quinta-feira,19 setembro, 2024

Gestores precisam definir propósito de tecnologia na escola a partir de escuta ativa

Entender a inovação como um processo de metamorfose. Assim a diretora geral do Colégio Rio Branco, Esther Carvalho, define como a escola se adapta às mudanças nos processos administrativos, pedagógicos e na unidade como um todo. Integrante do Programa das Escolas Associadas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que reúne 11 mil escolas públicas e particulares de todo o mundo, o Rio Branco – uma das instituições mais tradicionais da cidade de São Paulo – tem como uma de suas prioridades a construção da cultura da paz e o alinhamento às diretrizes da Agenda 2030. Também é considerada, assim como as demais unidades do programa, como um laboratório de ideias.

O debate sobre novidades, incluindo as atualizações tecnológicas, envolve outras vozes além da liderança. “Somos uma escola com um legado de 76 anos e, a partir dele, nós nos desenvolvemos. Isso impacta a própria natureza da inovação: quando se fala no assunto, às vezes se pensa em algo disruptivo, e eu acredito muito na inovação incremental, aquela que vai construindo um processo consistente, sustentando os objetivos. Acreditamos que inovar não é algo milagroso que acontece de uma hora para outra”, explica Esther.

Para a gestora, especialista em tecnologias interativas aplicadas à educação, com mestrado em novas tecnologias em educação, a adoção de recursos digitais só tem sentido se proporcionar novas formas de aprender e de ensinar. E é preciso bom senso na escolha dessas ferramentas: devem ser realmente efetivas para a gestão e para a comunidade escolar.

“Costumo dizer que é muito fácil ser absorvido por aquilo que chamo de ‘vitrine de modernidades’, ligada à muita tecnologia, com muitos recursos. Acho que um desafio importante para o gestor é separar a novidade da inovação. E ouso dizer que, em geral, a escola costuma ser mais novidadeira do que inovadora”, comenta, em referência ao modelo de escola que se conhece, que carrega mais de 150 anos e, segundo ela, ainda está impregnado na alma de muitos que atuam na área.

“O primeiro processo de transformação passa por essa compreensão. Às vezes você tem salas incríveis, mas a aula continua focada no professor. Às vezes você tem recursos novos e interessantes, mas que são usados como qualquer livro didático. É muito importante, portanto, entender para que serve essa inovação, com qual objetivo é pensada”, afirma Esther. Ela sugere o debate, a escuta ativa e o espaço sempre aberto às perguntas para direcionar o trabalho das lideranças escolares e evitar eventuais atritos durante as implantações.

Voz coletiva
Ex-aluna e ex-professora do Rio Branco, Esther está à frente da direção geral do colégio há 15 anos. E ela não se esquece de uma mudança recente, que impactou positivamente toda a estrutura escolar.

“Até 2017, eu contava com um assessor pedagógico, uma figura muito importante, que saiu da escola naquele ano. O que eu fiz? Fui buscar na sala de aula os professores para pensarmos a escola juntos. Eles passaram a ser coordenadores de projetos. São figuras brilhantes, que ajudam a pensar o currículo, pensar a escola, mas com a perspectiva da sala de aula”, relembra.

No que se refere à implementação de tecnologia como recurso estratégico, em 2020 o colégio passou a contar com uma plataforma pedagógica digital voltada à aprendizagem baseada em projetos, com trilhas para os estudantes e funcionalidades para os professores. A aquisição, que apoiou o planejamento e as atividades durante os dois anos de pandemia, segue em uso na volta ao ensino presencial.

“Costumo dizer que vivemos, ao menos, uns cinco modelos de escolas nesse período (de distanciamento social). Mas conseguimos enfrentá-lo com uma musculatura pedagógica diferente”, diz, referindo-se ao apoio fundamental das ferramentas digitais durante as aulas remotas.

Fonte: Porvir

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