Em um dos nossos artigos sobre o tema, destacando o Futuro da Inteligência Artificial: impactos nos modelos de trabalho, discutimos sobre o potencial da tecnologia e suas diferentes linguagens e modalidades, e de que forma elas poderiam influenciar diferentes áreas profissionais.
A intenção deste artigo, no entanto, é aprofundar ainda mais a reflexão sobre o futuro do trabalho. Desta vez, você poderá entender de que forma essa e outras tecnologias emergentes estão transformando radicalmente vários segmentos e carreiras.
A seguir, acompanhe os pontos levantados a partir de uma extensa pesquisa conduzida pelo Fórum Econômico Mundial.
Futuro do trabalho: dados para entender as mudanças que virão
O estudo The Future of Jobs Report 2023, conduzido pelo Fórum Econômico Mundial, apontou uma série de dados estatísticos que comprovam o potencial transformador da Inteligência Artificial nos negócios. E, consequentemente, nas carreiras.
Estima-se que 23% das vagas e empregos passarão por uma transformação em um prazo de 5 anos, mais especificamente até 2027.
Ainda que um dos grandes temores alardeados geralmente esteja associado à possibilidade de extinção de empregos — o que infelizmente provavelmente vai acontecer — a expectativa é de que a IA irá gerar novos postos de trabalho: 69 milhões deles.
Grande parte dessas novas posições de trabalho estão relacionadas ao uso e manejo do big data: é o que acreditam 65% dos líderes das organizações que participaram da pesquisa.
Além desse recurso tecnológico, a IA passará a ser adotada em 75% das empresas pesquisadas; 50% delas acreditam que a tecnologia vai aumentar empregos, enquanto para 25% seu uso acarreta a eliminação de uma parcela deles.
Setores e posições em alta e em baixa
O movimento voltado para a busca por sustentabilidade e a transição verde igualmente vão potencializar o crescimento líquido de empregos. Contudo, a previsão é de que haja um crescimento econômico mais lento em diversas economias, relacionado a fatores como descontrole da inflação e escassez de oferta de trabalho.
Setores como educação, agricultura e comércio digital serão os que mais vão demandar vagas para pessoas que dominem o uso da IA em suas rotinas laborais. Para este último segmento de mercado, aguardam-se 2 milhões de novas funções, tais como de especialistas em comércio eletrônico e em transformação digital, além daqueles que tiverem expertises relacionadas à marketing e estratégias aplicadas ao meio digital.
Por outro lado, entre as funções apontadas como em declínio, sobretudo pela expansão da digitalização dos processos, estão aquelas de natureza administrativa, secretariado, além de quem ocupa funções relacionadas a caixas, notadamente os de bancos. Apenas um terço das tarefas (34%) são automatizadas, o que corresponderia a 1% acima do que foi previsto em 2020 sobre o mesmo tema.
E para combater tais pontos, a qualificação profissional é uma necessidade. É a partir dela que, ao se desenvolverem profissionais com expertise em IA e aprendizado de máquina — notadamente os analistas de inteligência e de segurança da informação — a oferta de empregos aumentará.
O estudo conduzido pelo Fórum Econômico Mundial contou com a participação de 803 empresas, as quais concentram uma força de trabalho na casa dos 11,3 milhões de trabalhadores de 27 setores diferentes, localizadas em 45 economias em todo o mundo. O saldo anteriormente informado de 69 milhões de novos empregos e 83 milhões eliminados fazem parte de um total de 673 milhões de vagas existentes.
Ainda que o número referente aos possíveis postos de trabalho que serão substituídos possa assustar, os analistas entendem que a redução líquida de empregos será de 14 milhões, o que corresponderia a 2% da quantidade atual de postos de trabalho.
Essa rotatividade no mercado de trabalho se dará, sobretudo, pelo impulso nos próximos anos na adoção de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA). E, a partir dela, o aumento da digitalização.
Educação: fator para frear a eliminação de empregos com o avanço da IA
O investimento em educação, requalificação e apoio social são a base para que o uso cada vez mais crescente de tecnologias emergentes como a IA não engulam parte da força de trabalho. Foi o que apontou Saadia Zahidi, diretora administrativa do Fórum Econômico Mundial, em depoimento quando da divulgação do mesmo estudo.
Assim sendo, as áreas consideradas mais promissoras e que vão demandar uma oferta maior de vagas são as de:
- especialistas em aprendizado de máquina de IA;
- profissionais de segurança cibernética;
- analistas e cientistas de dados;
- especialistas em big data.
O estudo destacou que tais cargos tenham uma média de 30% de novos postos até 2027. Porém, para que isso aconteça, da parte das organizações é preciso reforçar suporte aos seus funcionários, por meio de treinamento com foco em IA e big data. E, entre os entrevistados, tal compromisso será estabelecido por 42% deles.
Entre as lideranças entrevistadas, um denominador comum apontado foi de que 6 em cada 10 trabalhadores deverão passar por algum tipo de qualificação profissional. Em percentual, o estudo indicou que 44% das habilidades precisarão passar por atualizações.
E o investimento feito a partir das próprias organizações na qualificação profissional é visto com esperança de retornos rápidos. Entre as fontes consultadas, dois terços acreditam que o retorno sobre o investimento em tal área ocorrerá dentro de um ano.
Habilidades performadas por humanos seguem em evidência
Ainda que o uso da tecnologia seja considerado precioso, algumas capacidades até então performadas de forma diferenciada pelos humanos seguem em alta. É o caso do pensamento analítico (48%) e do pensamento criativo (43%).
Embora recursos como a IA generativa já despontam como promessas para avançar em tais frentes, o fator emocional presente nos humanos contribui para que essas habilidades sejam mais facilmente reproduzidas por pessoas.
Além dessas, questões relacionadas ao raciocínio, à comunicação e à coordenação provavelmente serão consideradas como atualizações a serem feitas nas máquinas, podendo ser automatizáveis em um futuro próximo.
É o que vem sendo mostrado com inovações como o Suno AI, um dos vários Generative Pre-trained Transformer (GPT) ou transformador pré-treinado generativo criados. Ultimamente, a aplicação é usada para criar músicas autorais a partir de descrições por texto. Mas, o que chama a atenção é o fato de os algoritmos utilizados performarem as vozes humanas de forma realista. Ou seja, o fator comunicação falada já está sendo empregado na IA, mesmo que dependa da iniciativa de pessoas para tanto.
Transição verde impulsionará novos empregos
A crescente preocupação de nações sobre temas como aquecimento global pode, na mesma medida, impulsionar a geração de empregos. O relatório do Fórum Econômico Mundial igualmente sugere que a conscientização está fomentando a transformação do mercado de trabalho.
Tanto é que a busca por alternativas que gerem energia renovável já destaca a necessidade da atuação de engenheiros especializados em energia, bem como daqueles que tenham expertise na área de sistemas e especialistas em instalação de energia solar.
Além disso, também figuram na lista de novos empregos posições como especialistas em sustentabilidade (33%) e profissionais de proteção ambiental (34%), ambas funções relacionadas a cerca de 1 milhão de postos de trabalho.
Educação e agricultura também demandam mais empregos em razão da transição verde. No primeiro segmento, prevê-se 3 milhões de empregos, em especial professores de educação vocacional e de Ensino Superior. Já no segundo setor, operadores de equipamentos agrícolas, niveladores e separadores vão corresponder a um total de 4 milhões de empregos.
8 habilidades para desenvolver e se destacar no futuro do mercado
A partir do estudo, observa-se que há, sim, uma luz no fim do túnel após o advento das tecnologias emergentes. E que novos empregos existirão. Mas, para tanto, buscar qualificação é primordial, principalmente o aperfeiçoamento das habilidades humanas.
A seguir, confira algumas delas e saiba como desenvolvê-las, seja em você, seja em seu time de liderados.
1. Inteligência emocional
Sem sombras de dúvidas, a inteligência emocional, que inclui habilidades como autoconsciência, autogerenciamento, empatia e habilidades sociais, será cada vez mais valorizada.
Essa habilidade é dotada, especialmente, da autoconsciência, a qual consiste em identificar e compreender suas próprias emoções. É prudente, portanto, atentar-se aos pensamentos, sentimentos e reações em diferentes situações.
Assim sendo, a prática da auto-observação pode ser obtida por meio de meditação, da manutenção e escrita de um diário de emoções ou simplesmente reservando um tempo para refletir.
Depois, uma vez que se está ciente das próprias emoções, deve-se trabalhar no controle e na regulação delas. Aqui, vale desenvolver habilidades como lidar com o estresse, gerenciar impulsos, adotar uma abordagem proativa para resolver problemas e manter a calma em situações consideradas desafiadoras, seja por você, seja por terceiros.
Outro fator importante para potencializar a inteligência emocional é desenvolver empatia. Na prática, potencializar tal habilidade significa ser capaz de entender e de se colocar no lugar dos outros.
E para que a empatia seja uma realidade, é fundamental ouvir ativamente e prestar atenção às emoções e perspectivas das pessoas ao redor. Ao fazer isso, de quebra se constroem relacionamentos mais fortes, além da melhora na comunicação interpessoal.
2. Habilidades sociais
A inteligência emocional também inclui habilidades sociais, como comunicação eficaz, trabalho em equipe, negociação e resolução de conflitos.
Todas elas são habilidades puramente sociais. Para alcançá-las, vale construir e manter relacionamentos saudáveis, demonstrando a já citada empatia, além de boas doses de compreensão e respeito pelos outros.
E tudo deve ser feito de modo contínuo. Portanto, é necessário estar aberto ao feedback e disposto a aprender com suas experiências, boas ou más. Sempre que possível, vale reservar um tempo na rotina para identificar áreas com potencial de melhoria, trabalhando ativamente para desenvolver essas habilidades.
3. Gestão do próprio tempo
Outro fator que, apesar de não estar diretamente ligado à inteligência emocional, porém que ajuda a potencializá-la, é gerenciar seu tempo. Na prática, é a forma com a qual se reage às situações para estabelecer limites saudáveis entre trabalho e vida pessoal.
A medida é fundamental para ampliar a sensação de bem-estar emocional, o autocuidado e a busca de um equilíbrio saudável entre as responsabilidades existentes.
4. Resolução de problemas
Essa habilidade consiste em, em vez de reagir impulsivamente a desafios ou conflitos, parar, analisar e, na sequência, abordar os problemas de forma construtiva e proativa.
Para tanto, é preciso ter a capacidade de encontrar soluções eficazes e trabalhar em colaboração com os outros para alcançar metas em comum.
5. Adaptabilidade e flexibilidade
Contudo, cada um desses pontos só consegue ser bem desenvolvidos quando se está aberto a mudanças. O que, por sua vez, implica em criar uma habilidade de se adaptar rapidamente a novas tecnologias, ambientes de trabalho e demandas do mercado.
Ao investir nessas duas frentes, a pessoa terá à disposição duas das principais ferramentas e diferenciais humanos para se adaptar à nova realidade do futuro do trabalho.
6. Habilidades digitais
Ainda que digam respeito ao uso das tecnologias propriamente ditas, não deixa de ser uma forma de se autodesenvolver. Aqui, incluem-se familiarização com software de produtividade, análise de dados, automação de processos e compreensão básica de linguagens de programação.
Cada uma dessas ferramentas e técnicas pode ser aprendida e aperfeiçoada com o passar do tempo, especialmente quando se conta simultaneamente com qualificação profissional. Seja por meio de cursos online, workshops e certificações, seja voltando para os bancos acadêmicos, a fim de obter um novo diploma.
E não precisa ser necessariamente uma graduação para reciclar conhecimento: hoje existem diversas opções de pós-graduação e de especialização voltadas para o uso das novas tecnologias.
7. Habilidades interpessoais
A Inteligência Artificial até pode automatizar tarefas técnicas e repetitivas, mas as habilidades humanas, como comunicação eficaz, colaboração e liderança, continuarão sendo requisitadas.
Para tanto, é útil manter uma rede sólida de contatos profissionais. Por meio do networking, é possível abrir portas para oportunidades de emprego, colaborações e desenvolvimento de habilidades, inclusive as mencionadas antes.
8. Mentoria e aconselhamento profissional
Pedir ajuda não é demérito para ninguém. Portanto, caso esteja precisando de uma força extra, um caminho é encontrar profissionais que façam orientação para fornecer insights valiosos sobre as tendências do mercado de trabalho.
Além disso, por meio de mentorias, pode-se obter orientação sobre o desenvolvimento de habilidades que convergem para seus objetivos de carreira.
Ainda que não seja uma habilidade propriamente dita, o ato de explorar oportunidades para empreender e criar negócios que possam se beneficiar da Inteligência Artificial e da transformação digital ajudam nesse contexto.
Ficar atualizado com as últimas tendências em automação pode antecipar e preparar você para mudanças no mercado de trabalho.
Hub de inovação: ambiente para se manter aberto ao futuro do trabalho
Uma parte considerável das habilidades que podem e devem ser desenvolvidas para acompanhar a evolução do mercado de trabalho podem ser aprendidas ao participar de um hub de inovação. E entre os vários existentes está o Cubo Itaú!
O Cubo está localizado na Vila Olímpia, em São Paulo, capital, mas sua atuação não tem fronteiras geográficas, congregando lideranças, colaboradores e investidores tanto do Brasil quanto de outros lugares da América Latina.
E para quem empreende, o hub de inovação é uma ótima forma de encontrar parceiros de negócios, sejam outras startups, corporações ou mesmo investidores.
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