A participação feminina no mercado de trabalho tem se ampliado nos últimos anos, contudo, as condições trabalhistas e a remuneração ainda têm muito o que progredir. Existem batalhas que são enfrentadas diariamente pelas mulheres como a tripla jornada (trabalhar fora, cuidar da família e de si), lidar com os assédios, a desigualdade de cargos e também salarial.
Alcançar a inserção no mercado de trabalho, consolidar-se e ter perspectivas de crescimento profissional ainda são obstáculos que são encarados pelas mulheres em níveis mais acentuados que para os homens.
A Superintendente da Unidade Estadual do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em Mato Grosso, Millane Chaves, relata sobre os dados coletados pelo Instituto que comprovam a diferença salarial entre os gêneros. Os dados são coletados por meio da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD).
As mulheres trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, combinando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Mesmo trabalhando mais horas e possuindo um nível mais alto de escolarização, a mulher segue ganhando salários menores, diz o estudo de Estatísticas de Gênero, divulgado pelo IBGE.
Millane trabalha no Instituto a vinte anos, mas a oito segue como chefe da superintendência. Além de servidora pública, a economista também leciona em cursos de pós-graduação na Universidade de Cuiabá (Unic) e é especialista nos temas de: gestão de projetos, finanças públicas, políticas públicas, economia do meio ambiente, planejamento urbano e dados socioeconômicos.
“Eu me sinto muito feliz e realizada por ter conseguido conquistar tudo o que conquistei. O que eu mais admiro dentro do IBGE é a nossa autonomia técnica. Nós temos a autonomia de informar dados estáticos com a maior qualidade possível. Somos muito capacitados e gostamos muito do que fazemos”, expressa.
Censo Demográfico
O Censo Demográfico é a pesquisa mais importante do IBGE. É a única forma de obter informação sobre a situação de vida da população em cada um dos municípios e localidades do Brasil. As demais pesquisas domiciliares são levantamentos por amostragem e não alcançam o mesmo nível geográfico, pois não visitam todas as residências do país. Segundo o próprio Instituto, a primeira contagem da população brasileira foi realizada em 1872, ainda durante o Império.
O último Censo Demográfico foi aplicado no país em 2010 e, após os desafios enfrentados pela pandemia que adiou o censo previsto para 2020, iniciou-se o a pesquisa em 2022. A Superintendente relata que uma das principais dificuldades de realizar a pesquisa em Mato Grosso é grande extensão territorial do estado.
“Eu costumo dizer que aqui são feitos três censos. O censo demográfico, o censo nos territórios indígenas e no Pantanal. É um dos estados com maior dificuldade de ser feita uma operação tão grande. São mais de um milhão de domicílios. Fazer o Censo em Mato Grosso é um desafio”, revela.
De acordo com a Superintendente Millane, a coleta de dados foi finalizada no dia 28/02.
Por: Victória Oliveira