A CPI da Covid está recebendo esta manhã o gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo. O executivo confirmou à Comissão Parlamentar de Inquérito que o governo brasileiro não aceitou, entre agosto e setembro do ano passado, contratos oferecidos pela empresa que previam fornecimento de 1,5 milhão de doses da vacina ainda em 2020, de um total de 70 milhões.
Ontem, à CPI, o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten disse que a Pfizer encaminhou em setembro carta ao governo brasileiro, que levou 2 meses para responder. Para a CPI, a carta da Pfizer confirma que o governo Bolsonaro não priorizou compra de vacinas, que poderiam ter salvo milhares de vidas.
Ele começou seu depoimento informando que o primeiro contrato com o governo brasileiro foi assinado apenas em 19 de março de 2021. A contratação prevê a entrega de 100 milhões de doses para o 4º trimestre, ou seja, no final do ano. Murillo disse que agora, está na fase final de negociação para a assinatura de um segundo contrato, para mais 100 milhões de doses, com entrega prevista também para o 4º trimestre.
Carlos Murillo afirma que as primeiras reuniões sobre a vacina começaram há exatamente um ano, no mês de maio de 2020. “A negociação em si foi com o Ministério da Saúde, mas também tivemos contato com outras agências governamentais”. O executivo da farmacêutica diz que também teve contatos com o Ministério da Economia e com a secretaria de Comunicação, de Fabio Wajngarten, com senadores e deputados como o presidente da Câmara, Arthur Lira.
“Começamos as reuniões em maio e junho. Foram reuniões iniciais e exploratórias. Como resultados, no mês de julho, fornecemos uma expressão de interesse, em que resumimos as condições do processo que a Pfizer estava realizando em todos os países no mundo”.
“Tivemos outras reuniões no mês de agosto. Em 6 de agosto, o ministério manifestou interesse. Em 14 de agosto, fizemos nossa primeira oferta – de 30 milhões de doses e de 70 milhões de doses. O cronograma de entrega era o final de 2020 e inicio de 2021”.
“Em 26 de agosto, fizemos uma terceira oferta (por 30 e 70 milhões de doses), mas tínhamos conseguido mais doses para o final de 2020”.
Carlos Murillo diz que carta foi enviada a Bolsonaro e outras autoridades em 12 de setembro. A carta foi dirigida a Bolsonaro, Mourão, Braga Neto, Pazuello, Paulo Guedes e Nestor Forster (embaixador do Brasil nos Estados Unidos).
“Nossa oferta de agosto tinha uma validade de 15 dias. Passados esses 15 dias, o governo nem aceitou, nem rejeitou a oferta. […] Não tivemos resposta positiva, nem negativa”.
Com informações da Agência Senado