A segunda maior empresa de energia dos Estados Unidos, a Duke Energy Corporation, está interessada em operações de mineração de Bitcoin. Segundo o analista-chefe da organização, Justin Orkney, um estudo realizado em parceria com mineradores da criptomoeda analisou a demanda do processo no setor energético, e revelou que a atividade é benéfica do ponto de vista do aproveitamento energético.
Orkney falou sobre o assunto durante a participação em uma entrevista, para um jornalista independente que comanda um podcast apresentado em diversas plataformas da internet. Eles discutiram vários temas, um deles foi a questão do ramo de mineração do Bitcoin. Na conversa foi destaque principalmente como o processo pode ajudar a estabilizar a rede elétrica durante períodos de superprodução energética ou pico de consumo.
O analista-chefe da Duke Energy Corporation explicou que a organização enxerga o setor e a parceria com os mineradores como uma grande oportunidade, mas destaca que ainda está estudando a ideia. “Estamos realizando nossos próprios estudos sobre a mineração de Bitcoin, buscamos uma adaptação flexível da atividade de minerar criptomoedas para a quantidade de energia disponível na rede, especialmente em períodos de superprodução ou de alta demanda.”
Segundo Orkney, a mineração de Bitcoin pode ser extremamente benéfica do ponto de vista de aproveitamento energético, ele também revelou que já está trabalhando com diversas empresas do setor e que esses mineradores se juntaram voluntariamente ao programa de testes da empresa.
Ele explicou que a fase de testes consiste com os mineradores em certos horários e períodos do ano desligando as máquinas, de modo a adaptar o consumo do processo de mineração ao estado da rede energética.
Mineração de Bitcoin é benéfico para o setor de energia
O processo de mineração de Bitcoin, segundo Orkney é uma maneira incrivelmente eficiente de controlar a energia. O maquinário dos mineradores pode manter o mesmo consumo durante todo o dia, mas também, se necessário, pode ser paralisado rapidamente quando outro serviço essencial precisar de energia durante um período de pico de carga, por exemplo. Quando a demanda diminui, as máquinas podem ser ligadas novamente.
Para o analista-chefe da Duke Energy Corporation, isso é extremamente benéfico no caso dos Estados Unidos. Segundo ele, a maior parte do sistema de energia, transformadores e cabos tem mais de vinte anos. Os mineradores podem equilibrar as flutuações, explicou.
“Durante as horas de pico de consumo, eles reduzem sua produção, mas quando a demanda da rede diminui, as máquinas são religadas para que a produção de eletricidade não precise ser alterada. Desta forma, sistemas de fornecimento de energia ainda menos confiáveis podem ser usados de forma mais estável.”
Não é só a Duke Energy Corporation que demonstrou interesse pela mineração de Bitcoin, outras gigantes do setor de energia e gás como Exxon Mobil, Equinor, La Geo e Conocophillips também já declararam estar interessadas.
Mineração de Bitcoin é ruim para o meio ambiente?
Nos últimos dois anos, a mineração de Bitcoin recebeu muitas críticas. Segundo os opositores, o consumo de energia do processo é muito alto. Contudo, especialistas já revelaram que os números divulgados em alguns estudos são provavelmente exagerados.
Em um estudo publicado em 16 de junho, a mineração de Bitcoin tem um consumo 50 vezes menor de energia do que todo o sistema bancário tradicional. Além disso, Daniel Batten, analista ambiental, publicou um relatório apontando que a mineração seria capaz de consumir uma grande quantidade de metano, que, de outra forma, seria liberado na atmosfera e que nenhuma outra tecnologia poderia fazê-lo melhor.
O estudo de Batten mostra que o Bitcoin tem potencial de eliminar 0,15% das emissões globais de CO2-eq até 2045. Com isso fica cada vez mais claro baseado em estudos e opiniões de especialistas que a mineração do Bitcoin talvez não seja assim uma atividade tão ruim para o meio ambiente — o ideial é encontrar maneiras de equilibrar seu uso energético em otimizar suas vantagens.
Por Diego Marques