Da posição das orelhas ao tamanho das pupilas, pesquisadores examinaram como os felinos se expressam enquanto interagem uns com os outros
Em comparação com os cães, os gatos tendem a ser mais sutis na forma como se expressam, às vezes com um simples movimento de orelha ou curvar de bigodes. Poucos estudos tentaram decodificar a misteriosa vida emocional desses animais, mas uma pesquisa, publicada em outubro na revista Behavioral Processes, revelou que os gatos são bem mais expressivos do que a gente imagina, informa a Smithsonian Magazine.
“Muitas pessoas ainda consideram os gatos – erroneamente – uma espécie em grande parte antissocial”, disse Daniel Mills, veterinário comportamentalista da Universidade de Lincoln, que não esteve envolvido no estudo. “Há claramente muitas coisas acontecendo das quais não temos conhecimento.”
Para coletar dados sobre os gatos, a pesquisadora Lauren Scott, do Centro Médico da Universidade de Kansas, frequentou um café para gatos em Los Angeles durante um ano e gravou vídeos de interações entre 53 indivíduos, todos adultos de pelo curto doméstico, entre machos e fêmeas. Ao todo, foram 194 minutos de imagens com 186 interações.
Lauren e sua coautora, a psicóloga evolucionista Brittany N. Florkiewicz, do Lyon College, analisaram os sinais faciais dos gatos e identificaram 276 expressões compostas por uma combinação de 26 movimentos faciais, incluindo mudanças na posição das orelhas, piscadas, lambidas no nariz e movimentos dos bigodes e da boca. (Em comparação, os humanos fazem cerca de 44 movimentos faciais e os cães têm 27.) De todas as expressões, cerca de 45% (126) foram categorizadas como amigáveis, 37% eram agressivas e 18% eram ambíguas.
“Essas descobertas mostram que é bom olhar para as orelhas, olhos e bigodes de um gato para entender se eles estão se sentindo amigáveis”, disse Florkiewicz. “A boca deles fornece muitas informações sobre a probabilidade de uma briga de gatos. As pessoas podem pensar que as expressões faciais dos gatos servem para alertar outros gatos e pessoas, mas isso mostra o quão sociáveis e tolerantes os gatos de estimação podem realmente ser.”
O estudo não decodificou exatamente o que cada expressão significa, mas as cientistas detectaram alguns padrões: os gatos tendiam a mover as orelhas e bigodes uns para os outros durante interações amigáveis e a afastar-se durante interações hostis. Em encontros hostis, os animais frequentemente estreitavam as pupilas e achatavam as orelhas.
O estudo pode ser usado para ajudar os humanos que adotam gatos a encontrar um que tenha maior probabilidade de se dar bem com os animais de estimação existentes, ou pode ajudar os donos de animais a entender melhor seus companheiros felinos, disse Florkiewicz. “Nosso estudo demonstra que a comunicação dos gatos é mais complexa do que se supunha anteriormente.”
Fonte: Redação, Um Só Planeta
