O impacto do empreendedorismo no desenvolvimento de São Tomé e Príncipe foi tema de mesa de diálogo nesta última terça-feira (11/07), no campus da Liberdade/CE, durante evento referente aos 48 anos de Independência de São Tomé e Príncipe, realizado na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Os convidados que integraram a mesa foram estudantes da Unilab na área de Engenharia. O potencial de empreendedorismo em São Tomé e Príncipe, as estratégias e mecanismos atualmente adotados pelas instâncias governamentais e as lacunas que o país apresenta para o desenvolvimento nesse campo foram alguns dos temas abordados pelos convidados.
“O empreendedorismo é a alavanca para o desenvolvimento de qualquer país e São Tomé e Príncipe não está fora, tendo em conta que São Tomé é um país em desenvolvimento e que precisa de estratégias urgentes para acelerar seu desenvolvimento”, contextualizou a moderadora da mesa, Diana Ceita da Encarnação da Cruz, graduanda em Engenharia de Energias. O também estudante de Engenharia de Energias Eldizer Andrade da Cruz Boa Morte pontuou a existência do Ministério da Juventude, Desporto e Empreendedorismo, de São Tomé e Príncipe, como instância que tem incentivado o empreendedorismo no seu país, com apoio de instituições internacionais. “O Ministério tem um projeto chamado Empreende jovens, que possibilita qualquer um que tem ideias inovadoras e empreendedoras a se inscrever em um concurso e as ações que ficaram em primeiro lugar vão ter apoio financeiro”, exemplificou.
O estudante Patrick Agati Pires, do bacharelado em Engenharia de Energias, destacou que o repasse das informações sobre o empreendedorismo não tem sido eficiente em São Tomé e Príncipe, sobretudo para a população de menor renda e que não tem facilidade de acesso à informação. Ele também sublinhou a necessidade urgente do empreendedorismo em São Tomé e Príncipe, um país em que, segundo contextualiza, grande parte da receita arrecadada vem de forma externa e tem o Estado como maior empregador no país. Para Pires, há uma lacuna que estimule o ensino sobre empreendedorismo que, segundo pontua, deveria ser trabalhado desde antes da juventude, com linguagem mais adequada e com menos burocracia, para que pessoas possam se apropriar dessa ideia com mais força, engajamento e reconhecimento.
“Vendo a realidade de meu país, o são-tomeense por si ele nativamente já é empreendedor, porque as pessoas estão constantemente vendo oportunidades de negócios e oportunidades de desenvolver riqueza. Ele faz mas não se vê como empreendedor”, aponta Pires, que contextualiza que a maior parte da população é empreendedora por necessidade. “Estamos passando por uma roupagem do empreendedorismo que só quando estamos lá em cima, quando alcançamos sucesso é que somos empreendedores. Mas o fato da pessoa simplesmente pegar um produto, ter agregado valor, pegar um público e estar conseguindo fazer escoar o produto e gerar receita, ela já é empreendedora”, contextualiza.
Nesse contexto de empreendedorismo, Pires também destaca que um dos gargalos econômicos em São Tomé e Príncipe é a questão da exportação. Ele aponta para a urgência de cortar importações desnecessárias, para que haja produção e consumo do que é local. Nélio do Sacramento Santiago, graduando em Engenharia de Computação, também salientou a necessidade de trabalhar a questão da exportação no país, como forma de melhorar a economia, o empreendedorismo e a geração de receita a São Tomé e Príncipe. “Temos que ter políticas, juntamente como governo, de criar mecanismos de escoar nossos produtos no exterior”, exemplifica.
Santiago também abordou que os impactos trazidos pelo empreendedorismo podem refletir, ainda, na inovação do turismo, campo no qual, segundo explica, há um potencial para movimentar a economia do país. Ele também apontou que, apesar do governo poder criar mecanismos para incentivar o empreendedorismo, o desenvolvimento desse campo depende muito também de iniciativas da população. “Nosso país muda quando começarmos a mudar a forma de pensar e ter iniciativa”, afirmou. O discente pontuou ainda a necessidade dos empreendedores de criarem estratégias para crescimento dos negócios. “Muitos projetos não são aprovados porque não mostram a viabilidade”, disse.