Saiba como as maiores indústrias do mundo estão trabalhando para zerar pegadas de carbono e diminuir o uso de plástico em itens para casa
Os últimos anos despertaram na maioria da população a urgência de ajustar seus hábitos de consumo, mirando investir em um estilo de vida mais sustentável e responsável. Ao seguir a preocupação inadiável da maioria dos consumidores e leis ambientais, as empresas iniciaram um processo de adesão a práticas cada vez mais sustentáveis, e as big techs, como Amazon, Google e Apple, não ficam de fora dessa.
A relevância deste tipo de mercado é tanta que 75% dos consumidores brasileiros demonstraram serem mais facilmente conquistados por uma empresa alinhada às práticas de ESG (Environmental, Social and Governance), enquanto 57% já deixou de comprar produtos de marcas que prejudicam o meio ambiente de alguma forma, como revela pesquisa da Opinion Box.
Para Helen Brito, Gerente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE), uma empresa que oferece iniciativas sustentáveis, por exemplo, é aquela que desenvolve um produto com várias funcionalidades: “A tecnologia pode colaborar com a sustentabilidade do lar enquanto podemos ter produtos que exercem as funções de dois ou três outros, e, consequentemente, termos uma menor geração de resíduos eletroeletrônicos”, exemplifica.
Já Claudir Segura, Doutor em Tecnologias da Inteligência e Design Digital e professor de ferramentas tecnológicas na PUC-SP, uma empresa preocupada em oferecer soluções tecnológicas para o lar e que se adeque a iniciativas governamentais – como o Acordo de Paris – deve seguir um padrão. “As empresas precisam de uma regulamentação sustentável”, explica. Para isso, Claudir pontua que o próprio Governo precisa estabelecer normas que incentivem ou até mesmo exijam que os produtos atendam padrões de sustentabilidade, e cita:
- Eficiência energética;
- Uso de materiais reciclados;
- Redução nas emissões de carbono;
- Parcerias com o setor público.
Ainda assim, ele pontua que práticas como essas não são o suficiente para um impacto direto na natureza. Apesar de ser completamente possível que empresas se adéquem a iniciativas públicas e criem suas próprias para diminuir os efeitos negativos, Claudir explica que o problema também é estrutural e as empresas precisam criar uma consciência pelo futuro que ajudam a arquitetar.
Exemplos de iniciativas para o professor seriam produtos eletrônicos que não só economizem energia como também sejam duráveis, facilmente atualizáveis e reciclados, e que aproveitem o melhor do desenvolvimento tecnológico para serem ainda mais ecológicos: “Produtos inteligentes, como lâmpadas que funcionem conforme a presença ou ausência de luz e pessoas; serviços de monitoramento e controle para permitir que consumidores entendam seu consumo de energia e de água; uso de energia limpa para lares como os painéis solares; geração de energia eólica; casas inteligentes; e programas de reciclagem são alguns exemplos”, explica.
Empresas pequenas, segundo Claudir, também não ficam para trás. “O recondicionamento de produtos prolongam a sua vida útil. Quem se especializa nisso, como empresas que fazem manutenção de produtos, têm dado sobrevida a itens, como celulares, permitindo que continuem na cadeia de consumo”.
Assim, a necessidade por mudança também vem afetando a maneira de morar e se comunicar das pessoas, que não abrem mão da modernização e tecnologia no dia a dia, mas pedem por mais responsabilidade ambiental e social.
Veja, abaixo, como algumas empresas auxiliam a trazer um futuro mais sustentável para dentro de casa:
1. iPhone 15
Apresentado ao mundo em 13 de setembro, a nova linha de smartphones da Apple representa mais um passo rumo às metas ousadas de ESG da empresa. O CEO, Tim Cook, aposta zerar o impacto dos seus produtos na natureza até 2030, a começar pelo iPhone 15, que conta com 75% de alumínio reciclável e 100% de produtos recicláveis internamente.
O dispositivo, que pode controlar os mecanismos de uma smart home, como lâmpadas, campainhas, alarmes e câmeras inteligentes, também faz parte do anseio por zerar o carbono liberado durante produção, transporte e venda dos eletrônicos.
2. Google Nest
As casas inteligentes, também chamadas smart homes, são responsáveis por uma maior economia de energia elétrica – visto que as luzes e outros dispositivos só ficam ligados quando estão sendo realmente usados, com a vantagem de desligar de qualquer lugar ou a partir de um modo “soneca”, para os mais esquecidos – e além de serem controladas pelo celular, também são mais facilmente manipulados pelo controle de voz dos assistentes inteligentes, como o Google Nest.
Com diversos designs, o pequeno assistente, que pode ficar em vários cantos da casa, também tem tecido externo feito 100% de garrafas plásticas recicláveis.
3. Alexa
Seguindo a mesma linha, a Alexa é a assistente inteligente da Amazon. A nova Eco Show, além de controlar os dispositivos das smart homes, é feita com materiais sustentáveis, a exemplo do fio poliéster e alumínio 100% reciclados e caixas 99% recicláveis.
Em parceria com a empresa Global Optimism, a Amazon criou em 2019 o The Climate Pledge, um compromisso de impacto líquido zero em carbono e assinado por mais de 100 empresas, incluindo a AMBEV, Philips, P&G, HP, Visa, Heineken e mais.
4. Xbox
A Microsoft, responsável pela linha de consoles Xbox, toma uma série de medidas para até o ano de 2030 reciclar cerca de 90% da sua matéria-prima e, até 2025, zerar o uso de plásticos nos processos. Um caso é a linha de consoles de videogame Xbox. Com a chegada do Xbox Wireless Controller, o novo controle sem fio e recarregável, gamers e entusiastas aproveitam de um produto feito com plástico reciclado, que evita a compra e descarte frequente de pilhas.
Durante os últimos anos, os consoles se tornaram conscientes em carbono, significando que o Xbox agendará atualizações de jogos, aplicativos e sistemas operacionais em horários específicos durante a janela de manutenção noturna, reduzindo as emissões de carbono.
Já os consoles Xbox One ganham novas opções de modo de economia de energia e um sistema inteligente de “Horas Ativas” onde, ao selecionar o modo “In Sleep”, é possível ajustar as horas ativas do console – também estudadas pelo próprio dispositivo, que aprende os horários de atividade e passa a habilitar a função automaticamente.
Segundo a empresa, quando as horas ativas do console acabarem durante o dia, ele desligará completamente e consumirá 0,5 W contra 10-15 W enquanto ativo.
5. Asus
A empresa de eletrônicos traça um caminho verde desde 2009 através do programa Green Asus, que implementou o processo de fabricação sem halogêneos, responsáveis por contaminar o meio ambiente e fazer mal a pessoas e animais.
Além dos processos de fabricação sustentáveis, a Asus faz com que seus produtos sejam desmontáveis e simples de se reutilizar e reciclar, e é dona de programas de reaproveitamento e banimento do uso de chumbo, além das seis substâncias proibidas pela RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substance) restringe, por conta própria, outras 31 substâncias consideradas perigosas ao meio ambiente e à população.
Indo além, a empresa possui o programa próprio, Earthion, no qual trabalha em cooperação com fornecedores e parceiros para incorporar práticas ecologicamente conscientes em toda a cadeia de suprimentos, abrangendo áreas como energia, design de produtos, embalagens, produção, logística e reciclagem.
Unindo-se ao mercado, a Asus também pretende zerar suas emissões de carbono até 2050 e tornar 100% da sua energia proveniente de fontes renováveis até 2035.
Texto: Rafaela Freitas