Com a Inteligência Artificial (IA), é possível processar uma grande quantidade de dados e obter achados de que outra forma poderiam levar anos para serem descobertos. Foi exatamente isso que a Microsoft e parceiros fizeram para descobrir possíveis materiais substitutos para as atuais baterias de íons de lítio.
Na indústria de eletrônicos, as baterias recarregáveis de íons de lítio são as “preferidas” por serem uma boa fonte de energia com um ciclo de vida relativamente longo. No entanto, estão envoltas em inúmeras questões ambientais, como na hora da extração dos componentes, e podem ser difíceis de reciclar — isto é um risco, já que são potencialmente tóxicas. Por isso, novas soluções e propostas são mais que necessárias.
“O desenvolvimento de novas baterias é um desafio global extremamente importante”, afirma Brian Abrahamson, diretor digital do PNNL e um dos responsáveis pela pesquisa, em nota. Afinal, “sintetizar e testar materiais em escala humana é fundamentalmente limitante”, explica.
IA da Microsoft
No novo projeto, pesquisadores da Microsoft Quantum e do Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico (PNNL) recorrem à IA avançada e à computação de alto desempenho (HPC) — um tipo de computação baseada em nuvem capaz de combinar um grande número de computadores para resolver tarefas complexas — para analisar milhões de candidatos em busca de melhorias nas baterias.
Inicialmente, o algoritmo propôs 32 milhões de candidatos, todos materiais inorgânicos. Após uma nova rodada de análise, o sistema de IA selecionou apenas os materiais estáveis. Em seguida, outra ferramenta de IA filtrou moléculas a partir de sua reatividade. Em outra etapa, foram analisados o potencial em conduzir energia.
Dos milhões iniciais, a lista foi reduzida para 18. O mais impressionante é que, segundo os responsáveis, a combinação entre IA e HPC permitiu chegar a essa lista final de materiais mais promissores em apenas 80 horas — pouco mais de três dias.
Entre eles, foi selecionado um novo candidato a eletrolítico para testes adicionais. Este material promissor usa aproximadamente 70% menos lítio do que as baterias de íons de lítio existentes, substituindo parte do metal alcalino por sódio — um composto bastante abundante. Os primeiros resultados são positivos.
Mais aplicações
Vale explicar que a atual pesquisa abre precedentes para outras inúmeras aplicações, podendo facilitar a análises e descoberta de novos materiais na área da saúde até a construção civil. Inclusive, através de outras IA, cientistas já começaram a testar medicamentos desenvolvidos com o apoio de máquinas. Estas foram fundamentais na fase de seleção dos possíveis componentes.
Fonte: Canal Tech