Há 15 anos, a Fundação Amazônia Sustentável atua na região amazônica brasileira. Com projetos embasados nos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU, a instituição conta com programas de educação, geração de renda e infraestrutura, entre outros. De acordo com dados da organização, 14.397 famílias foram beneficiadas por projetos de infraestrutura em 119 comunidades durante o último ano. Enquanto, 21.526 famílias foram impactadas por projetos da FAS no decorrer dos 15 anos de atuação.
“A FAS é uma organização da sociedade civil cujo propósito é ‘Manter a Amazônia viva, com todos e para todos’. O atingimento desse propósito necessita o desenho e a implementação eficazes e eficientes tanto na Amazônia urbana quanto na profunda”, afirmou Valcléia Solidade é Superintendente de Desenvolvimento Sustentável da FAS, responsável pela gestão da superintendência dos programas oferecidos pela fundação, em entrevista para a EXAME ESG.
Em 2018, quando completou dez anos de existência, a fundação – que conta, hoje, com 145 funcionários – conquistou o Certificado de Honra ao Mérito da Assembleia Legislativa do Amazonas, além do Prêmio Melhores ONGs, que também recebeu o mesmo reconhecimento nos anos de 2019 e 2021.
Os primeiros passos
A superintendente explica que tudo começa com a escuta ativa dos territórios a serem impactados pelos projetos por meio de oficinas comunitárias que buscam co-criar soluções – que podem ser expandidas e ampliadas por programas públicos. Os projetos abraçam os temas de educação, empoderamento, renda e empreendedorismo, infraestrutura, conservação ambiental, saúde, pesquisa, desenvolvimento e inovação.
O alinhamento ESG
O processo de diligência da organização segue alguns questionamentos definidos com base nos aspectos ESG (do inglês, meio ambiente, social e governança). O processo tem como fundamentação principal três questionamentos: A alta gestão está alinhada com o ESG?; quais são os projetos que estão alinhados com os princípios ESG? e como funcionam os indicadores e monitoramento desses impactos.
A análise é feita por uma empresa de consultoria e envolve análise de relatórios, entrevistas e outros. “A consultoria independente apresenta ao Conselho de Administração da FAS um relatório, apontando gargalos e pontos de atenção. Ainda no Conselho, representantes da empresa discutem potenciais pontos de atenção. Por fim, o Conselho de Administração da FAS delibera sobre a parceria”, comentou.
Parcerias e a necessidade de investimentos
Solidade descreve como fundamental o papel das empresas e do investimento privado, se empenhando em transformar a curva de destruição em prosperidade na Amazônia. “Isto vai além dos investimentos em compensação ou mitigação dos impactos causados pelas empresas – pois isso é lei. Diversas bolsas de valores, inclusive a B3, remuneram melhor os acionistas que investem em empresas que investem coerentemente em ESG”, comenta.
Segundo a superintendente, se não houver investimento nas pessoas que cuidam da floresta, nenhum projeto ou ação terá êxito. “Devemos ter em mente que os territórios são formados por populações que estão inseridas neles e que tem tradições culturais inerentes aos diversos espaços ocupados por eles. Devemos valorizar a ancestralidade, culturas e costumes para que de fato o legado dessas populações possa continuar existindo”, pontuou Solidade.
Os programas
Os projetos da FAS estão divididos em cinco frentes: Educação, Empreendedorismo, Floresta em Pé, Saúde na Floresta e Soluções Inovadoras. O Programa Floresta em Pé (PFP), por exemplo, auxilia comunidades no manejo e bioeconomia de espécies locais, como o Pirarucu, Cacau e Guaraná. Em 2022, somente, foram contabilizados R$ 7 milhões de faturamento de negócios sustentáveis e, um deles é o cultivo do cacau na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) nas várzeas do Rio Madeira.
Além do apoio da FAS, a ação de cultivo do cacau conta com o suporte do Fundo Amazônia do BNDES para oferecer uma técnica de cultivo do cacau que conserve o solo e gera renda para os agricultores familiares. Este projeto segue alinhado com os ODS 1 (Erradicação da Pobreza), 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável), 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico), 12 (Consumo e Produção Responsáveis) e 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima).
Outro projeto é o Dicara (Programa de Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinhas da Amazônia) que, desde 2014, se propõe a fortalecer a autonomia de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos nas zonas rurais e periféricas de Unidades de Conservação (UC) da região Amazônica. O programa se estrutura em três pontos focais: educação, cidadania e saúde. Assim como o programa Primeira Infância Ribeirinha e o Primeira Infância Amazonense (PIA) que focam em programas de saúde, além disso, a instituição conta com programa para mulheres e homens em diversas frentes.
Na área da saúde, Solidade destaca o projeto SUS na Floresta, que implementou 66 pontos de conectividade que possibilitaram a realização de quase 1080 teleatendimentos em saúde nas comunidades apoiadas pela fundação.
“Se a Amazônia tem esse valor tão importante para o Brasil e o planeta, deve-se considerar que o maior patrimônio são as pessoas que nela habitam e que têm cuidado com maestria do seu ecossistema e sua biodiversidade. Por isso é muito essencial investir nos territórios com infraestrutura social, econômica e ambiental, garantindo qualidade de vida para todos”, conclui Solidade.
Fonte: Exame