Redação
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