Indústrias da região de Campinas temem que variação do câmbio impacte negócios nos próximos meses, diz Ciesp

Informação é de uma pesquisa feita com 40 empresas associadas. Instabilidade já causou reflexos na diminuição de investimento das companhias.

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A maioria das indústrias da região de Campinas (SP) acredita que a variação da taxa de câmbio e os impactos provocados pela guerra entre Rússia e Ucrânia vão impactar negativamente os negócios nos próximos meses. A informação é de uma pesquisa feita pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp-SP) com 40 empresas associadas.

De acordo com a sondagem industrial, 65% das indústrias apontam que a variação cambial e de juros, provocada pela instabilidade econômica, vão prejudicar a produção e os futuros negócios, enquanto que outras 18% colocam o conflito na Europa, que começou há dois meses, como a principal causa da queda de investimento e rentabilidade das empresas.

“Nosso associado está preocupado em tirar o pé dos investimentos porque ele não sabe o que vai acontecer. Estamos em um período de instabilidade. A variação do preço do dólar que está acontecendo atualmente afeta quem trabalha diretamente com exportação e importação, mas também quem precisa comprar insumos e commodities. Se a pessoa compra commodities, e o cliente dele é uma montadora, ele não consegue repassar a diferença e tem prejuízo”, afirmou o diretor do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa.

De acordo com Corrêa, não saber exatamente por quanto vai comprar e por quanto vai vender, no caso da indústria que trabalha diretamente com o dólar, gera uma apreensão nas empresas e força uma retração de negócios. “Lucratividade está diretamente ligada aos custos. Com essa instabilidade, a empresa não vai fazer grandes movimentações”, completou.

Já em relação a guerra, o Ciesp apontou que o impacto acontece em indústrias que importam insumos e produtos diretamente do bloco Rússia e Ucrânia, como as companhias dos setores de trigo, adubos fertilizantes e potássio.

Outros indicadores

Ainda segundo a pesquisa do órgão estadual, 47% da indústrias afirmaram que registraram queda na lucratividade, o que já é um reflexo da instabilidade provocada pela variação da taxa de câmbio. Em contrapartida, o volume de produção e o valor das vendas totais tiveram crescimento para 42% e 53% das empresas, respectivamente.

Além disso, a sondagem de abril também apresentou uma pergunta sobre inovação e 48% das empresas afirmaram estar iniciando um processo de implantação de novas tecnologias. “É um processo lento, tem setores que nem conseguem aplicar a inovação porque o método de produção não muda”, explicou Corrêa.

Comércio exterior

Em relação à balança comercial, o saldo total no primeiro trimestre do ano ficou com um volume negativo de US$ 2,2 bilhão, o que representa uma melhora de 13,6% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Nas exportações, houve um saldo positivo de US$ 797,4 milhões, o que equivale a uma alta de 30,4% em relação aos primeiros três meses de 2021. Já as importações fecharam o trimestre com volume de US$ 3 bilhões, com aumento percentual de 17,6%.

A principal preocupação do Ciesp Campinas atualmente são com os novos lockdowns na China para conter o avanço da Covid-19 no país. Com os contêineres parados nos portos, há risco das indústrias voltarem a sofrer com desabastecimento, assim como aconteceu no período mais agudo da pandemia.

Ciesp Campinas

As empresas associadas ao Ciesp Campinas movimentam média de R$ 41,5 bilhões por ano. Do total de 494 empresas, 84 são multinacionais.

Elas estão distribuídas pelos municípios de Amparo (SP), Artur Nogueira (SP), Campinas (SP), Conchal (SP), Estiva Gerbi (SP), Holambra (SP), Hortolândia (SP), Itapira (SP), Jaguariúna (SP), Mogi Guaçu (SP), Mogi Mirim (SP), Paulínia (SP), Pedreira (SP), Santo Antonio de Posse (SP), Serra Negra (SP), Sumaré (SP) e Valinhos (SP).

Os setores de atuação delas são os de alimentos, bebidas, diversos (itens específicos), elétrico, eletrônico, comunicação, madeira, mecânico, metalúrgico, papel e papelão, prestadores de serviços, produtos de materiais plásticos, produtos minerais não metálicos, químico, têxtil, além de transportes e autopeças, entre outros.

Fonte: G1 Globo

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