É fato que as mulheres estão cada vez mais presentes no agronegócio. Segundo dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres dirigindo propriedades rurais no Brasil alcançou quase 1 milhão. No entanto, ainda existem inúmeras diferenças que precisam ser superadas. Ser mulher e estar presente nesse meio já não é algo simples, agora imagine falando sobre sustentabilidade? Soa mais complicado ainda.

Empenhada em exemplificar a força, a coragem e o potencial da mulher, a Gerente de Sustentabilidade Socioambiental da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Marlene Lima, relata sobre a sua carreira enquanto gestora ambiental. A profissional, que emana confiança, mostra que as mulheres podem e devem ser protagonistas de suas próprias histórias.

A Aprosoja é uma entidade representativa de classe sem fins lucrativos, constituída por produtores rurais ligados às culturas de soja e milho de Mato Grosso. Seu objetivo central é unir a classe, valorizando-a. Já a missão do setor de sustentabilidade consiste em realizar e apoiar projetos que contribuam para a melhoria da gestão, aumento da rentabilidade, da performance socioambiental e a diminuição dos riscos na atividade agrícola.

Formada em engenheira florestal pelo Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Marlene atua na Aprosoja há cerca de 14 anos, mas passou pela Sema, Ibama e diversas empresas privadas.

“Quando eu era criança, antes mesmo de saber ler e escrever, eu já sabia que queria ter um diploma. As condições durante a minha infância não eram muito favoráveis para isso, eu morava na zona rural, muito longe da escola, por isso acabei ficando muito tempo afastada dos estudos. Acredito que isso fez com que essa vontade crescesse ainda mais dentro de mim. Com 15 anos surgiu a oportunidade de vir para Cuiabá, foi quando eu voltei estudar. Sempre estudei e trabalhei. Após me formar larguei tudo que eu tinha aqui na capital e fui sozinha para o interior do estado para trabalhar”.

Marlene Lima. Foto: Eloisa Borges

De acordo com Marlene, ser mulher, ser do agro e lutar pela pauta de sustentabilidade não é uma tarefa nada simples. Ela afirma que é preciso ter perseverança, quebrar paradigmas e fazer com que as pessoas acreditem em seu trabalho.

“Um líder da área da sustentabilidade precisa ter coragem”, expressa.

Iniciativas sustentáveis
“Quando falamos de sustentabilidade nós temos que envolver os pilares fundamentais, que é o ambiental, social e econômico. Fiz algumas especializações na área do direito e gestão de pessoas também. Recentemente também fiz um curso da ODS pela Organização das Nações Unidas. Estou sempre procurando me capacitar cada vez mais. Eu sinto verdadeira paixão pelo que faço”, diz Marlene.

A engenheira comenta sobre algumas das práticas que lidera na Associação, uma delas é o Soja Legal. Segundo ela, o Soja Legal trata-se de um programa de melhoria contínua oferecido sem custo para o produtor rural. Ele prepara o produtor para atender as demandas de forma mais sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental. Também tem o objetivo de contribuir para a conservação dos recursos naturais, da governança das atividades produtivas e do bem-estar social de trabalhadores, produtores rurais e comunidades locais.

O programa já foi reconhecido pela Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Ele capacita gratuitamente o produtor rural distribuindo cartilhas e promovendo cursos sobre saúde e segurança no trabalho, adequação de construções rurais, novo código florestal, dias de campo em fazendas modelo e visitas técnicas para monitoramento de indicadores de desempenho.

Outra iniciativa é o Guardião das Águas, um programa desenvolvido em parceria com o Instituto Ação Verde, que visa orientar e apoiar o produtor na manutenção, preservação e restauro das nascentes em Mato Grosso.

“Eu penso muito no outro. A sustentabilidade é isso. Eu, por exemplo, penso muito na minha filha. É preciso estar atento ao que nós fazemos pode causar na sociedade. É preciso olhar para um todo, pensando no que iremos deixar para as futuras gerações”, finaliza Marlene.

Texto: Victória Oliveira

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