CareGaps Mama alerta as pacientes por mensagens via WhatsApp, lembrando de marcar o acompanhamento com seu médico. Projeto-piloto gerou um aumento de 98% nas chances de fechamento do ciclo de acompanhamento dessas pacientes
O uso da inteligência artificial já é realidade na prevenção ao câncer de mama no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com o CareGaps Mama. Trata-se de uma plataforma tecnológica que usa inteligência artificial para lembrar as pacientes de marcar o acompanhamento com seu médico e, caso necessário, realizar os exames da mama.
A tecnologia foi desenvolvida pela equipe do datalab – laboratório de dados – do hospital. A partir do banco de dados de pacientes, o algoritmo seleciona as mulheres que anteriormente realizaram exames de imagem, como mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética, e faz o contato em caso de alguma alteração nos resultados. Os lembretes são enviados como uma mensagem via WhatsApp.
Segundo Daniela Giannotti, radiologista de mama e coordenadora do grupo de diagnóstico de imagem da mama do Sírio-Libanês, a ideia do projeto surgiu em 2019 e veio da percepção de que nem sempre os pacientes retornavam no tempo recomendado.
“Para você ir atrás desses casos, sem a tecnologia, seria preciso abrir cada um dos prontuários, checar, depois cruzar as informações para ver se o paciente retornou. Então, seria um trabalho impossível de ser feito à mão”, reforça Daniela, em entrevista a Época NEGÓCIOS.
Potencializando a medicina preventiva
Com a solução pronta, o hospital realizou um projeto-piloto de fevereiro a junho deste ano, a partir da base de 2.988 pacientes identificadas com BI RADS 3 (que compreendem os nódulos circunscritos provavelmente benignos).
Foram enviadas mensagens para 927 pacientes, que não haviam retornado para fazer o acompanhamento anual recomendado. Os resultados até agora são muito animadores. “Os alertas enviados geraram um aumento de 98% nas chances de fechamento do ciclo de acompanhamento dessas pacientes”, afirma a especialista.
Com os resultados promissores, o Sírio-Libanês pretende escalonar o uso da tecnologia para outras modalidades diagnósticas, especialmente as que fazem rastreamento, como para tireoide, pulmão e abdômen.
Outras aplicações de IA
Essa não é a única tecnologia de IA usada pelo hospital para melhorar a qualidade do atendimento ao paciente. O Sírio-Libanês desfruta dos benefícios da tecnologia desde 2018. Daniela ressalta que, na radiologia, outra ferramenta que se destaca é um software de IA para acelerar o tempo de exames de ressonância magnética. “A tecnologia não só ajuda na qualidade da imagem, como consegue reduzir em até 50% o tempo que o paciente permanece deitado dentro do equipamento, muitas vezes desconfortável”, diz.
Outras ferramentas de IA usadas pelo hospital incluem a Agenda Inteligente, criada para reduzir o não comparecimento de pacientes em exames de imagem agendados – especialmente os de ressonância magnética. A IA faz cruzamento de informações sobre o paciente e alerta sobre pacientes com risco de não comparecimento, recomendando ao time responsável reforçar o contato com os pacientes para aumentar a presença. Com isso, houve redução em 20% de não comparecimento numa área de alto custo do hospital.
Já o Vita, um chatbot que facilita o acesso a informações sobre cuidado físico e emocional, prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama, transforma a maneira de disseminar conhecimento de qualidade. O chatbot permite que a pessoa tire suas dúvidas de forma prática e rápida, com respostas criadas pela IA a partir de uma base curada por médicos e profissionais assistenciais de São Paulo e de Brasília.
Por Fabiana Rolfini